Quando era pequeno, lá pelos meus 7 anos assistia muitos filmes policiais. Era fascinado pelo Robocop e não pensava em outra coisa que não fosse vestir uma farda com uma arma na cintura e sair pelas ruas prendendo ladrões. Mas nem sempre as coisas acontecem como gostaríamos. Com 17 anos, estava no meu terceiro ano do ensino médio, sendo massacrado por palavras tão pesadas quanto num elefante: "VESTIBULAR".
Quanto mais se aproximava do fim do ano, mais a pressão aumentava em cima de todos os jovens. Estávamos iniciando o segundo trimestre, é nessa parte em que conto para vocês como minha vida de pura indecisão toma um rumo totalmente diferente do planejado.
Vou começar falando um pouco sobre minha família feliz, somos em cinco. Não vou detalhar todos aqui, apenas apresentá-los. Mamãe chama-se Marta, papai Danilo, meus irmão Manoela, Marcos, eu sou o Marcio. Exatamente sem acento, não tentem corrigir o erro de quem preencheu errado minha certidão de nascimento, seria uma afronta. Estou pensando em várias formas de contar para vocês como é nossa família sem assustá-los, mas já passaram-se 17 anos, nunca achamos uma forma de facilitar esse momento. Somos trigêmeos. Segundo fontes seguras, meus pais claro, eu nasci primeiro, depois Marcos e em seguida Manoela.
Então funciona mais ou menos assim, sou mais concentrado, questionador, metódico, acabo cortando o barato dos meus irmãos. Definitivamente o chato da família, como Manoela sempre diz: Senhor certinho da mamãe.
Marcos sempre foi o largado da casa, não gosta de fazer nada, vive com o celular nas mãos e não gosta de estudar. Suas notas são péssimas, vive trocando de namorada como se fossem roupas íntimas. Não entendo como essas garotas conseguem gostar tanto de um rapaz tão atoa e imprestável.
Manoela apesar de doce, quando quer pode se tornar o pior pesadelo da casa. Nem parece que tem o mesmo tratamento de todos. Em momento age como uma criança de cinco anos quando algo sai diferente do que quer. Nem sempre tenho paciência com suas atitudes infantis. Ainda mais quando está com suas amigas em casa, que são a Joana(highnojo), Daniela (powernojo) e Juliana (meganojo).
Voltando ao que interessa, após nosso aniversário de 15 anos nossos pais tiveram uma longa conversa conosco sobre faculdade, responsabilidades e tudo mais. Minha ficha caiu quase que instantaneamente quando percebi que ser policial seria somente em filme, na vida real iria estudar em uma faculdade, me formar e dar duro para construir uma vida. Ali na mesa sobre o pedido dos meus pais não pensei muito em dizer que carreira iria seguir.
- Direito. - Respondi. O silêncio tomou conta do ambiente e todos me encaravam incrédulo.
O que não esperava era que dois anos depois iria mudar completamente de ideia. Tem um motivo? Com certeza, vou contar para vocês.
Em Setembro do ano anterior a minha decisão, estava tão fissurado em estudar sobre leis para adentrar ao mundo do direito já me adaptando ao que viria pela frente, que não percebi que estava passando mais tempo na biblioteca da escola do que me minha própria casa. Todos estranharam, mas sempre que iam a minha procura encontravam-me lá sentando lendo livro e mais livros de direito.
Um dia senti um cansaço que não era normal, parei de ler um pouco, observei tudo ao meu redor. Surpreendi-me quando vi uma garota sentada em minha mesa. Verifiquei as demais mesas, todas vazias, aquilo me intrigou. Por que aquela garota sentou na minha mesa com tantas livres? Continuei observando-a enquanto lia seu livro concentrada, seu cabelo era cor de cobre longo, estava solto e caia sobre os ombros. Sua pele branca, usava um óculos preto que parecia ter sido moldado para seu rosto delicado. Percebi que sua beleza era natural, não havia nenhum tipo de maquiagem.
- Pensei que nunca iria me notar. - Ela disse de repente sorrindo ao olhar por cima dos óculos com seus olhos verdes.
- Desculpa. Você havia me chamado? Estava tão concentrado que não notei sua chegada. - Respondi ajeitando meus óculos.
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Com a Cabeça no Espaço
Short StoryUm conto de Priscila Sathilio. "Que tamanho tem o universo? O universo tem o tamanho do seu mundo. Que tamanho tem o meu mundo? Tem o tamanho dos seus sonhos." (Augusto Cury)