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O que dizer sobre este cenário?

Lá estava eu, no escritório do pai da mulher que tanto amei e tanto pensei que me amasse. Lá estava eu, em busca de respostas às minha perguntas e de preencher lacunas nas mesmas perguntas. Lá estava eu, em busca da verdade e nada mais que a verdade. Por mais que eu quisesse acreditar tudo o que eu um dia ouvira da boca dela, agora pareciam as palavras de alguém de outra vida, de outro paradoxo, alguém que realmente, em outra vida, foi justa e sincera comigo. Por mais que eu detesta-se ouvir a verdade ao mesmo tempo eu já não podia refugiar-me na ilusão.

Eu já sabia o nome verdadeiro da Vanessa, de facto havia muitas perguntas por fazer mais eu tinha de ser cauteloso e ao mesmo tempo voraz.

-Aonde está a Vanessa? - pergunto.

-Não sei. Ela não voltou para casa ontem. - diz o pai dela.

-Certeza? - pergunto novamente.

-Absoluta. - diz ele.

-Tentaram falar com ela? - pergunto.

-Tentámos mas não deu em nada. Ela não atendeu nem respondeu às nossas mensagens. - diz ele.

-Avisaram a polícia? - pergunto.

Pensando bem, se eles avisassem a polícia provavelmente eu já saberia através do meu pai, mas por outro lado talvez ele nem iria dizer nada. Melhor dar o benefício da dúvida.

-Não. A nossa filha já é crescida, nós não podemos estar sempre atrás dela. - diz ele.

-Pois! - digo revirando os olhos.

-Tal qual quando ela dormia em tua casa sem nos avisar. Talvez esteja na casa de uma amiga. - diz ele.

A Vanessa nunca dormia em casa das amigas. Isso já era comprovado. Mas era caso de perguntar.

-Ela não comentou sobre a surra que levou do Júlio Barradas? - pergunto.

Aquilo pareceu deixar ele um pouco chocado e ao mesmo tempo atrapalhado pois ele começou a coçar a barba sem parar antes de responder.

-Uhm... eu... não sabia. - diz ele.

Ele sabia sim. E havia algo mais aí.

-A conversa é séria Sr. Mayor, e talvez a Vanessa esteja em perigo por causa do passado dela. Sê um bom pai e começa a falar. - digo.

-Eu sabia sim. Quer dizer sabia porque a minha mulher me contou mas há algo ainda mais estranho. - diz ele.

-O quê?! - pergunto.

-O pai biológico dela. - diz ele.

-O que tem ele? -pergunto.

-Há uns anos eu tentei investigar quem era só que não deu em nada pois não havia nem um sinal dele. E coloquei de fora a possibilidade de ser o Júlio porque eu falei com a própria Yolanda e ela afirmou que não era ele. - diz ele.

-Então...? - pergunto.

-Se tu queres mesmo resolver esse assunto e saber por quê ela está em perigo tens de saber quem é o pai biológico e quem realmente quer magoar ela. - diz ele.

-Mas por quê que não pressionaste a Yolanda sobre quem era o pai dela? - pergunto.

-Por quê na altura notei que ela parecia temer o pai biológico da Vanessa e por outro lado não havia assim tanto interesse, como agora, em saber quem era. - diz ele.

-E voltamos a estaca zero. - comentei.

-Não propriamente. - diz ele.

-Como assim? - pergunto.

-Encontra a Vanessa e tenho a certeza que os dois juntos vão conseguir descobrir tudo. - diz ele.

-Será como encontrar uma agulha no palheiro. - digo.

-Por amor vamos até ao fim do mundo. - diz ele.

-Não é mais amor, apenas quero estar com a consciência limpa. - digo.

Fui embora depois de mais algum tempo de "perguntas e respostas" , eu tinha de começar a trabalhar, pois ainda havia um navio por apanhar.

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-Nem acredito que ela fugiu. - diz o Augusto.

-Calma, não é fim do mundo. - diz o Zheng.

-Claro que não é o fim do mundo! Apenas vão mandar nos matar por ela ter fugido! - diz o Augusto aos gritos.

-Porquê? - pergunta o Zheng confuso.

-Tu não conheces o chefe. Ele detesta falhanços. - diz o Augusto.

-Eu resolvo isso com ele. - diz o Zheng.

-Existem muitas histórias de quem falhou serviços e acabou morto. - diz o Augusto.

-Pontas soltas. - diz o Zheng.

-Exacto! - diz o Augusto.

-Então não te preocupes. - diz o Zheng.

De repente o telefone toca e para o nervosismo do Augusto... ele diz:

-É o chefe!

-Dá cá o telefone. - diz o Zheng.

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PEDRO: Então ela apareceu?

MARCOS: Não, fiquei só na expectativa.

PEDRO: Eu bem que te avisei.

MARCOS: Está bem, não precisava lembrar.

PEDRO: Na boa, quer sair?

MARCOS: Não posso, preciso pensar numas coisas.

PEDRO: Sem problemas, só não deixe essas "coisas" amolecer o teu cérebro.

MARCOS: Nunca!

PEDRO: Depois passo pelo tua casa, prometo não te deixar na mão kkkkkkkk.

MARCOS: Muito engraçado :-(

Apanhei um táxi e fui directo para casa. No caminho pensei num milhão de possibilidades de como eu poderia achar o pai biológico de Vanessa, é que aquilo já começava ficar cada vez mais intrigante. Não interessava o fim dessa história toda, não interessava quem seria a próxima vítima de quem quer que estivesse por detrás da morte da Teresa, mas uma coisa era certa, o meu pai biológico de Vanessa indicava ser a chave daquela história toda. Talvez aquilo fosse consequência dos seus actos do passado e que agora voltaram com toda força mas eu estava disposto a encontrar a Vanessa e tirar aquela história toda a limpo. Por isso mandei o taxista mudar a rota e segui até o meu próximo alvo de interrogatório... Yolanda Barradas.

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