Sem Saída

Capítulo 4: Perigo Eminente

AS CHAMAS BRILHAM DE FORMA HIPNOTIZANTE, enquanto a fogueira mal feita, nos aquece da forma que pode. Eu sinto o cheiro da terra e das plantas a minha volta. Está muito húmido e a temperatura pareceu cair em poucos instantes.

- Porque? - deixo a frase escapar entre dentes, bem baixo para que ninguém possa me ouvir, porém ele consegue.

- O quê foi? - Questiona Liam tão baixo, que eu custo acreditar que ele possa ter me respondido, apesar de aquela pergunta não ter sido dirigida especificamente para ele.

Depois da revelação de Youki uma série de perguntas começaram a rodear minha mente. Eu tenho um pouco de medo, apesar de ter sido durona e ter fingido que aquilo não havia me abalado, mas mesmo assim sentindo uma pontada no coração.

- Nada Liam. Durma. - Digo as palavras rapidamente, pois acredito que aquilo vá encerrar a conversa.

- Ninguém consegue dormir Emily - responde Halsey, enquanto se senta; ela também ouviu! - Eu não quero admitir... Mas estou com medo.

- Eu também. - Susurro olhando intensamente para ela. Sei que eu havia sido ríspida, e aquela garota com os olhos espantados e linda ao mesmo tempo, era a única amiga que eu possuía, além do Liam, é claro.

Me levanto desajeitadamente e chego um pouco mais perto de Halsey que me abraça vorazmente. Ela está cheia de hematomas, assim como eu. Levo a mão ao seu rosto e beijo sua testa.

- Vai ficar tudo bem.

Minhas palavras poderiam até ter soado confiante. Entretanto, quando cápsulas cruzaram o ar e atingiu os pescoços de cada um respectivamente que estava ali deitados tentando dormir, eu sabia que apenas confiança não bastaria.

***

Eu lembro de quando era pequena e a única responsabilidade que cabia a mim, era guardar meus brinquedos e comer os legumes no meu prato, além de outras bobagens. Acreditava que minha vida era ruim quando precisava estudar para uma prova, ou até mesmo fazer alguma lição.

Certa vez, estava me preparando para um encontro, tinha quatorze anos e uma mente infantil. Achava que estava ridícula com aquela blusa cinza.

- Você está linda - minha mãe sorriu atrás de mim no espelho.

- Linda? Eu to parecendo um zumbi do The Walking Dead. - Coloquei a mão no rosto, enquanto me jogava na cama macia.

- Não, querida. Talvez você coma como um zumbi dessa série horrível, porém sua pele está bem melhor do que a daqueles monstrinhos. - Ela sorri colocando um fio de cabelo atrás da orelha.

- Monstrinhos? - Eu ri de um jeito nervoso e depois apontei para ela. -Olhe para você mãe, toda perfeita, cheia de atitude e beleza. Agora olhe para mim.

Eu me olhei no espelho e vi uma garota de pele clara, longos cabelos castanhos e um olhar de um azul profundo. Tá eu não era tão feia, mas era muito desajeitada e me comportava como um garoto na maioria das vezes.

- Eu estou olhando para você, Emily. E estou vendo uma bela garota. E como eu, cheia de atitude.

- Você está dizendo isso, por que é minha mãe. - Eu respondo dando de ombros.

- Não querida, estou dizendo isso por que você é realmente tudo isso e muito mais. Lembre-se sempre de uma coisa: você pode ser forte, mais forte que a luz do sol, todavia precisa acreditar na sua força.

- Eu acredito.

***

Meus olhos abrem derrepente, como se um choque tivesse atravessado todo o meu corpo.

Minha respiração está tão acelerada, de modo que eu mal posso raciocinar. Tento olhar para o lado e a imagem diante de mim faz meu coração parar.
Liam esta com um ferimento logo acima da cabeça e seu braço esta virado em um ângulo estranho.

- A garota acordou! - diz uma voz fina e irritante.

Tento virar para o lado, mas sou impedida.

- Não, não, não - Uma mulher com uma máscara branca olha para mim, enquanto diz as palavras calmamente. - Você só vai se mexer na hora que eu mandar.

Eu sinto uma picada no braço, que é aplicada de um jeito rude e sou arrastada novamente para a escuridão.

Parecia que horas haviam passado, meu corpo estava totalmente dolorido e meus olhos estavam tão pesados que custavam a abrir. Eu sentia o frio se espalhando pelo corpo, como se estivesse morta e não tivesse me dado conta disso. Mas eu estava viva e podia sentir isso.

- Olhe, vejo que a princesinha acordou. - A mulher com um rosto anguloso se aproxima de mim, me olhando atentamente. Sua voz aguda ecoando na minha mente.

- Quem é você? - minhas palavras saem como um sussurro, e eu percebo como estou fraca. - O que você quer?

- Eu não quero absolutamente nada. - Ela responde com calma, com um sorriso perverso no rosto, que faz meu corpo tremer um pouco mais. - Na verdade quem realmente gostaria de alguma coisa é você.

- E do que eu gostaria?

Ela me olha, ainda mais intensamente, como se fosse possível olhar dentro de mim, até as profudenzas do meu subconsciente.

- O jogo vai começar e se você quiser sobreviver e mostrar que é capaz, vai ter que lutar e lutar muito.

- Então é isso o que eu quero? Viver? Mas aonde está meus amigos e o que isso significa? - Tento levantar, mas logo percebo que isso será impossível, pois meus braços estão presos por algemas.

- Halsey e Luke já estão sendo preparados para entrar no Simulador, e os outro estão bem também. Seu namorado apesar de machucado resistiu muito, mas acredite em mim, não tem motivo para ficar preocupada, ele está melhor. - Ela olha para trás, quando a porta é aberta, assentindo para alguma coisa que lhe disseram, logo depois retornando sua atenção para mim. - Você não tem ideia do que lhe espera não é mesmo garota?

- E deveria?

- Claro que não. - Ela arqueou as sobrancelhas e disse de modo monótono. - O simulador dura em torno de cinco horas. E lembre-se existe apenas uma escolha é matar ou morrer.

Meus olhos enchem de lágrimas e eu reprimo um soluço de modo valente, tentando provar para mim mesma que não estava com medo, quando na verdade o medo ja tomava conta de mim.