(2002) Alex: O Churrasco

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Eu tento trabalhar, mas ninguém me ajuda, porque justamente durante a minha meia hora de trabalho sem Paciência Spider o Tom chamou o Victor para ajudá-lo a descarregar o carro, e eu tenho esse problema de falta de foco e mesmo quando não tem nada acontecendo eu paro de trabalhar pra ver poeira dançando na luz, imagina então um carro sendo descarregado. O Tom é super lindo e me intimida, e o Victor é uma criança super linda, mas é uma criança e eu consigo falar com ele, por isso o puxei e perguntei o que estava acontecendo.

-O papai e o tio Eddie vão fazer um churrasco.

-Oba, posso participar?

Victor levou um susto totalmente chocante, porque até onde eu sei somos amigos, só sou empregada da mãe dele, aliás nem da mãe dele sou muito empregada, levando-se em conta que sou incompetente e não faço praticamente nada.

-É que... é que o churrasco não é meu.

-Mas eu não falo com o seu pai, ele é lindo demais e meio chato.

-Meu pai não é chato!

-Mas também não é super legal, vai.

-Fala com o tio Eddie, então.

O Victor é mesmo genial. Depois que o Omar se mudou, eu já consegui fazer três amigos, o Eddie, a Malu e o Victor, e a minha avó diz que é porque, embora eu continue fascinante, eu estou conseguindo direcionar o meu brilho e escolher quem eu vou cegar. Daí, logo depois o Eddie chegou com a filha e eu fingi que ia segurá-la enquanto ele tirava as coisas do carro, ainda que eu não houvesse fingido e a tenha segurado mesmo porque não ia deixar a menina cair no chão, e perguntei se podia participar do churrasco.

-Claro, ele é pra você.

-Jura? É meu aniversário? – Perguntei, toda feliz, pois nunca ganho nada, muito menos churrascos.

-É? – Ele perguntou, espantado.

-Não. É meu o que, então?

Eddie me puxou em um canto, o que foi desnecessário, pois só tínhamos nós dois e a filha, mas deu um ar de mistério e suspense e foi sensacional.

-Eu estou no plano.

-De dominação mundial?

-Você tem um plano de dominação mundial?

-Não.

-Então, não. Mas tô no seu plano pra conquistar os filhos do Mick. Leva a mal a Malu ter me contado, não, mas ela precisava de um espião do outro lado.

-Caralho! – Comecei a ficar nervosa, o que era a pior coisa possível para acontecer, porque quando fico nervosa o meu cabelo cai e os meus dentes amolecem e não podia conquistar os filhos do Mick careca e banguela. – E o que eu faço?

Eddie me olhou, pensativo e me avaliando.

-Sei lá. O Mick vem aí com os filhos dele. Seja você mesma e conquiste os moleques.

Beleza, principalmente agora que aprendi a controlar o meu brilho, então só precisava me preocupar em não cegar as crianças, continuar avassaladoramente sensual para o Mick desde que nenhuma criança visse, fascinar a todos com a minha personalidade e falar para o Eddie manter o Tom longe para eu não ficar intimidada. Aí, naquela hora, o carro do Mick encostou. As portas abriram e saiu um monte de criança loura correndo, e em seguida a porta do motorista, e o Mick, todo sensual:

-CALMA, PORRA! É PRA ANDAR, CARALHO!

Ai, como ele é lindo.

A minha sorte é que ele só é lindo demais pelado e estava vestido, logo não me intimidei, devolvi a filha pro colo do Eddie e andei toda sexy, já que ele não gosta de quem corre.

-Olá, Mick – Sorri, o avassalando com sensualidade e sexualidade.

-E aí, Alex? – Ele respondeu, me olhando de cima a baixo, embora o mais "cima" que tenha chegado tenham sido os meus peitos. É que eles são bonitos pra cacete, ainda que eu também estivesse vestida.

Não conversei, peguei um menino louro por uma mão, outro menino louro pela outra, e falei:

-Bora jogar bola! Vem, menina loura, segurar o placar.

E me mandei com eles para dentro de casa, com menino louro maior falando: "Porra, o que você tá fazendo? Que mulher forte!"

Eu sei, sou um gênio.

O Lado Escuro da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora