DNA - Nova Espécie

Capítulo 8 - Por 626

Eu não tinha certeza de nada. Só que eu queria falar com aquela mulher. Sua voz macia me acalmava, assim como o toque gentil. E quando ela implorou para que eu me comunicasse, não pude resistir.

Por muito tempo fiquei calado por que a ideia de simplesmente falar com aqueles bastardos que me batiam me dava náusea.

Porém com ela, Sky foi esse o nome que ela me deu, e foi dito pelos malditos que estavam na sala.

- 626? Porque não quer a injeção?

Ela chamou minha atenção. Eu não podia me dar ao luxo de ficar parado se aqueles homens voltassem. Por isso não podia deixar ela me aplicar.

- Não...

- Mas você está com dores...

- Não!

Tentei falar firmemente, vi como ela se encolheu. Acho que a assustei. Não era isso que eu queria.

- Tudo bem... Vou limpar seus ferimentos então.

Ela pegou algo e levou em direção ao meu rosto. Sentir um leve ardor. Mas eu não liguei. Minha atenção estava no rosto dela.

- É um corte fundo, mas não acho que precise de pontos...

Sua voz era calma, os olhos focados nesse ponto do meu rosto. Analisei o seu. Era tão delicado, tinha vontade de passa meus dedos, saber se realmente era tão macio quanto parecia.

Seu olhar encontrou com o meu. Por um momento ela só me olhou, mas então virou o rosto se afastando. Quando me encarou novamente, estava mordendo o lábio, isso capturou toda minha atenção.

- Porque nunca falou antes?

Pisquei algumas vezes tentando me concentrar somente na sua voz. Respirei fundo ignorando a dor que ainda me atacava. Mas a medida que o tempo ia passando, ela diminuía.

- 626...

- É Kall. Eu me chamo Kall...

Um sorriso brotou nos seus lábios.

- Oh... Kall. Nossa você tem um nome e nunca disse pra ninguém... Porque? Porque se calou por tanto tempo?

Tentei absorver todas as palavras dela. Fechei meus olhos e quando a encarei novamente, sua expressão, era confusa.

- Eu... Eu nunca quis...

Seus olhos adquiriram um brilho diferente. Então ela sorriu. Eu tive vontade de fazer o mesmo pra ela.

- Então me sinto honrada por conversa comigo. É muito importante! Me chamo Sky!

- Eu sei...

Ela sorriu e ficamos nos olhando. Até uma batida forte na porta me fazer ficar em alerta. Tentei levantar, mas imediatamente, senti as mãos dela em cima do meu peito me impedindo.

- Não faça... São eles, se tentar se levantar vão te machucar. Por favor fique quieto!

Respirei fundo e assenti, sentindo seus dedos suaves em cima de mim. Era bom.

- E você?

Perguntei com medo do que pudessem fazer a ela.

- Eu vou ficar bem. O mínimo que vai acontecer é ser demitida!

Franzi minhas sobrancelhas confuso. Eu não sabia o que isso significava. Ela sorriu pra mim e isso me deixou ainda mais perdido.

- Não entendo...

- Eu sei... Você está com uma cara confusa...

Outro banque forte fez ela desviar sua atenção novamente de mim. Mas quando me encarou seu rosto não tinha nenhum vestígio de sorriso.

- Kall, não temos tempo. Mas eu quero que você faça tudo que eles mandarem. Não lute ou vão te machucar. Só faça se precisar se defender...

As palavras dela estavam me confundido e me irritando. Será que ela apenas quis ganhar minha confiança então me enganar? Rosnei.

- Céus não rosne... Eu sei que esses pedidos são horríveis. Mas é preciso, porque vou te tirar daqui...

- Você?

Agora eu estava totalmente perdido. Ela ia me tirar desse lugar. Mas porque? Como? Estava cheio de perguntas. Outro banque forte e a porta rangeu. Eles iam abrir.

- Sim eu. Mas não conte pra ninguém, continue calado. Ainda não sei como inferno vou fazer isso, mas vou. Esses animais não iram mais te machucar como hoje, me recuso a permitir. Vou fazer de tudo para tirar você daqui Kall, pode demorar um pouco, mas por favor acredite em mim. Vou consegui. Juro!

A porta se abriu e ela levantou-se de perto de mim. Uns homens entraram com armas, rosnei baixo, Sky me olhou com apreensão e sacudiu a cabeça levemente.

- Joga a arma e saia com as mãos pra cima ou vão apagar você Sky!

Um homem gritou, olhei para ela, que fez o que o outro pediu. Jogou a arma e foi caminhando devagar em direção a saída. Me deu um último olhar e eu quis levantar, para agarrá-la pra mim.

Eu não queria que ela se fosse, mesmo prometendo que voltaria por mim. Que iria me tirar desse maldito inferno. Porém eu tinha medo de acreditar, e nunca mais vê-la.

Fiquei quieto olhando ela sair. Até que a porta foi fechada, e apenas eu fiquei dentro. Sem ela. Um sentimento de perda me tomou, queira rugir de raiva.