Entre Luz&Trevas

Prólogo

O mundo está em colapso! Vejo corpos mutilados sob as ruínas de um mundo destruído por uma guerra.
A cidade que eu vivia agora é escombros e cemitério de meus conterrâneos. Procurando por abrigo observo o local que meses atrás era o centro comercial da cidade, é espantoso lembrar que essa avenida era repleta de pessoas andando em meio às lojas.

Semicerro os olhos e, num borrão em meio à poeira, vejo minha parte favorita da cidade, a Biblioteca.
Sem pestanejar corro naquela direção carregando minha filha, minha vida, minha esperança, não posso e não aguentaria mais uma perda.
Tapo seus olhos para que não veja os corpos mutilados, tentando erguê-la mais um pouco sinto a dor sufocante no lado esquerdo do abdômen latejar e minhas pernas querendo falhar. Eu preciso viver. Ela precisa de mim.

Faço pouco esforço para entrar já que a vitrine da biblioteca estava quebrada, mas o prédio quase intacto, entro pisando nos estilhaços e observo com cautela o local com pouca iluminação, deixo minha filha no chão frio, olho para ela - seus olhos claros e pele alva agora sombreados por sujeira e medo. Prevejo o cansaço atingir minhas pernas e encosto-me numa estante sentindo fortes dores, perdi muito sangue nas últimas horas, sei que não vou durar muito.
Alguns dias se passam, estou muito debilitado, ouço minha filha fungar, e sinto-me impotente em não poder ajudá-la. Sophie adormeceu depois de dizer a ela que estou bem, percebo seus olhos arregalando todas as vezes que eu estremeço.
O silêncio foi quebrado quando ouvi um barulho e, cada vez se intensificando, ouço vozes na biblioteca, eles levam a minha filha. Estremeco pela última vez.