Capítulo 08

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Isso não é justo. A diretoria era o último lugar onde eu queria estar agora. Alguém foi fazer fofoca e nem imagino quem tenha sido. Eu estava esperando no banco do lado de fora da sala da diretora. Sérgio estava comigo. No banco da parede oposta, estava Nátalie e Jorge.

- Por que fez aquilo? - Sérgio pergunta com voz fraca para que só eu ouvisse. No mesmo tom respondo.


- Foi sem querer. Um acidente. Só isso.

- Conheço você. O que ela fez? É para ela que você quer fazer inveja andando comigo? Ou queria fazer ciúme para o menino com quem você estava falando na fila antes de ela chegar?

- Você só pode estar de brincadeira. Ele é um nerd. Eu sou... bem, eu sou eu. Nem precisa de outra explicação.- Falo e ele dá um sorrisinho. Aparentemente ele estava encomodado com aquilo.

- Sabe... eu sei muito mais sobre você, do que você imagina. Não fico só observando sua bunda enquanto você anda. Sua expressão, quando se sente encomodada, quando está com muita raiva... e foi isso que eu vi hoje. Na hora que você virou a bandeja, nem sequer fez uma encenação perfeita. Sua sorte que ninguém reparou. Mas pude ver quando a raiva tomou conta de você.

Confesso que agora eu estava impressionada. Nunca imaginei que Sérgio poderia falar desse jeito. Achei que por mim ele sentia só desejo e mais nada. E sinceramente... eu pensava que ele só reparava em meu corpo. Ouvir ele falando assim me fez querer abraçá-lo, e foi o que fiz. Ele retribuiu o abraço, meio desajeitado.

Percebo que Jorge nos observa. Continua falando com Nátalie.

- Vocês duas. - A diretora aponta para nós. - Entrem.

Não é a primeira vez que venho parar na diretoria. Ja impliquei com muita gente. Mas como agora eu quero ser um pouco mais ajuizada, me preocupo com a posição da diretora.

- Comecem a se explicar. - Ela fala.

- Não tem nada pra explicar. Foi um acidente.

- Você acha que acredito em você? Ninguém faz um estrago desses sem querer. Ainda mais você, Anna. Etiqueta deve ser seu nome do meio. Classe impera em você. Mas suas atitudes são questionáveis. - Ela diz e eu bufo revirando os olhos, mas não perco a postura na cadeira. - Conte sua versão...

- Nátalie. - Nátalie fala.

- Isso. Conte sua versão, Nátalie. - A diretora dirige a atenção para ela.

- Eu estava de costas. Não sei exatamente como foi. Mas garanto que não foi sem querer. Não é a primeira vez que ela me agride. - Nátalie fala, fazendo cara de coitadinha. - Ela me odeia porque tenho uma coisa que ela não pode ter. - Ela me olha.

Arregalo os olhos no mesmo instante, e a encaro.

- Não quero cortar seu barato, garota, mas você deve estar me confundindo com outra pessoa. Eu nem sequer sabia antes da sua existência. Não costumo perder tempo com coisas que me são inúteis.

- Anna, você já teve seu momento de falar. Fique quieta. - A diretora praticamente grita comigo.

- Que saco isso. Não está vendo que ela está mentindo? É só você que não enxerga? Pelo o amor de Deus. - Acho que eu ja estava ficando vermelha de raiva.

- Todo mundo lhe conhece, Anna. Você não suporta os nerds. Acha que somos inferiores a você. Como somos pobres e não temos condições de comprar roupas caras, você nos despreza. Você é ignorante.

Amores FurtadosOnde histórias criam vida. Descubra agora