17° Cap. 2 semanas depois...

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     Chegamos do enterro e mesmo com aquele sol lá fora o tempo estava nublado, totalmente fechado. Comecei a pensar em tudo que estava acontecendo à minha volta, Fred em coma, a mãe dele morta e eu morrendo. Seria estranho pensar que eu tenho a uma oportunidade de me despedir ao contrário dela que nem ver o filho pelo menos uma última vez pôde. Realmente não sei se é certo pensar assim, apenas estou tentando analisar isso de uma forma positiva. Se eu parar pra pensar, assim como nos filmes, livros..  Essa é a hora de pedir desculpa, hora de até mesmo encontrar um amor. Meu celular vibrou no bouço da calça, afastando aqueles pensamentos. Ryan me guardava nos seus braços. Amora e o resto não diziam nada. Minha mãe fez um café forte, como eu gosto. Tomamos todos, e ficamos por lá.  No meu celular tinha uma mensagem de Raúl dizendo que Fred já estava aqui no Brasil, no hospital em que eu recebi o diagnóstico de câncer.

  2 semanas depois...
    Faziam exatamente duas semanas depois da minha volta ao Brasil. Minha rotina era visitar Fred no hospital, ler na varando romances antigos que minha mãe guardava e ir ao lago que Théo me apresentou, todas as noites. Algum pessoal do meu antigo trabalho foram me visitar, foi um pouco tenso mas nada que não seja fora do normal pra mim. Aquele dia me pareceu longo, assim como a semana. Ryan e Amora estavam muito ocupados no serviço, por essas circunstâncias eu ficava sem vê-los. Fiz o almoço, comemos e logo após todos na mesa se retiraram, restando apenas eu e meu pai.

     — O almoço estava uma delícia, parabéns! — Apalpou a barriga.
     — Obrigado pai, eu sei, foi o senhor quem me ensinou — Ri.
     — Não sei cozinhar..
     — Não, a ser otimista mesmo — Voltei a rir.
     — Imbecil — Riu se esticando na cadeira.
     — Cuidado, uma hora seu traseiro não cabe mais aí.
     — Sua língua também não — Piscou. Mandei língua pra ele, me levantei recolhendo meu prato e o dele e jogando-os na pia.
    — Como você está?
    — Estou bem, obrigado por perguntar.
    — Não tem faltado nada?

O olhei estranho — Não, mas porque essa pergunta agora?
    — Você está distante, e dessa vez não estou falando de quilômetros. Venho analisando seu comportamento ultimamente! É sempre a mesma coisa, ficar no hospital com Fred o dia todo, as vezes até dormir lá ou sumir com o meu carro pela noite. Não adianta me dizer que vai pro Ryan ou Amora, liguei pra eles já duas vezes e ambos já me disseram que vocês não se vêem a um tempinho.
    — Só saio pra tomar um ar.
    — Mesmo assim vou dizer! Ando ciente de tudo que vem acontecendo com você, me preocupa tudo isso, até porque você é minha filha, cada dia que passa eu rezo e prezo por você continuar aqui conosco. É um pedido de um pai: Liberta esse seu coração, o tempo é curto — Lágrimas brotaram no seu rosto —  Se te convém ficar em casa bem, mas se não, aproveita enquanto tem pode, ama quem tu acha que deve amar — Théo entrou em meus pensamentos —  mas jamais feche as portas do teu coração. Não é uma doença que acaba com uma pessoa, é a pessoa que se destrói quando permite que isso aconteça.

   Depois de ouvir aquilo, passei a manhã inteira pensando sobre. Talvez não seja tão ruim causar saudade, todo mundo causa isso um dia.. Faz parte não é? Morrer e fazer falta.
      Ao anoitecer, peguei as chaves do carro do meu pai e parti para o lago. Quando cheguei me deitei na grama, tirando o barulho dos grilos, pude desfrutar daquele silêncio maravilhoso. Análise bem aquelas estrelas no céu e logo após fechei meus olhos. De repente um flashback passou na minha cabeça:

   — Psiu — Me puxou pelo braço                    
   — Me beija. — Pegou em meu     queixo.
   — Eu não vou te beijar, vai pra sua casa — Disse devagar — Bobinho — Ri.
   — Ca-cala a boca, me beija logo.
   — Você quer entrar? — Voltei meus pensamentos ao momento atual.

Presa ao fimOnde histórias criam vida. Descubra agora