Capítulo 12

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— Ele não aguentou a pressão, Carol, e eu nem posso culpá-lo — dizia Amanda, chateada pela falta do amigo, companheiro e amor. A amiga ouvia a tudo calada. Era visível o sofrimento de Amanda e ela não desejava piorar a situação. — Vou tentar ser paciente e procurar me lembrar das coisas lindas e verdadeiras que ele sempre fez questão que existisse entre nós. Assim evito que a mágoa pela desconfiança dele me cegue como aconteceu com o Tony.

— Eu confesso que não sei o que dizer, Amanda. No seu lugar, eu talvez já tivesse chutado o balde, mas, olhando por outro ângulo, acho que está certa — falava pausadamente. — O Tony não tem que ser o príncipe encantado o tempo todo e aceitar a tudo com um sorriso elegante e um brilho nos olhos, carregados de amor por você. Assim como eu e você, ele tem os seus medos e dúvidas. É tão humano e inseguro quanto qualquer um de nós. E se tratando dele eu também entendo que insista um pouco mais. Homens como seu marido é minoria e isso deve ser levado em conta antes de uma tomada de decisões. — Amanda sorriu discretamente pela verdade dita pela amiga. — Como você sabe, desde que vocês estão juntos já fiquei com uns quatro caras que não compensavam um relacionamento estável. Na verdade, houve alguns que não compensaram nem a maquiagem e a roupa nova que comprei para o encontro — Carol afirmou com um largo sorriso. — Não que eu seja uma garota fácil, sou seletiva. Mas ainda assim, já peguei coisas vazias. Resumindo, ter um homem de verdade é privilégio de poucas. E precisamos valorizar essa categoria, ou ela se extingue de vez.

— É exatamente isso que penso, Carol. Se ele fosse um marido como a maioria, eu não investiria tanto, porque eu saberia que não estava perdendo grande coisa com o fim do nosso casamento. Seria fácil encontrar outro igual. Mas o Tony não é um homem mais ou menos. Ele é um homem propriamente dito, sabe? — A outra ouvia com o pensamento longe.

— Nesse caso, então fique firme e vá até onde puder ir — aconselhou Carol, séria.

— É o que pretendo fazer — afirmou Amanda, confiante. — Vou ocupar um pouco minha mente agora. Costuma ser um ótimo alívio. — Com um sorriso amarelo, ela se afastou para o depósito.

Naquele dia, Carol havia cedido parte do dia para a nova contratada ir a uma consulta agendada. Agora agradecia por não ter estranhos ali. Assim ela e Amanda puderam conversar a sós e ela pôde ajudar a amiga. Assim esperava.

Quando Amanda chegou em casa, após o expediente, os filhos a esperavam para o almoço. Lucas ainda usava o uniforme da escola, mas ela preferiu não reclamar. Seus dois tesouros estavam ali ao seu lado, fortalecendo-a durante aquele turbulento momento em que vivia com o marido. Ela percebia que ambos também sentiam falta da presença marcante de Antônio, mas haveriam de tê-lo novamente, ela acreditava. Amanda falara que ele precisou viajar por alguns dias, assim as crianças não fariam mais perguntas para ela.

No terceiro dia em que havia partido, Antônio apareceu para visitar as crianças. Amanda sabia que ele sentia muito a falta deles. Ela também sentiu a dele e só não o procurou porque prometera a si mesma dar-lhe espaço para fazer o que acreditava ser o certo.

Quando lá chegou, a viu com um vestido no modelo de gestante e já com uma pequena aparência de grávida. Aquela cena mexeu com ele. Amanda estava linda.

— Não deixe de visitar as crianças, Tony. Elas sentem sua falta e eu também — falou sem rodeios.

— Nesses dias estive ainda muito ocupado, por isso não vim antes. — Embora ela soubesse que de fato ele estava se desdobrando no trabalho, era possível ver em seu rosto que não era a única razão. — A partir da próxima semana devo retomar as minhas atividades normais e estarei mais tranquilo — informou, olhando para um quadro na sala.

Muito Além das aparências - Livro II da Série  AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora