Investigações sem rumo.

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- Desgraçado! - Linda grita a plenos pulmões.

Perguntas zumbiam na sua cabeça, perguntas sem respostas. Linda se sentia inútil. Decidida a expurgar John de sua vida, ela iria arrancar aquele câncer do seu peito e curar todas as feridas que crepitavam feito carvão em brasa quente no corpo. Amar dói, machuca, mata, corrói, queima. Já dizia Camões.

"O amor é um fogo que arde e não se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer."

A mulher estava cansada de sofrer pela ausência de amor, estava cansada de sofrer por falta de atenção. Não queria mais viver assim, seu peito doía só de pensar no seu casamento e a bola de neve cheia de problemas que ele se tornou.

Cada vez que achava que essa demasiada avalanche de momentos mau resolvidos iriam se desfazer, logo outra camada gigante e grossa de neve se unia àquela outra e destruía sua vida mais uma vez.

O ódio por John só não era maior que esse amor estúpido e arrebatador que sentia por ele. Mas ela sabia que nem todo mal dura para sempre. Uma hora ela daria um fim naquilo tudo.

- CHEGA! CALEM A MERDA DA BOCA DE TODAS VOCÊS, ESTOU CANSADA, CANSADA DE CADA UMA, MORRAM SUAS MALDITAS. MORRAM! - Linda grita pelos cantos da casa, seus egos resolveram, todas juntas, dizer e dar ordens à mulher.

Naquele momento a opinião delas pouco importava. Linda só queria que todas pudessem sumir de uma vez por todas. E ela sabia como iria fazer isso, e esperava que desse certo.

(...)

O início de semana em Seattle chega em uma calmaria absoluta.
Linda está a caminho do trabalho, quando enfim chega na escola Harrison. Percebe que há uma movimentação na frente da local, onde geralmente não é normal de se ver. Ela olha para o céu implorando para que não fosse mais um problema, estava exausta de tanta confusão.

Ela estaciona a Mercedes em seu local rotineiro e vai em direção àquele pandemônio que estão fora da escola.

Passa por algumas pessoas a fim de tentar entrar. Na porta principal da escola encontra-se um policial, bem jovial por sinal. Linda semicerra os olhos lembrando do rosto do tal policial. Era o mesmo que havia lhe parado em uma noite que ela tinha bebido mais do que devia.

- Hã... Olá Sr. Charles... - Linda estende a mão para o homem que aceita e a cumprimenta com um aperto de mãos.

- Eu me lembro da Senhorita...

- Senhora... Senhora Terrence. E eu não estou aqui para lembrar do que já passou...

- Bom, eu me lembro e muito. - O policial deu um sorriso encantador e a professora revira os olhos.

- Sei que o Senhor me liberou àquela noite, eu agradeço, apesar de não lembrar de nada... Mas estou aqui para saber que confusão é essa?

- Não lembra de nada?

- Anthony... Preciso saber o que está acontecendo aqui! - Não foi uma pergunta e sim uma ordem.

- Pedindo assim... Bom, aconteceu um incidente na escola. E por ordens, não deveremos deixar ninguém entrar.

- Incidente? Qual incidente?

- Não estou autorizado a falar...

- Eu trabalho aqui, acho que é o mínimo que eu deva saber.

Do Outro LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora