[78] Morta

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Demi's POV

Eu bati a porta do banheiro e escorreguei contra ela até que minha bunda tocasse o chão, esfregando meu rosto com minhas mãos. Ele realmente achava aquilo de mim? Como se tudo que ele tivesse me dito fosse uma mentira? Será que ele ainda quer ser casado comigo?

Pensei nos bebês em me estômago, será que ele queria ser pai de novo?

Ouvi uma batida na porta e um soluço escapou de meu peito, "Wilmer, não quero falar com você."

Senti a porta se mover um pouco e soube que ele estava sentado na mesma posição que a minha do outro lado.

"Sei que não, então vou esperar até que você queira."

Deixei sair um suspiro irritado, "Será que você pode sair daqui?"

"Só abra a porta. Eu quero conversar com você nena."

"Por quê? Só para que assim você grite que eu não mudei? Ou você quer começar a falar sobre o quão terrível eu sou como mãe? Qual dessas vai ser?"

Ele ficou em silêncio e eu me encontrei enterrando minhas unhas na lateral do meu pulso, ansiando por algum tipo de alívio. Deixei minha cabeça deitar contra a porta enquanto respirava profundamente, tentando não dar atenção aos demônios em minha cabeça.

Vamos Demi, o que você tem a perder?

Ele não liga, vai que ele nunca ligou.

Choraminguei um pouco e sentei em minhas mãos, tentando desesperadamente manter minha respiração estável.

"Demi?"

Eu balancei a cabeça, não querendo respondê-lo com medo de que ele ouvisse o desespero em minha voz.

"Demi, você está bem?"

Respirei tremulamente e me levante, olhando para o espelho enquanto enxugava minhas lágrimas o melhor que podia com as mais frescas saindo dos olhos, e respirei fundo. Me forcei a sorrir miseravelmente e abri a porta. Wilmer caiu um pouco para trás, mas eu não ri do jeito que eu normalmente riria. Nem sei se eu poderia reunir forças para fingir um riso, só me sentia tão vazia.

"Nena." Ele respirou e se levantou. Eu lhe dei um olhar vazio e recuei quando ele me tocou no rosto. "Você...?" Ele se calou e pegou minhas mãos, seus olhos ficando tristes quando viu as marcas vermelhas e profundas de unha que estavam em meus pulsos.

"Não." Minha voz era oca, "Não fiz, mas eu quis fazer."

Ele balançou sua cabeça e escorregou seus braços em volta do meu quadril, mas eu me desvencilhei deles e comecei a andar até a porta. Antes que eu a alcançasse, me virei para ele.

"Nada aconteceu. Nós vamos ir lá para baixo e fingir que estamos bem."

Os olhos de Wilmer demonstraram surpresa, mas ele assentiu e andou em silêncio ao meu lado. Quando chegamos na cozinha, os olhos de Izzy mostraram preocupação no começo, mas assim que me forcei a sorrir largamente eles relaxaram e ela voltou a cozinhar.

"Está cheirando ótimo, querida." Tentei fazer com que minha voz tivesse mais substância, mas esperei que ela não tivesse notado o quão morta ela estava.

"Obrigada." Ela me jogou um sorriso e voltou para o fogão, e então estendeu a panela quente para Wilmer, "Não sei o que vem depois, então é sua vez."

Wilmer sorriu e pegou a panela, aí começou a colocar a carne em queijo ralado e tortiallas de milho e a enrolou. "E para a panela eles vão." Ele olhou para Izzy com uma expressão boba e sorriu para mim, mas ele se desfez com meus olhos mortos.

Depois que as enchiladas cozinharam no fogão, Wilmer colocou as três em pratos e nós mandamos ver. Elas estavam ótimas, assim como quase tudo que Wilmer cozinhava. Senti seus olhos em mim quase o tempo todo em que comemos, mas manti os meus voltados para a comida, sem querer me magoar mais do que eu já estava.

Izzy pulou do balcão e colocou seu prato na pia, "Isso foi ótimo pai, mas tenho que falar com Saffy no skype daqui a pouco, volto depois."

Eu a observei enquanto ela saía e subia as escadas, onde ouvi uma porta se fechar e Wilmer e eu ficamos em silêncio.

"Acho que vou para a cama." Murmurei, "Foi um dia longo." Wilmer deu um passo à frente, mas eu balancei minha cabeça. "Sozinha."

~*Izzy's POV*~

"Ei!" Eu sorri quando o rosto de Saffy apareceu na tela do meu computador.

"Ei! Como vão as coisas?"

Suspirei, "Meus pais estão brigando de novo."

Sua face mostrou uma mistura de preocupação e dó, "O que aconteceu?"

Eu dei de ombros, "Ele fez um comentário no jantar e ela subiu as escadas em prantos, mas eles não voltaram por quase uma hora, então tinha que ser mais do que isso. Os olhos dela, eles estavam tão vazios e ela sequer olhou para ele. Acho que a pior parte é que eles estão tentando esconder isso de mim. Eles acham que eu não consigo ver quando minha mãe está chateada. Tipo, cara, eu aprendi a ler as emoções dela já faz anos."

Era verdade, eu sempre sabia quando ela estava de mau humor pela forma que ela andava ou como ela dizia uma palavra e eu sabia que não devia perguntá-la nada. Se eu fizesse, eu geralmente acabaria levando gritos de que estava de castigo enquanto ela ia embora para Nova Iorque para o fim de semana para "descontrair".

"Você acha que ela vai fazer alguma coisa?"

Saffy era uma fã de minha mãe, então ela sabia sobre seu passado com distúrbios alimentares e automutilação. Não tinha passado pela minha cabeça que minha mãe poderia ter uma recaída de novo, ela sempre me pareceu tão forte e controlada.

"Não sei, para ser honesta. Eu nunca a tinha visto daquele jeito, na verdade, ela sempre tentou colocar sua cara de corajosa e tudo quando as coisas ficavam difíceis para mim, mas é como se ela não pudesse nem ter a força para tentar fingir. Como se sorrir estivesse a deixando exausta."

Saffy assentiu, "Já tentou falar com ela?"

Balancei minha cabeça, "Ela já foi para a cama, então isso não faria muito sentido. Além disso, não sei se eles estão brigando ou falando sobre isso agora e não quero interromper de qualquer forma."

"Acho que você deveria falar com ela. Se eles estão brigando, nós podemos voltar para o Skype de novo, mas se ela está sozinha só fique com ela. Tenho certeza que se você não falar sobre o que está acontecendo entre eles ela vai ficar agradecida só por ter uma companhia. E mais, se ela estiver tendo dificuldades no tratamento, ela precisa de alguém para cuidar dela."

Revirei meus olhos, mas sorri, "Como é que você tem dezesseis anos?"

Ela fingiu estar ofendida, "Escuta, você não é tão mais velha do que eu assim, então não fale sobre idade a não ser que você quer que eu te chame de vovó."

Eu deixei escapar uma risada alta, "Tá bom, tá bom, vou dar uma olhada na minha mãe. Vou te mandar mensagem."

A tela ficou branca e eu respirei fundo, saí do meu quarto para a porta dos meus pais e bati.

"Wilmer eu não quero falar com você, caralho."

Suspirei, "Mãe, sou eu."

Ela ficou em silêncio por um segundo, "Entra."

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sim, eu ainda to viva

to morta pela faculdade mas ainda to viva

Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora