Andirá - a jovem da profecia

Capítulo 9 - A profecia

Max me abraçou e ficamos um bom tempo assim. Queria que o mundo parasse de girar, que tudo deixasse de existir e só pudesse ser eu e ele naquele lugar lindo. Mas a minha mente estava inundada de sons e sensações que me deixavam tonta.

__Ainda consegue sentir?

__Sim. Sinto como se meus sentidos tivessem ficado mais sensíveis, sinto e vejo tudo diferente, e posso perceber as consciências a minha volta.

__E isso não é bom?

__Como consegue lidar com isso? É muita informação, sua mente não fica cansada? Seu corpo?

__Não. Eu não consigo me imaginar não sentindo, não poder fazer parte do todo. Seria como estar isolado, sem conexão com a vida.

Sorri constrangida. Enxuguei o rosto com as mãos e voltei a observar os animais. Eu podia senti-los e a sensação era ao mesmo tempo boa e ruim, estava assustada e não sabia como me desligar de tudo ao meu redor. Max me observava e as suas emoções me invadiam como um mar em maré alta invadindo a praia, eu não sabia se ria ou chorava.

__Não se preocupe, falaremos com Celandine, ela pode te ensinar a controlar o que absorve do ambiente. Por enquanto, tente relaxar e se desligar.

__Não sei como!

__Feche os olhos, - ele falou e eu obedeci. __sinta só o vento e o perfume, se desligue dos animais.

Tentei me concentrar no ambiente e estava quente, mais quente que os outros dias. O enorme cão pastor arfava com a língua de fora.

__Como é o nome do cachorro? - perguntei para desviar o foco do que estava sentindo.

__É Cuãn. Ele não pertence a nós. É só o cão pastor, pertence a todos os criadores. – ele me explicou.

Observei mais uma vez o animal com a língua de fora.

__Você está sentindo calor? – perguntei curiosa.

__Sim. Está mesmo muito quente, vai chover hoje à noite.

__Como sabe?

__Não está vendo? – ele apontou ao longe, por sobre a cidade. Uma massa de nuvens que vinha das montanhas.

__Sim. – pensei no outono na Terra, lembrei-me das chuvas em Março.

__Quer tomar banho no rio? – Max levantou-se e desceu da pedra. Esticou as mãos para me ajudar a descer também. Ele me pegou pela cintura e me pôs de pé a sua frente. __Então, quer tomar banho?

__No rio?

__É, a água deve estar bem fresca. – e ele foi caminhando em direção ao rio que passava cascateando perto de onde estávamos. Caminhei ao lado dele até chegarmos às margens, Max entrou na água até os joelhos. __Venha.

__Não. – eu disse ainda rindo.

__Não está com calor?

__Não vou nadar sem roupa de banho.

__Não precisa tirar a roupa. Entra assim mesmo.

__E ficar toda molhada depois? Melhor não.

Ele então continuou e afundou na água cristalina. Fiquei morrendo de inveja. Principalmente por que novamente tomei consciência dele na água, pude sentir a pressão da correnteza em meu corpo como se eu estivesse dentro dela. Decidi então entrar na água e molhar até os joelhos.