Capítulo 15

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Amanda estava em casa descansando quando a campainha tocou. Sentia-se mal e solitária naquela tarde. Seu pai havia pegado as crianças naquele dia para passarem parte das férias com eles. Amanda não queria ficar longe delas, mas as deixou ir. Assim teria mais tempo para reorganizar sua casa e sua vida.

— Boa tarde, você é Amanda? — A bela mulher perguntou com um sorriso largo no rosto.

— Sim. Em que posso ajudá-la? — Amanda estava sensível nos últimos dias e sentiu uma energia negativa em volta da mulher. Não fosse o sorriso angelical da criança que ela tinha ao lado, não restaria nada além de muita beleza ali.

— Sou Carla Linhares e esse é meu filho Carlos Antônio. — Amanda olhou para a criança e retribuiu seu sorriso.

— Quer entrar, Carla? — A visitante olhava muito para dentro da casa. Por esse motivo, Amanda a convidou.

— Eu gostaria de falar com o Antônio. — A familiaridade com a qual ela falou o nome dele intrigou Amanda.

— Ele não está aqui. Posso ajudá-la?

— Precisaria ser com ele. Agradeço então e volto em outro momento. — As mulheres se olhavam com a curiosidade estampada em seus olhos.

— Ele não reside mais nesta casa, moça. Acredito que será difícil encontrá-lo aqui. — Era melhor ser sincera do que ter de inventar outra desculpa para a visitante quando ela retornasse.

— É mesmo? Ouvi rumores, mas não acreditava ainda. — O sorriso que Amanda viu na face da outra, não a agradou em nada.

— É. Talvez o encontre no escritório dele. Sabe onde fica?

— Já me informaram. Eu o procuro, então. Obrigada, Amanda! Tenha um bom-dia. — Enquanto a mulher partia, a observava intrigada. Não havia dito seu nome para ela, no entanto, a outra o disse como se a conhecesse há tempos.

— Acho que vou fazer uma visitinha para um marido fujão e usarei essa novidade como desculpa para vê-lo — disse olhando para a rua. Rapidamente, ela pegou as chaves do carro sobre o aparador e saiu para a garagem em busca do carro. Precisava ver como ele estava se saindo longe de casa e se havia alguma possibilidade de Antônio voltar logo para sua família, ou não.

Durante o trajeto, Amanda se perguntava o que diria assim que o visse. O marido havia sumido havia dias, o que tornava ainda mais difícil para ela ir até ele. Se Antônio estava afastado era porque necessitava daquele tempo. Porém, precisava saber o que acontecia. Algo começava a corroê-la e aquele sentimento não era nada agradável.

Assim que chegou na porta do prédio, Amanda inspirou profundamente. Colocou seu melhor sorriso e subiu.

Antônio ouviu uma batida na porta e foi atender desanimado. Não esperava ninguém naquele dia de descanso. Preferia estar sozinho com suas neuras. Mas alguém estava disposto a estragar seu momento de solidão e ele só esperava que se tratasse de algo realmente válido.

Assim que abriu a porta, sentiu um imenso desconforto.

— Carla! — disse assim que viu a bela mulher à sua frente. — O que a traz aqui depois de tantos anos? — perguntou curioso e nada confortável com a visita naquele momento.

— Olá, Antônio! Vim te apresentar seu filho, Carlos Antônio. — A princípio ele apenas ouviu a informação custando a absorvê-la. Alguns segundos depois de engolir em seco, Antônio olhou da mulher para a criança sem compreender o que se passava.

— O que está dizendo? Que esse garoto é meu filho, eu entendi bem? — O menino se escondeu atrás da mulher quando Antônio questionou com a voz alterada pelo nervosismo. Envergonhado, ele tentou ser mais amigável, porém, ao olhar para o corredor viu Amanda parada olhando-os. Ela parecia uma estátua de tão pálida que estava.

Muito Além das aparências - Livro II da Série  AparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora