Capítulo 6

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-Eu cheguei a pensar que seriamos eternos, Elô.

-Nada é eterno, Rafael.

-Eu achei que seriamos, porque sempre era a mesma coisa. Brigas, termino e volta. Era isso, nunca um fim, eramos um recomeço diferente quase todo dia -ele falava sem olhar pro meu rosto e gesticulando com as mãos.

-Mas eu cansei, e acho que você também, já que em "um belo dia" foi embora do nada sem nem me avisar. Eu vi tanta gente indo embora. E mesmo diante de tantas perdas, a sua continua sendo aquela que mais dói e em que pensava antes de dormir.

-Eu fiz oque achei melhor Eloise.

-Melhor pra quem? -eu já estava de pé de frente pra ele e com raiva e tristeza ao mesmo tempo- pra você?!

-Pra nós dois!

-Oque é bom pra você nem sempre é bom pra mim também. Não pensou nisso?

-Mas você está perfeitamente bem agora, não é?

-Sim, depois de um ano, estou bem. Não graças a você.

-Sei exatamente oque você passou, passei pelo mesmo.

-Não, não sabe. Ninguém nunca saberá como você se sente, sua dor, seu sofrimento, a contento ou não é algo visceral, mesmo que a situação "seja igual", que o momento "seja idêntico"; aos olhos de muitos, logicamente; Somos únicos, únicos na forma de sentir, únicos na forma de enfrentar e únicos na forma de superar nossos fantasmas. Meu fantasma era você, e eu superei!

-E você continua falando essas coisas que me deixam sem resposta...

-Uma dia você me abraçou forte, e disse que me adorava, e eu, com o peito em chamas, gritando por dentro: "eu te amo, eu te amo". Não queria expor, tinha medo de te assustar, mesmo assim retribui o abraço mais forte, e te olhei, analisando cada detalhe do seu rosto, a forma que sorria sem graça ao perceber minha admiração. Você sorria com os olhos, refletindo a alma, e isso me enaltecia, me motivava, me dava vontade de continuar, você sendo você, pra mim já bastava...

Ele levantou e fez um gesto de quem pede silêncio, obedeci e me sentei novamente no banco. Ele voltou sentar ao meu lado e ficou de frente pra mim, me analisando, e eu gostava, eu acho.

-Perdão...

-Tanto faz. Tenho que ir agora.

-Vamos conversar mais um pouco, quer ir pra outro lugar? Sei os lugares que você mais gosta! -ele estava com um sorriso enorme no rosto

-Não, obrigada.

-Você que sabe. -disse ele dando de ombros e olhando as crianças ao redor- Elas são tão felizes né?

-Sim, são...

-Oque você acha de... sei lá, a gente tentar de novo. Eu ainda te amo, mesmo depois de um ano.

-Não tem burrice maior que a de continuar insistindo em uma relação vai e volta. Se foi uma vez, não tem porquê entrar de novo, entende? Se já deu errado não adianta ficar lutando pro jogo virar, você só tá perdendo suas fichas apostando nessa romance que já nem existe mais.

Ele não respondeu nada, só ficou me olhando, sem piscar, olhando sério, e isso á estava me incomodando. Já estava perdendo a paciência.

 - Fala alguma coisa. -eu disse quase que com raiva.

- O que você quer que eu fale?

- Sei lá, que se arrepende, que foi um babaca, que vai sofrer muito se eu for embora e que sabe que eu mereço alguém melhor.

Droga De Amor (Parado)Onde histórias criam vida. Descubra agora