3. Novas tarefas

1K 61 4
                                    

Droga... Era Carl.

- Onde você vai?

- Isso que você ouviu, eu vou dar uma volta... Agora.- Digo começando a andar, mas Carl me segura pelo braço

- Já disse que você não vai. Não pode estar fora da cama tão tarde assim. Você não tem permissão pra isso.

- E você garoto, tem? Que eu saiba, nós temos a mesma idade, e você também tá fora da cama!

- Mas eu posso, tenho permissão. Você não!

- Ah qual é? É só uma volta - digo aumentando o tom da minha voz

- Já disse que não!

- Então vou ficar com você.

- Não pode! Eu tô de vigia!

- Então eu vou te ajudar ué!

- Auro... Droga!

Entrei na minha cela e peguei meu canivete e meu taco

- Vamos garoto - disse olhando para Carl, e pela primeira vez, percebi que a escuridão destacava seus olhos, dando um certo brilho à eles. Wow, produção acho que me perdi aqui. Ele percebe que eu estou encarando ele e eu desvio o olhar. - É, acho que podemos ir, não? - disse encarando meus pés.

- Se eu te pedir pra voltar pra cela, você volta? - Ele pergunta e eu nego com a cabeça - Claro que não...

[...]

Ficamos até às 05 da manhã de vigia e fomos substituídos por Daryl e por Gleen.
- A pirralha também faz vigia agora?- Daryl perguntou

- Eu tava sem sono, então resolvi fazer companhia para o meu grande amigo, poço de estresse aqui.- disse dando tapinhas nas costas de Carl que praguejou.

- Tá, tá, não interessa. O casal de pode ir agora, nossa vez de ficar aqui. - Casal? Poxa Daryl, aí você já força demais.
Eu o Carl saímos de uma das torres e vamos caminhando até a entrada do pavilhão.

- Carl - O chamo numa espécie de miado

- O que? - Disse um tanto grosseiro

- Aí, deixa. Esquece, nem quero mais também!

- Fala de uma vez! - disse parando na minha frente - o que você quer?

- A gente pode ficar mais um pouco aqui? É tão chato lá dentro...

- Não... Ah, sabe o que é? Fica! Eu não conto pra ninguém que você tá aqui.

- Me surpreendeu Mini-xerife, me surpreendeu

Carl entra no pavilhão e eu fico observando ele. No fundo, no fundo, ele ainda é uma criança que só se acha adulto por ter tantas responsabilidades, e eu o entendo perfeitamente.
Fico andando até achar um lugar e me deito sob o céu escuro já acinzentado, pois estava começando a amanhecer.
Por um momento, senti que eu não estava aqui e sim em outra dimensão. Por um momento, eu estava em um lugar onde o mundo não é esse completo caos e eu sou uma pessoa normal, vivendo com pessoas completamente normais, com uma vida boa e normal, sem qualquer tipo de agressão. É pedir demais isso? Esse mundo podia acabar logo e não seria uma má idéia, já está tudo sucumbindo mesmo.
Fecho um pouco os meus olhos e minha imaginação me leva pra outro lugar, um lugar bem longe do caos que é aqui.
Passados alguns minutos eu acabo entrando e vou pra minha cela dormir um pouco, afinal, meus olhos já estão pesados.

[...]

Acordo com o choro da Jud invadindo o pavilhão, é cedo ainda. Me ajeito e vou dar uma volta por aqui e acabei me lembrando da torre que Carl disse e fui lá. Subi e fui até a janela, a brisa que batia lá era incrível, a vista em si era perfeita. Me sentei na janela e botei os pés pra fora, os balançando. Eu amo a sensação de liberdade que isso me trás apesar do perigo.

- Pra essa vista ficar melhor, só faltava o mundo ser mundo outra vez. - digo rindo pelo nariz

- É melhor se segurar, se não cai!- Ouço uma voz no meu ouvido e sinto mãos em minha cintura me puxando para trás. Era o Mini-xerife.

- AH. Isso Carl, tá de parabéns! Me mate do coração - Digo com a mão no peito - Você sabia que eu quase virei purê?

Ele ri.
Eu estou aqui a 3 dias, e essa é a primeira vez que eu vejo esse garoto rir, tô me sentindo adorável.

- Você tá rindo, tipo, de verdade? Cara, você tá rindo!- disse olhando para ele surpresa. A risada dele era uma risada gostosa de ouvir, comecei a rir também. Até ele parar e ficar sério outra vez.

- Você é teimosa, né garota? E se você tivesse caído?

- Aí era só me enterrar, né?

- E como a gente ia ficar?

- Iriam conseguir se virar sem mim. Afinal, sempre fui um peso mesmo!

- Para garota, você não é um peso!

- Carl, eu já me acostumei com isso! Eu sou um peso sim, sempre fui. Nem meus pais me quiseram, nem ninguém. E nada vai mudar isso! - disse olhando para baixo, senti meus olhos marejarem, mas eu nao iria chorar, não na frente dele.
Carl ficou em silêncio, senti que ele não sabia o que falar. Até que o silêncio se quebra.

- Você não tinha que ajudar Carol hoje?

Caramba, me esqueci disso.

- Droga, eu tenho que ir! - disse a caminho da escada

- Vai precisar de sorte - Ele diz sorrindo, parecia que ele estava sentindo alegria em ver que eu iria para lá

- Como assim? Aquelas crianças me adoraram!

- É, mas você vai cuidar delas sozinhas de manhã. Carol fica responsável pela comida do almoço - diz Carl meio rindo

- E agora que vocês me avisam? - olhei pra ele um tanto indignada - Vem, você vai me ajudar! Vamos! - Digo o pegando no seu braço

- Mas eu tenho mais o que fazer Aurora!

- Deixa pra depois ué, agora de manhã você vai me ajudar. Vamos de uma vez! - disse o puxando pelo braço.

[...]

Carl me ajudou a manhã inteira, e realmente, ele só tem jeito com a Judith mesmo, o Mini-xerife ficou perdidinho cuidando das crianças. Depois de todos comerem, Carol me agradeceu e me liberou pra fazer outras coisas.

- Morreu Mini-xerife?

- Aquelas crianças são uns mini demônios - disse com os olhos arregalados e eu ri.
Eu sinto que eu ainda vou ser muito próxima de Carl e espero que isso aconteça logo...

The Final Hope || Carl Grimes (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora