O relógio marcava oito horas da manhã e eu ainda não tinha conseguido dormir depois de chegar da festa. Rolava pelos lençóis tentando entender por que os dois mentiram pra mim. Perguntava-me a todo momento por qual motivo eu não havia sido de confiança para as pessoas mais importantes da minha vida. As lágrimas começaram a se formar em meus olhos enquanto eu observava o teto acima de mim. Balancei a cabeça com força, me recusando a chorar. Não importava o que eles fizeram, com toda certeza Enzo tivera algum motivo. Eu não pararia de buscar a verdade.
Levantei da cama e fui até a janela, me encostando na mesma enquanto observava as ruas calmas. O Sol já brilhava com certa delicadeza lá fora. Eu precisava sair de casa, dar uma volta antes de enlouquecer dentro daquele quarto.
Peguei minha toalha, que estava em cima da cadeira, e fui tomar um banho rápido. Ao sair coloquei uma roupa simples, peguei minha carteira, meu celular e meus cigarros e deixei o cômodo. Passei pelo quarto de Zack, mas ele dormia tão profundamente que decidi não acordá-lo.
-x-
– Hey Bob! – falei me sentando à bancada.
– Bom dia minha querida – o homem mais velho falou com um sorriso simpático no rosto. – Onde está o seu fiel escudeiro? – perguntou.
– Acho que ele não está em condições de levantar por agora – ri um pouco, fazendo Bob rir também.
– Esses jovens... sempre bebendo demais – ele balançou a cabeça. – Mas diga-me mocinha, o que vai querer?
– Um café forte, por favor. E panquecas de banana com canela – pedi e ele anotou, em seguida indo para a cozinha do estabelecimento.
Eu amava aquele restaurante e amava Bob também. Depois que meu pai foi preso, foi ele quem ajudou eu e meu irmão em muitas coisas. O ajudou a adquirir minha guarda e nos salvou nas muitas vezes em que entramos em enrascadas. E também teve um papel importante quando Enzo partiu. O velho barbudo era como o avô que eu nunca tive.
Não demorou muito para que a minha refeição estivesse bem à minha frente. Agradeci o homem e me pus a saborear as panquecas. Enquanto comia observava a rua. O Domingo de manhã estava calmo, nem parecia que havia tido um racha durante a noite. Isso se devia também aos meus amigos. Parecia fácil quando dito, mas a verdade é que tudo era muito arriscado. A polícia poderia estar em qualquer lugar. Para conseguirmos correr sem ir parar na cadeia, Zack teve que montar um sistema de vigia em todas as rotas possíveis nas quais podíamos correr. Um mapa com vários tipos de percurso. A cada corrida um é escolhido, de forma que todos eles terminem no mesmo lugar onde começaram.
Meu melhor amigo com seu dom para tecnologia arrumou um jeito de invadir o sistema de rádio e câmeras da polícia. Nós sabíamos exatamente onde eles estavam a qualquer hora do dia. Um ato arriscado, mas eu não me preocupava. Zack sempre foi bom em tudo o que se dedicava a fazer, por isso eu tinha certeza que não seríamos pegos tão cedo. E era justamente esse o motivo pelo qual todo mundo só corria com as nossas ordens. Todos queriam ser livres e ganhar uma boa grana, mas para não parar atrás das grades eles precisavam da gente.
Assim que depositei os talheres no prato ao terminar de comer ouvi meu celular tocar e vibrar dentro do bolso. Peguei o aparelho e atendi sem ver quem era.
– Gatinha – a voz de Alicia surgiu.
– Oi amiga, tudo bem?
– Tirando a ressaca que eu estou nesse exato momento está tudo bem – ela riu do outro lado da linha. – Mas eu não te liguei para falar das minhas dores, e sim para te convidar a vir até aqui passar o dia comigo. E me ajudar a melhorar, é obvio.
YOU ARE READING
Drive
General FictionEm um mundo onde a rivalidade reina, não existe sorte. Correr riscos é o preço que se paga por querer a liberdade. Numa estrada onde não existe perdão e nem limites de velocidade, ela se jogou. Decidiu fazer de tudo para ser ouvida. Até onde você ir...