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   — A aula dessa cara é um saco, ele também, inclusive. Não sei como algumas garotas ainda conseguem vê-lo como alguém atraente e legal.

   Falou Beatriz, arrumando sua mochila e recolhendo seus livros, preparando-se para a aula seguinte, que seria no andar de cima ao que estavam naquele momento.

   — Eu concordo com você. Ele é tão ... Convencido e chato. Me dá até nojo.

   Era o que queria acreditar a mais velha. Aquele professor era só um chato, convencido, metido ao melhor.

   Andaram até o próximo destino, próxima aula do dia, inglês, aula essa que ambas as meninas eram muito boas, já que eram estrangeiras.

   Entraram no grande comodo, era uma aula com muitos alunos, por isso o grande exagero no comprimento quadrado da sala. Sentaram-se uma ao lado da outra, animadas, pois o professor querido havia chegado completamente simpático, diferente do anterior.

. . .

   — Você não vai mesmo agora?

   As aulas do dia haviam acabado, eram próximo das quatro da tarde e Beatriz se despedia da amiga, que queria ir embora.

   — Não. Vou procurar umas coisas na biblioteca, encontro com você em casa, pode ser?

   — Só não demore.

   — Não irei, mamãe!

   Elas se despediram, seguindo cada uma um caminho. Beatriz para a biblioteca para estudar e, consequentemente, flertar um pouco com o bibliotecário bonito.

   Mariana seguiu caminho para casa, calma e distraída, chutando as folhas de outono caídas ao chão. Olhou brevemente para a rua vazia e resolveu atravessa-la.

   Seus pensamentos foram cortados com o soar alto de uma buzina de carro próxima, parou no lugar que passava olhando para o lado de origem do barulho. Um carro preto estava parado e dele descia o motivo dos pensamentos da garota.

   O professor de publicidade, Min YoonGi.

. . .

   Chegou em casa cansada da caminhada no fim da tarde, olhou em volta o silêncio do comodo, era tão perturbador que seus pensamentos eram ecoados.

   — ARGH!

   Estava em uma confusão interna, uma luta entre razão e emoção e se perguntando por que. Por que um mero professor arrogante estava deixando-a com o sentimentos a mil?

   Se jogou no sofá azulado da sala, tirando as meias dos pés cansados, olhando o teto branco gelo refletindo a luz florescente da lampada. Esboçava palavras por todas as paredes claras, como uma alucinação de louca.

   Havia ele em tudo.

   — QUE MERDA!

   Estava indignada com a quantidade de afeto criada pelo professor em tão pouco tempo. Não o conhecia, não sabia nada sobre ele, havia, até então, trocado no máximo vinte palavras com o mesmo.

Não havia uma justificativa para isso. 

   — Mari!

   A porta foi aberta com certa força e uma garota baixa passou pela abertura da parede com muita energia.

   — Oi?! – Mari disse arrumando-se no sofá, encarou Bia com certa dúvida nos olhar.

   — Amiga, a biblioteca é tão linda!

   A mais nova estava pensativa, lembrando do bibliotecário e da conversa sobre o curso que faziam. Aquilo era uma vitória para a menina, que observava o garoto alto, dos cabelos e olhos escuros, a cerca de um ano.

   — Não precisa omitir o real motivo de sua ida à biblioteca. Te conheço e sei da verdade só de olhar o brilho de seus olhos.

   — Não sei do que você está falando, eu fui até lá para adquirir o belo conhecimento. – tinha lados significativos e sonhadores nas palavras da garota.

   — E para paquerar o bibliotecário também. 

   A mais alta viu os olhos brilharem e as bochechas corarem da amiga. O sorriso cobriu os lábios rosados de Beatriz, que estava ainda mais pensativa.

   — Enfim, se sente melhor?

   — Eu não estou doente. 

   — Não estou falando de doença viral ou bacteriana. Estou falando de pensamentos avulsos na sua cabeça. 

   — Não sei do que estás falando.

   — Eu não sei o motivo de seus pensamentos, mas que há uma monte deles vagando aí, tem sim.

   — O que vamos comer hoje?

   — Vou deixar você mudar de assunto só por que estou com fome.

   — Eu não quero cozinhar hoje.

   — Então vamos à algum lugar para comer, por favor.

   Ambas calçaram os sapatos novamente e andaram animadas pelas ruas já escuras do bairro muito movimentado.

   Pararam em frente a um restaurante de frango empanado, se olharam e com sorrisos sapecas entraram alegres como crianças. Sentaram-se numa mesa mais ao fundo do restaurante, pedindo frango empanado com vários sabores e cerveja, para desestressar e fugir dos pensamentos.

. . .

◀ Dois Lados Seus ▶myg (REVISADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora