Capítulo Dois.
Você lembra?
Até as rosas mais bonitas tem espinhos, outras são puro veneno, como o vermelho, a cor do sangue, mas algumas escondem seus pecados, pois todos eles fazem crescer espinhos. Por isso sou cheia deles.
Ao ouvir aquele nome meus espinhos viraram Pétalas, pétalas que brotaram como uma rosa.
Ao ver aqueles cabelos loiros amarrados por um coque de cabelo mal feito meu coração acelerou, aquela pele um pouco pálida, e por último, seus olhos bem castanhos, chegava a ser da cor do mel. Era impossível que ela vivesse tanto tempo assim. Já se passaram duzentos anos e Blair ainda estava viva. Por um lado eu estava feliz, mas por outro, eu estava confusa. Não queria acreditar que era Blair. Poderia ser um metamorfo querendo me pregar uma peça de novo ou algo assim.
Minha mão estava tremendo tanto que deixei o celular cair. A tela rachou. O que significa que era mais um dos treze para o lixo. Mandei um SMS para Ronan, o chefe do departamento de experiências do ciclo de ouros dizendo que o voo iria atrasar, o que significa que eu estaria dizendo um sim ao serviço.
Blair estava discutindo com a atendente do aeroporto. Eu queria vê-la. Queria olhar em seus olhos e dizer que sinto e senti sua falta por dois séculos inteiros. Só que eu não poderia baixar a guarda tão fácil assim, e aliás, não nos vemos a duzentos e setenta anos. Iria bom vê-la, mas não posso simplesmente chegar e dizer um "Oi".
Andei lentamente até a recepcionista dando um empurrão inofensivo em Blair. Minha total atenção foi a recepcionista. Blair me olhava querendo não acreditar em seus olhos. Ela me olhava dos pés a cabeça, e com certeza não estava analisando minhas roupas.
– Onde fica o banheiro mais próximo?
– Suba as escadas e vire a direita.
– Obrigada. – Quando terminei de falar com a recepcionista, olhei friamente para Blair com meus olhos frios. Eu queria demonstrar que não estava surpresa em vê-la, mesmo estando.
Virei de costas e segui até as escadas sem a intenção de ir ao banheiro para fazer certas coisas, mas para que Blair me siga. E pelo visto, o plano foi um sucesso. Ela me seguia com as suas bagagens em mãos.
Eu não precisava de mais um olho para perceber que Blair não tirava os seus de mim, é bem normal fazer isso quando não se vê uma pessoa por mais de duzentos anos.
Nesses Duzentos anos, minha visão do mundo mudou completamente, eu tinha objetivos de criança, aquela criança mimada que queria ter tudo e colocar todos à baixo de seus pés para pisar em suas cabeças em piedade. Eu não merecia estar viva, eu não merecia uma vida.
Entrei no banheiro enxugando as lágrimas que derramei no caminho. Quando Blair entrou no banheiro corri até ela e agarrei seu pescoço contra a parede. Sua expressão era desconforto, meu sorriso irônico estava estampado no rosto.
– Surpresa, Cupcake.
Blair fez um movimento com as mãos que me fez ser jogada contra a parede oposta. Ela caminhava lentamente até mim com um sorriso meigo.
– É bom ver você também. – Ela me soltou e me abraçou com bastante força. – Eu senti saudade.
– Eu também – Respondi na mesma hora. – Essa é a primeira vez que sou sincera em duzentos anos.
Eu estava feliz em vê-la, não me importava como ela estava viva, ou o porquê dela querer estar viva até hoje. O que realmente importa é que estamos nos abraçando novamente, como amigas, como irmãs de mãe diferentes... Bem diferentes.
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Pétalas em meio ao caos (livro 2)
Romance( SE NÃO LEU A PRIMEIRA TEMPORADA, NÃO LEIA A SEGUNDA) (2ª TEMPORADA) Eu cheguei a pensar que minha alma era destinada a ficar entre o sofrimento, e descobri que era somente a pura verdade. Obter o perdão de uma alma que já se foi não é tão fácil a...