Duas Pegadas No Ar

Sala de Espera

Poderia começar de muitas maneiras, poderia começar de uma maneira qualquer mas não, vou começar assim.
Estou sentada numa cadeira , na mesa da minha sala, minha não, a sala de um arquitecto qualquer, eu simplesmente habito aqui. Estou aqui sentada e as luzes dos carros batem de rompante nas gotas da chuva e fazem aparecer sombras de casas abandonadas que se situam perto de mim.
Podia dizer que estou a escrever-te porque estou triste, porque ainda preciso de ti, mas não, so te estou a escrever para me despedir.
Vou-me despedir de tudo o que já vivemos, tudo o que não vivemos. Mas principalmente de ti.
Despir-me de todos os sentimentos que me deixam sempre tao em baixo que já nem sei onde é o ceu.
Mas peço-te que não voltes a falar de mim, dói saber que mesmo eu te deixando irás falar de mim. Peço-te que não chores, porque eu, eu já chorei todos os litros de mar que existem no planeta pela nossa relação.
Qual relação? Aquela que eu acabo agora, com o coração derretido e despedaçado pela dor que nos estou a causar. Simplesmente acabo e choro mais uma vez por ti.