Tempo: Uma Coisa Tão Manipulável

Gêmeos

Oliver

Horário e local desconhecido

Levanto-me do chão úmido aparentando ter sido molhado pela chuva à não muito tempo para conseguir encontrar o caminho de volta para casa.

- Olá!! Tem alguém aí?!! - Grito na esperança de que eu não estivesse só naquela floresta que parecia não ter fim! Eu ouço algo, era o som de um galho quebrando perto de uma árvore não muito longe de mim.

- Ei!! Eu sei que tem alguém!! Apareça!!! - Grito e me surpreedo, era uma garota que estava meio suja, mas mesmo assim era bem bonita!

- Por favor não me machuque! Ah... Quer dizer... Não se aproxime! Eu posso te machucar se você tentar algo! - Ela diz já em posição para me dar um soco!

- Calma! Não precisa me machucar- Digo indo um pouco para trás. Minha primeira impressão foi: Esta garota é meio doida!

- Eu estou perdido! Sabe... - Eu digo coçando a cabeça e ela me interrompe.

- Também está perdido? Que droga!... V-você está mais sujo que eu... Como chegou aqui? - Ela diz puxando assunto e enquanto falamos vamos seguindo em frente. Penso um pouco na pergunta a qual ela me fez, não parei para pensar mas, aquela lembrança de estar estudando... Depois só me lembro de uma forte dor na cabeça e... Acho que pude ter desmaiado.

Alguns dias antes...

2:45 da tarde de domingo, 25/03

- Garoto, está me ouvindo?!! Ei!! - A funcionária tentava num ato inútil chamar minha atenção, porém eu continuava simplesmente hipnotizado com aquela cena, quem era ele?!

- Oliver!! - Rebecca grita e finalmente conseguem chamar minha atenção novamente.

- Ah... O-o que foi?! - Digo meio tonto

- O que foi?! Ah, deixa para lá! Vamos para um médico, acho que você deve estar meio maluco! - Ela diz e me puxa pelo braço para fora da biblioteca. - Não dormiu hoje?!

- Eu juro que vi um homem lá! - Digo quase gritando, fiquei bravo por ela pensar que estava ficando louco, depois disso ela parece que tinha desistido do assunto, provavelmente viu que de um jeito ou de outro não ia dar em nada!

- Quer saber? Deixa isso pra lá! Vamos para casa, acho que você precisa dormir um pouco! Vamos antes que a chuva aumente! - Fomos caminhando até minha casa num longo, chuvoso e constrangedor caminho silencioso.

Quando chegamos à minha casa, vi Patrick em casa sentado na porta mais desanimado que o comum, ele como sempre estava todo de preto, de uma blusa com capuz e o que me deixou assustado, além de estar todo encharcado pela chuva ( ele é cabeça dura demais para me ouvir e levar um guarda-chuva!) manchas vermelhas em suas roupas. Ele estava de cabeça baixa, não dava para ver seu rosto, mas conclui que ele pudesse estar chorando, ou melhor, tentando chorar em silêncio.

- Rebecca, nos falamos mais tarde, está bem? - Digo e mesmo ela parecendo estar tão preocupada quanto eu, suponho que ela tenha entendido que é um assunto de família.

- Está bem, então até mais tarde! - Ela diz e vai embora.

Quando Patrick vê que ela se foi, entra em casa e não olha para trás, só me chama nervoso como se eu fosse culpado de algo.

- O que aconteceu, Patrick?! - Eu pergunto ansioso, ele começa a andar de um lado para outro na sala indo e voltando com as mãos em sua cabeça.

- Eu não aguento mais, não aguento!! Aqueles idiotas quebraram as janelas e meu chefe tirou o prejuízo do meu salário porque disseram que fui eu!! - Ele grita mais nervoso do que eu já estava acostumado. Pensei que isso era normal de um adolescente, mas meu irmão está sempre irritado, e pior, parece que "os gêmeos" voltaram!

- Calma, Patrick! ... Quem quebrou a janela?! - Eu pergunto e tento acalma-lo, mas já sei o que irá responder.

- Foram os gêmeos! - Ele diz e me olha com uma cara de " isto não é óbvio?". A alguns meses atrás, Patrick começou a ver um par de gêmeos, disse que eles não gostam dele e que fazem de tudo para que ele se dê mau! Eu e minha já falecida tia levamos ele para um psicólogo, porém isso deixou ele mais irritado porque dizia que ninguém acreditava nele. Mas o pior é que estou começando a entende-lo, como posso ter visto aquele homem e ninguém mais viu? Do nada ele simplesmente sumiu sem deixar rastro!

- O que eles disseram desta vez? - Pergunto

- Disseram que sou um ladrão, e que se eu não devolvesse um cara lá ia ficar muito nervoso!

- Que cara?

- Um tal de... Andrew... Eu acho. - Assim que ele disse o nome, me veio uma forte dor de cabeça, me senti tonto e minha visão foi tomada por uma completa escuridão. Tudo o que ouvi antes de apagar completamente foi Patrick gritando desesperado por mim, e depois, veio o desmaio.

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