O que aconteceu com você, hein Stênio?

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Capítulo 4

Naquela noite, Barros foi dormir com uma única certeza: Traria Heloísa de volta para sua família, nem que para isso precisasse mover o mundo. O plano já estava todo elaborado, nada poderia dar errado.

A manhã no Rio de Janeiro estava fria, muito fria. No céu, nuvens pretas o decoravam, indicando que uma forte tempestade estava por vir. O céu só não estava pior que Stênio Alencar. O homem estava em uma situação deplorável, não deixava ninguém entrar no quarto, nem mesmo Creusa ou Drika. As pessoas só o viam quando ele ia trabalhar, e quando ía.

Todas as madrugadas, Stênio chegava bêbado, carregado pelo porteiro. Sempre chorando, gritando, chamando pela esposa.

Todas as madrugadas, Drika chorava. Era difícil pra ela ver o pai nessa situação, era difícil pra ela não se sentir culpada, ao perceber o quão idiota foi por não dar valor ao amor da mãe enquanto pôde.

- Entendeu, Ricardo? - Assim que chegou na PF, Barros solicitou uma reunião com quem ele tinha certeza que seria fundamental no plano.

- Como você conseguiu essas informações, Barros? - Amália, uma das agentes da Interpol que estava ajudando no caso " H " pergunta desconfiada.

- Não interessa como eu consegui, é confidencial e o informante pediu para não ser identificado. A única coisa que você tem que se preocupar é em executar a sua parte do plano.

- Olha aqui, seu... - Levanta a voz, quem ele pensa que é pra tratá-la daquela forma?

- CHEGA. - Henrique, o diretor-geral da PF bate na mesa os assustando, estava farto daquelas brigas desnecessárias. Precisavam ajudar Heloísa, precisavam acabar com a máfia. - EU NÃO QUERO MAIS SABER DE BRIGAS NESSA DELEGACIA. - Se senta novamente abaixando o tom de voz. - Deixem os problemas pessoais em casa, nós temos que nos concentrar em uma forma de infiltrar alguns agentes no meio da máfia. Começando por você Barros, eu tive uma ideia e... - Ao final da reunião tudo estava acertado, apesar do desentendimento inicial, Barros e Amália trabalharam juntos sem nenhum problema.

Ao anoitecer, Stênio saí do escritório seguindo em direção ao bar tão conhecido por ele. Nos últimos meses, a bebida era seu único consolo, sua única companhia. Ele não era um álcoolico, só não conseguia mais se manter sóbrio sabendo que a mulher não estaria mais alí, não iria brigar caso ele chegasse cheirando a bebida, não iria colocá-lo pra dormir no quarto de hóspedes caso ele escondesse alguma burrada de Drika e Pepeu. Enfim, a esposa não estaria ali, não mais.

- E ai, doutor. - Adalto, um dos garçons assim que o vê adentrar o bar, vai comprimenta-lo. Stênio ia tanto naquele lugar, que já era conhecido por todos.

- Ô Adalto, tudo bom?

- Tudo certo, e o senhor?

- Na mesma. É, trás uma garrafa de vodka pra mim.

- Mas já? O senhor sempre começa com uma cervejinha. Tem certeza?

- Hoje seria nosso aniversário de re-casamento. - De início o cara não entendeu, mas ao ver o " amigo " abaixar a cabeça tocando no anel de casamento, ele logo percebe que Stênio falava da esposa.

- Oh patrão. O senhor tem que seguir em frente, eu sei que é difícil. Nessa vida, sempre precisamos passar por algo difícil para aprender a dar valor, para saber o valor. Você não vê eu, perdi casa, filho, esposa, emprego e mesmo assim eu continuei, a vida é pra ser vivida, a doutora foi sua melhor parte, porém ela não está mais aqui e o senhor tem que aprender a lidar com isso. - Stênio o olhava surpreso, durante o tempo que passava alí, o garçom nunca dava palpite, apenas enchia o copo do advogado e o ouvia. - Eu tô falando isso tudo, porque já fazem meses que o senhor aparece por aqui. Sempre saí carregado, sempre saí gritando e chorando. Dói? Claro que dói, mas você tem que superar.

- Eu agradeço a sua preocupação, mas hoje eu só quero beber. Só quero esquecer. Trás a garrafa de vodka.

- HELÔ, OH HELÔ. HELOZINHAAAAA - Drika acorda assustada pelos gritos do pai, nunca se acostumaria com aquilo, era triste ver um homem como o pai se transformar em um bêbado largado.

- Pai. - Já chorando, a garota se ajoelha ao lado dele no sofá.

- Cadê ela, Drika? Cadê a minha mulher? - Estava tão bêbado, que até a fala estava difícil de ser entendida.

- Pai - soluçou - Por que você faz isso? por que você tá se destruindo? Você sabe que a mamãe não vai voltar, ela ta morta. Se conforma pelo amor de Deus. Eu não aguento mais te ver assim, não aguento mais ter que te carregar pro quarto, te dar banho, te ver acabar com a sua vida. Eu sei que dói, eu também sofro pela morte dela, mas a vida se segue pra frente.

- Hoje seria nosso aniversário de casamento, eu me contentaria com ela trabalhando até tarde, com ela esquecendo que dia é hoje, me contentaria até com ela me expulsando do quarto. Mas me conformar por ela ter morrido de uma forma tão brutal, tão horrível. Isso nunca, e se a polícia não faz nada pra colocar esses desgraçados na cadeia, eu vou fazer. - Começa a chorar novamente. - Trás ela de volta Drika, eu quero a minha Helozinha de volta. Trás ela, trás.

- Oh pai. - Consola até perceber que ele havia dormido, indo até o quarto para buscar um cobertor, Drika se perde nas inúmeras fotos e lembranças da mãe.

***

Oi gente, queria dedicar esse capítulo a todas vocês, mas especialmente a Keith.
Então, ta rolando um grupo no whatsapp, um grupo GN/ANTONERO tanto faz e se alguma GN quiser participar é só mandar o número em privado.
Também se alguém quiser me seguir, xingar ou fazer alguma reclamação meu twitter é @putzantonero. É isso, os próximos capítulos eu vou tentar não demorar muito, porque já quero finalizar. Chega de falação e obrigada por lerem. 💘

Eu imaginei a minha vida sem você, e foi insuportávelOnde histórias criam vida. Descubra agora