Night Changes ( H.S )

Capitulo 1

Para aqueles que me conhecem e não me conhecem, prazer sou a Vitória, tenho 17 anos, sou mulata, cabelo cacheado um pouco abaixo dos ombros, olhos negros tal como a cor do meu cabelo, lábios carnudos, modéstia à parte mas quando passo na rua as pessoas olham talvez seja porque tenho algum defeito ou então me acham gostosa...

Como sempre, no meu horário às quartas-feiras, saio à uma da tarde, almoço e a seguir vou para o twitter. Está têm sido a minha vida. Vida de fã. Muitas vão pensar que é uma seca ou então vão criticar por ser fã de uma bandinha gay. Se isso me afeta? Sinceramente não, estou pouco me importando com isso, pra não dizer outra coisa.

Esta sou eu, esta é a minha vida, esta é a minha história.

Foi numa das tardes mais chatas da minha vida que tudo começou. Estava eu sozinha em casa apenas na companhia dos meus cães deitada no sofá sem nada para fazer quando o meu iPhone fez sinal de notificação. Peguei para ver quem era e ao desbloqueá-lo uma notificação dos One Di iluminou o ecrã, acho que não o mencionei mas sim eu sou fã, sou obcecada, sou directioner.

"Where We Are Tour started now"

- OMG... NÃO ACREDITO – desatei aos berros e do nada comecei a chorar.

- OMG OMG OMG aí Jesus, espero que Portugal esteja incluído! –

Já não sabia o que havia de fazer, quem me visse ia achar que eu era tolinha, quer dizer, estou a chorar e aos gritos pela casa fora...

Agora passando a segunda fase... Bilhetes?

Entrei no link associado ao tweet e logo apareceram todos os países sortudos, procurei por Portugal e lá estava ele e logo depois consegui todas as informações.

Esta era a minha chance, eu tinha que os ver e quem sabe os conhecer, mas o melhor é esquecer essa parte, não me posso iludir a esse ponto.

Pelos vistos o concerto ia-se realizar no estádio do Dragão e os bilhetes para o relvado da frente são 69€ e para minha sorte eu já tenho juntados cerca de 80€ por isso tratei logo de comprar um pela net antes que se esgotassem.

O resto da tarde foi perfeita. Confesso que não fiz mais nada de mais, pois só aquela emoção e a sensação que os iria ver mudou completamente o meu mundo, já me deixou muito excitada.

Agora só faltava contar aos meus pais a grande notícia, aposto que vão ficar mega contentes porque sabem que é o meu sonho.

Era por volta das 19h30 quando os meus pais chegaram juntamente com o meu irmão a casa. Ainda não sei como vou falar com a minha mãe, pois é... Aí está o pior, é que ela nunca aceita as minhas decisões, então na compra do bilhete ela vai passar se comigo, mas também não quero saber, já tenho 17 anos brevemente 18.

-Vitória, chegamos! – ouvi o meu pai a avisar me da sala.

Nervosamente entro na sala e dou o meu melhor sorriso é claro cumprimento os com um beijinho. Não é que o sorriso seja falso, não de todo, mas é que com os nervos não posso deixar transmitir o que sinto, procuro sempre ser forte e fria apesar de ser bastante sensível, prefiro colocar uma máscara.

-Então Diogo, como correu a escola? – pergunto ao meu irmão.

-Bem, não fiz muita coisa, mas ainda bem... – sorriu e abano a cabeça negativamente. Sério? Este rapaz apesar de ser mais novo que eu apenas quatro anos consegue ser mesmo preguiçoso.

Mas voltando ao principal assunto, sei que já estou a fugir da conversa para poder ter um pouco mais de tempo para ganhar coragem, mas bem tem que ser agora.

Espero uns minutinhos até o meu pai sair da beira da minha mãe para outra divisão e conto mentalmente até 20. Inspiro mais uma vez fundo e sento me numa cadeira virada para a sua frente. É agora...

-Mãe – prolongo a palavra mimadamente. – Bem os One Di anunciaram hoje á tarde uma tour em que um dos concertos é cá em Portugal... – prolongo e tento falar o mais calmamente possível. Vocês não têm noção mas estou capaz de vomitar o meu coração com os nervos...

-Sim...e? –ela olha para mim e volta a fazer o que está a fazer, neste caso a cozinhar, fazendo se despercebida.

-É bem... Eu vou vê los no estádio do dragão. – sorriu minimamente para tentar aliviar o ambiente. Mas pelos vistos não valeu a pena...

-Aí vais e com que autorização? – Ela vira se totalmente para mim com uma sobrancelha erguida.

-Ugh serio mãe? Já tenho 17 anos não? Já sou capaz de me desenrascar sozinha e além disso tu sabes que é o meu sonho conhece los.

- Não Vitória que eu saiba é debaixo do meu teto que moras e são as minhas regras que vais seguir, por isso não vais a essa merda de concerto. – as suas palavras eram firmes e tal como a conheço sei que já estou a passar da linha, mas que se lixe, é o meu sonho é ela não mo pode estragar.

-Como não mãe? Estás a ser injusta e a destruir o meu sonho. Se o problema foi o facto de não te ter pedido autorização, desculpa mas é que informei te não? Tenho 17 anos e já me podias dar um voto de confiança.

-Como é que queres que confie em ti Vitória? És tão infantil atrás de uns miuditos, cresce caralho! Já estou farta de ter ouvir falar nessa merda de banda. Já tens 17 anos e não fazes mais nada para além de estar na internet. Entende que nunca os verás, tocaras nem terás nada com eles. És uma em milhões de fãs e se continuares a sim nem eles nem ninguém vais ter para o resto da tua vida. – gritou me já a pouca distância de mim. Lágrimas começam me a escorrer pelo rosto e milhões de palavras passam me pela cabeça, palavras essas que lhe gostava de atirar à cara mas vou apenas basear me.

-Sabes que mais estou farta que me trates assim, tens mais respeito a animais do que a mim? Eu que sou tua filha é sério... Isto é só um concerto não é como se eu me fosse drogar ou assim.

Do nada sinto um ardor na minha bochecha. Não acredito ela mandou me um estalo,o que não acontecia à meses. Sem pensar em mais nada e para não lhe pagar na mesma moeda vou a correr para o meu quarto pego numa mal e ponho o máximo que consigo lá dentro. Desço as escadas e lá está ela como se nada tivesse acontecido falando com o meu pai, provavelmente a fazer queixinhas.

-Desculpa pai eu amo te nunca te esqueças disso. O mesmo para ti Diogo. – dou lhes um último abraço obviamente ignorando a minha mãe. Chego á porta respiro fundo e este é o fim, ou o começo de uma nova etapa.