50 – Volte pra mim!
Sarah se viu naquela noite terrível.
As vozes em sua cabeça tão altas. Seus olhos projetando cada detalhe. A mente acelerando e acelerando. Ela estremeceu. A poeira debaixo da cama brincou com seu nariz, e ela segurou a vontade de espirrar.
Então o som de madeira estilhaçando explodiu dentro do quarto. Ela escutou o grito abafado da mãe. Dali debaixo só via os tornozelos dela. Os pés dentro de uma delicada sandália de salto prateada. Já os do pai estavam em um seus já surrados sapatos pretos.
Eles tinham vindo de uma festa, e a babá tinha saído não tinha menos de vinte minutos. E Sarah só sabia pular ao redor deles e contar o que tinha feito naquela noite. Obviamente Amanda a obrigara a desenhar. Mas ela também comeu pipoca doce e assistira desenhos.
Mas os sons de pneus cantando anunciaram a chegada de algo. Sua mãe correu em direção à janela da frente e se virou assustada. Seu rosto dizia algo que somente o pai parecia entender.
Um segundo depois, Sarah já estava nos braços do pai subindo as escadas rapidamente. Assim que os três entraram no quarto, a mãe a abraçou. Ela tremia, e Sarah não entendia o por que. Ela tinha grandes olhos castanhos. Iguais aos de Sarah. E eram tão cheios de brilho, que naquele instante vacilavam.
Ela beijou sua testa, a abraçou novamente e sussurrou: Fique segura querida!
O pai se aproximou, um joelho no chão e abraçou-a também. Beijou sua testa no mesmo lugar que a mãe. E deu um sorriso rápido.
Sarah pegou na mão da mãe, e ela mandou ir para debaixo da cama.
Tudo passou tão rapidamente diante dela. Os passos firmes dentro do quarto. Os pais acuados num canto distante. O coração dela se acelerou. E ela sentiu as lágrimas quentes tocaram seu rosto.
Então os disparos. Tantos. Tantos. Sarah sentiu no peito cada um deles. Ela se arrastou um pouco mais. E viu os homens com suas tatuagens. Eles. E a memória foi se apagando. Tudo ficou embaçado. Sarah piscou. Os sons dos tiros ainda ecoando em sua mente. E um vazio se aplacou dentro dela.
-Sarah... – John agora cheirava Augus no pescoço. – Sua amiguinha aqui... É interessante. Você já reparou que ela anda descalço?
Ele gargalhou.
-Então, sei que já reviveu aquela noite – John cheirou Augus novamente. – A lembrança de seus pais. Coitados. Mortos na frente da pequena filha. Uma pena. É bem trágico. Se meu pai tivesse se dado ao trabalho de vistoriar a casa. Teria encontrado a pequena Sarah acuada debaixo da cama. A teria matado. E nós não estaríamos aqui... Agora.
Sarah olhou para ele. Os olhos grudentos. Que ele a matasse então, se era aquilo que queria. Mas que não fizesse nada com Augus. Não o mesmo que tinha feito com Sam...
-A culpa é sua minha querida! – a voz dele se elevou. – Quando morrer... E você vai morrer hoje. Levará consigo o sangue dos seus amigos!
Sarah olhou para John. Estavam cara a cara agora. A fúria venenosa nos dele. E um medo contido nos dela.
***
Erica olhou para Tony, enquanto ele saia do palco.
Agora eram só ela e Diego. Os dois sozinhos com uma multidão a frente deles. O coração dela bateu mais rápido quando ela lembrou-se do que veria a seguir nessa cena.
-Ele... – falou Diego.
Estava usando uma camisa branca com uma jaqueta de couro preta por cima. Parecia James Dean. Ele estava bonito.
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Pirulito Cor-de-Rosa
Novela JuvenilPLÁGIO É CRIME! TODAS AS INFORMAÇÕES SÃO FICTÍCIAS! INSPIRADA EM "GOSSIP GIRL" O mundo dos estudantes da escola Westwood High nunca foi o mesmo desde que o "Pirulito Cor-de-Rosa" surgiu. O site de fofocas sobre os alunos populares bomba praticamente...