Histórias de Amor de Quem Não Sabe Nada do Amor

Lugar Sagrado

Lugar Sagrado

Domingo, 20/02/2016

Pela primeira vez depois de 7 meses estou de volta ao pub que nós frequentávamos. Eu ainda tinha cicatrizes desse relacionamento. E desde que meus novos amigos disseram que precisávamos ir no mesmo lugar que o conheci, não sei se estava cheio de expectativa ou medo de o rever, eu coração gelava. O mínimo contato que tivéssemos poderia me fazer surtar, mas já tinha planejado tudo, ensaiado por semanas. Iria ignorar-lo igual havia feito comigo quando pensei que podia contar com ele, mas preferiu não me responder no whatsapp.
Depois de um tempo sentado, achando que não o veria lá, jurando que tinha deixado de ir no Valentin Pub's, resolvi parar de me importar e tentar me divertir. Afinal, para isso que estava ali. Distraído, comecei a pensar em que pedir. Acho que seria uma boa hora pra um Cosmopolitan.
Sabe quando você sente um frio na barriga, do nada? Então, só que dessa vez senti uma mão cruzando meu ombro. Era ele. Levei um susto quando o vi tão perto. Quando me virei, uau, aquele sorriso que me encantou desde o primeiro dia e me fez chorar por noites estava lá diante de mim. Não sabia o que fazer ou dizer.
"Oi"
"O-oi"
"Há quanto tempo"
"Sim... Uau, você tá bem." (Sim, eu mais afirmei que perguntei)
Eu tremia, não conseguia raciocinar e seguir o "plano". Não existia ninguém ao redor, é como se todos tivessem sumido. Só nós dois e nossas cores.
"Tô bem sim, e você?" - ele disse com um sorriso de ironia na voz, claramente lendo "assustado" na minha testa
"Também tô bem" (se chorar todas as vezes que ouço ou lembro da letra de Last Kiss da Taylor Swift é estar feliz...)
"Você está sozinho?"
"Bem, agora sim, mas daqui a pouco minhas amigas e meu irmão vão chegar"
"Ah, e você vai voltar pra sua casa com ele?" - nesse momento meu coração parou ao lembrar dos momentos no carro do dito cujo.
"Provavelmente sim. Por quê?"
"Nada... Então aproveite sua noite, espero te ver de novo. " (e abriu aquele sorriso).
"Obrigado"
Eu sorri e me virei, ele se afastou alguns passos. Começou a tocar Summer do Calvin Harris e eu pude perceber que ficou me olhando por uns 30 segundos antes de partir, 2014 voltou a tona enquanto seu olhar me penetrava.

Faz tanto tempo que eu não me sentia daquele jeito, sabe? Sem aquela dorzinha chata que incomoda, um pouco em baixo do coração. Ela havia sumido e, no lugar daquela pequena lagarta que tinha encasulado, estava de volta uma linda borboleta rosa na minha barriga, uma borboleta que voava livremente.
De repente, eu senti que precisava contar tudo pra ele, que ainda o amo. Precisava mesmo, não aguentava mais guardar dentro de mim aquele sentimento. Eu queria ele de volta igual o quadro do Rodrigo Faro, e senti que podia ser recíproco.
Eu tinha passado por dias em que não conseguia nem sorrir ou sair de casa, mas ultimamente estava num estado de graça, tinha a consciência de que só eu poderia mudar meu mundo, não queria continuar triste ou escondendo aquele sentimento, ainda o amava.
Levantei e olhei em volta, procurando por ele, o único cara que eu me apaixonei verdadeiramente. Você talvez esteja achando isso tudo muito clichê adolescente, e eu também acho. Mas a vida não é um eterno clichê? Um espiral que você só desce e nunca consegue voltar, só aprende como ir caindo de maneira mais leve? Que mesmo todos com seus individualismos, todos riem, sofrem, choram e se apaixonam, acha que a vida da pessoa ao lado é melhor e mais feliz...
Reconheci ele de longe, corri até ele afastando as pessoas e disse "Ei"sorrindo. Ele estava olhando para um copo de Coca-Cola que estava pela metade na mesa, quando ergueu a cabeça para me ver, já colocando aquele aquele sorriso lindo no rosto, pensei que iria desmaiar e não conseguiria mais falar nada, só contemplaria aquele filho de Afrodite.
"Eu estava pensando e preciso falar com você."
"Eu também estava pensando e... Eu também."

INTERLUDE

Tudo começou naquele dia, naquele enorme e novo estacionamento, por mera coincidência, destino, whatever... Eu estava junto dos meus amigos, você desceu do seu carro. Te olhei e por dentro fiquei "uau". Por fora, com aquela camada de dureza que mantinha, apenas olhei pra você. Minha amiga disse que meus olhos brilharam, era a única coisa que não podia esconder. Logo fomos apresentados e eu soube seu nome. Enquanto íamos pro boliche no carro do Rick, comecei a pensar em você, em nós, mesmo sem querer. Era loucura, errado e realmente impossível. Achava isso até que descemos do carro e você sorriu pra mim. Estava completamente apaixonado.

Você era diferente de todos, descobri que eu também, e aquela noite foi longa. Demorei para dormir, e qualquer música da minha playlist lembrava você. Três dias depois te achei no Facebook. Outra coincidência, já que seu sorriso apareceu na lista de "amigos sugeridos". Enviei uma solicitação de amizade, o que foi um erro. Aquele erro bom de ser cometido. Demorei pra criar aquela coragem e te chamar no chat. Você foi logo mandando um "Oi :)" e meu coração acelerou no ritmo de ragatanga. Começamos com todas aquelas coisas de "como vai? Vou bem" e depois eu não sabia o que falar. A unica coisa que pensei foi " seu celular é um IPhone, né? Legal, tô pensando em comprar um". Quando percebi, estávamos falando de artistas indies que ninguém conhece. No final da conversa, não aguentei e perguntei quando nos veríamos de novo. "Com 'nós' eu quis dizer a nossa turma", eu disse. "Hahaha. O que você acha de sábado? Talvez eles não possam ir rs", você respondeu.

Puta merda.

E essa foi a primeira semana.

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"O amor é um jogo cruel, a não ser que você o jogue direito" - TAYLOR SWIFT