Capítulo 32 - Sentimentos

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Estávamos ainda no começo do percurso, mas Pedro decidiu abastecer logo para evitar transtornos futuros.

Decidimos ir por um caminho o mais próximo do litoral possível e visitamos tantas praias entre Recife e Aracajú, de belezas tão deslumbrantes, que parecia que estávamos dentro de um daqueles filmes cinematográficos. Não quis que aquilo acabasse nem tão cedo.

Vimos que era possível tomar banho na praia de Boa Viagem sem sermos comidos por tubarões; nadamos nas piscinas naturais de Porto de Galinhas e não achamos nenhuma galinha andando pela rua do lugar (a não ser aquelas que davam em cima de André); passamos as noites em pousadas e comemos bobó de camarão e moqueca de peixe; praticamos mergulho em Maragogi e andamos de lancha em Paripueira.

Não rolou estresse, desavenças ou qualquer tipo de conflito entre nós, apenas zoação, curtição e tiração de onda. Lyanna e eu estávamos muito próximas agora, acredito que mais do que antes e ela, claramente, estava bem receptiva em relação à tudo. Bia resolveu desgrudar um pouco do namorado e dar mais atenção aos amigos e Pedro parecia cada vez menos ajuizado, não sei o que acontece com esse moço. Eu sabia que ele e Ly trocavam um beijo ou outro nas escapadas que davam por aí e a garota já estava toda amolecida.

Agora eu e André vivíamos uma espécie de lua de mel. Isso mesmo. Nós nem sequer namorávamos, mas não ligavámos para isso, quer dizer, eu não ligava. André durante esses dias vinha com um papo bizarro de namoro, mas tanto eu como ele sabíamos que não podíamos namorar, já que, inevitavelmente, em poucos dias teríamos que acabar. A separação seria mais dolorosa assim.

Passamos quatro dias até chegarmos no Estado de Sergipe e eu desejei que o tempo estivesse em câmera lenta, pois todas as paradas eram extremamente magníficas e exuberantes. Mas claro que tudo que é bom dura pouco.

***

07/01 - 11:03 A.M.

- Sabem que a última parada está próxima, não é mesmo? - Pedro indagou, enquanto dirigia sua querida Ana Júlia.

Ele jurou para si mesmo que nunca mais ficaria doente e ninguém jamais tocaria em seu carro novamente. Ainda paramos em uma oficina para consertar os arranhões e o amassado na lateral da lata-velha.

- Infelizmente sim, mano - Cabeça suspirou. Lamentável, mas era melhor aproveitar o restante do tempo sem pensar no final, já que depois apenas viraria lembrança.

- Vamos nos hospedar num hostel dessa vez, aí fica todo mundo junto - ele afirma e Bia fala, depois de uns segundos de reflexão:

- Safado! Quer dormir com Lyanna, né, fi? - Pedro sorri e Ly vira o rosto para a janela, fingindo que não ouviu aquilo.

- Com vocês lá no quarto não dá pra fazer muita coisa mesmo - ele explica e dá de ombros.

- Pedro, acho que já chegamos - Ly diz e aponta para a frente.

- Não chegamos, não.

- Ah, pensei. E falta quanto tempo? - ela claramente queria mudar de assunto.

- Você quer dormir comigo? - o garoto indaga. An? Ly olha para ele com uma expressão do tipo "o que isso tem a ver a com a minha pergunta?". Ele volta a si. - Ahn... Uns cinco minutos. Chegamos em cinco minutos.

Eu olhei para Bia à minha esquerda levantando uma sobrancelha e ela juntou as dela em confusão.

- Por que não se assumem logo? - Bianca foi bem direta agora. Eles não responderam, então eu me intrometi.

- Devem ter medo de que o amor invada esses coraçõesinhos de pedra.

- Isso mesmo. Mas eles não sabem o que estão perdendo. O amor sendo bem administrado só nos traz alegria e momentos de prazer - Bia disse e Cabeça, lá do banco da frente, deu a mão para ela apertar, sorrindo.

O Verão de HELENAOnde histórias criam vida. Descubra agora