9| This isn't gonna work

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"In my recovery, i'm a soldier in the war, i have broken down walls
I defind, I disare, my recovery"
          
                              — Recovery

— Me diz o que está havendo entre você e o Cameron — minha tia pede uma explicação assim que me vê com os olhos inchados de tanto chorar. Como ela sabe?

— Como você sabe que envolve ele? — eu pergunto sentando-me à mesa e me servindo com suco fresquinho.

— Eu o vi passando pelos portões de madrugada — dá de ombros. — Não esqueça que temos câmeras por todos os cantos — ela diz bebericando seu café.

Explico à ela tudo o que aconteceu, menos a parte em que ele revela o porquê de ter sido mandado para um reformatório. Se Adam não contou até agora, não seria eu a abrir a boca.
Depois que ele saiu, eu me senti um lixo. Mais uma vez ele me deixou sozinha, e mesmo depois de ter me contado sobre seu passado. Eu não entendo, pensei que depois disso ele estaria mais aberto com relação à mim.

Quando ele me beijou, senti que uma inquietação se formava em minha barriga, como se eu estivesse prestes a explodir em arco-íris de tão feliz. Não nego que já havia pensado sobre isso antes, e logicamente foi tudo muito melhor do que na minha imaginação. Sua mão percorrendo pela minha pele me causou deliciosos arrepios que, só de pensar, me faz pressionar as pernas uma à outra para conter a excitação. Se apenas com um toque ele já me proporcionava tudo isso, imagine com outras coisas.

Mas eu estava disposta a demonstrar que mereço muito mais. Ou ele quer estar comigo, ou simplesmente não quer. Ele tem que se decidir, porque no final quem sairá machucada será eu.
Após terminar o café da manhã, tomo um banho e troco de roupa. Ponho um casaco de moletom e meu habitual gorro preto. O frio era algo com que eu não conseguia me acostumar tão facilmente. Ainda conseguia me lembrar da sensação quentinha que o ar do Brasil proporcionava.

Meu carro estava na revisão pois havia dado um probleminha na semana passada, por isso Tom me leva até o colégio. Enquanto seguíamos à caminho de lá, eu observava a rua através da janela. Parecia aquelas cenas nostálgicas em que a menina com os sentimentos confusos encosta a testa na merda da janela e fica relembrando sobre tudo o que passou na vida. Até onde eu cheguei?!

Meu celular vibra no bolso traseiro da minha calça e eu dou um pulinho de susto.

Shay: Bom dia, flor do dia!

Bom dia, esquisita.

Shay: Isso que dá tentar ser adorável! Sua ridícula!

Também te amo, querida.
Já vamos nos encontrar na escola, qual foi o motivo da mensagem?

Shay: Você acordou do lado esquerdo hoje, não é possível.
Shay: [Estou com uma cara de psicopata agora, acredite]

Sossega, Maloley! Anda, desembucha.

Shay: Vamos fazer uma festa hoje à noite, lá em casa, às onze. Topa?

Não sei muito bem se é uma boa ideia aceitar ir nessa festa. Na verdade eu não estava muito afim de sair de casa, queria deitar na minha cama, assistir as minhas séries tomando sorvete e dormir até o dia seguinte.
Mas, pensando por um lado, eu precisava me divertir. Falta pouco pra completar um mês morando aqui e eu ainda não fui à uma festa sequer. A única coisa que fiz foi ir ao shopping no dia da festa de caridade da minha tia e mais nada. Nada mesmo.

Tudo bem.
Meu carro está na revisão, posso dormir na sua casa?

Shay: E você ainda pergunta?
Shay: Lógico que sim, Srta. Orlea.

Você está provocando, sua vaca! Espera pra ver!

Shay: Uh-uh, que medo!


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Se avaliarmos por esse lado, o Iluminismo foi uma simples revolução do povo — diz o professor de história. — Como eu sempre digo, o maior ato de rebeldia contra o sistema é saber, aprender. Entender. Na aula de amanhã, eu quero que tragam uma pesquisa sobre o Iluminismo hoje em dia. O trabalho será em dupla, e eu irei sorteá-las.

— Cruze os dedos, gatinha — diz Shay, piscando o olho para mim. Essa menina não tem salvação.

— Noah Presley e Malia Tate — ele retira papeizinhos do saco e lê em voz alta. As duas pessoas sentadas atrás de mim comemoram por terem ficado juntas. Sortudos. — Shaylene Maloley e Roman Dude.

— Ah, qual é! — grita o tal rapaz. Ele era bem bonito, loiro dos olhos azuis. Minha nossa Senhora!

— Como se eu quisesse fazer essa merda com você, Roman — Shay retruca cruzando os braços como uma criança.

— Vocês podem se entender e fazer tudo numa boa, ou simplesmente se separarem e ficar sem a nota. Lembrando que ela vale mais que a metade de toda a pontuação do bimestre — diz o professor com um sorrisinho cômico marcando a expressão. Ele estava se divertindo às custas do alunos!

Esse é dos meus!

Mesmo com bastante relutância, os dois cedem um pouco e aceitam se aturar para fazer a pesquisa. Não entendi o porquê do arranca rabo, mas tudo bem. Os nomes vão sendo sorteados num ritmo extremamente lento. Praticamente todas as pessoas se queixaram de suas duplas. Já disse que quero esganar os idiotas atrás de mim por estarem se gabando?

— Samantha Orlea... — anuncia fazendo com que eu franza o nariz e alguns alunos riem da minha cara. — E Cameron Dallas — os risos cessam e alguns têm expressões de choque.

Eu não tinha expressão alguma. Meus olhos estavam vidrados no quadro e minhas mãos pressionavam a borda da mesa com certa força. Os nós dos meus dedos estavam brancos e doloridos. Mas eu estava tão distraída, que a dor não era nada.

Percorro meus olhos por toda sala à procura de certo moreno que mexe com meus hormônios. Ele não estava lá. E por um momento, isso me deixou praticamente aliviada. Pelo menos eu não teria que dar mais motivos para a atenção de todos na sala.

Vamos, virem-se! Vocês por um acaso perderam algo na minha cara?!

— Por favor, explique ao Dallas sobre o trabalho — o professor olha na minha direção e eu apenas assinto, ainda atordoada.

Isso não vai dar certo... Não mesmo.

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