A sombra no ladrilho (Parte I)

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Jorge estava no CFCH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas) desde cedo lendo pelos corredores. Sabia que só poderia ler normalmente no início do período, e ainda assim lia o mesmo livro desde que começara o curso. Já estava no fim e isso se dava graças a ter lido em um ambiente relativamente calmo, não aguentava mais barulho que parecia aumentar quando queria concentrar-se em algo.

Estava no oitavo andar e sentado num dos cantos nem notou o tempo passando, estava completamente apaixonado pela história e não pretendia pará-la para nada. Algumas pessoas passavam por ele falando alto e não conseguia evitar olhá-las. Todas as vezes que fizera o olhar de repressão se dera de cara com um rapaz alto e careca que também estava no corredor. Não chegou, a saber, que horas ele sentou-se ali, nem que horas se levantou, nem a hora que retornou, nem a que partiu.

Quando terminou já não havia muitas pessoas no andar, e sentia-se acima de tudo satisfeito por ter conseguido ler o resto sem qualquer alvoroço. Passara horas sem se alimentar nem ir ao banheiro e já se sentia apertado depois de tomar água o tempo todo esvaziando a sua garrafa e a de reserva que sempre trazia.

O banheiro estava aberto, o que era um pouco difícil de acontecer. O ladrilho refletia um pouco a luz que vinha. Um dos boxes estava vazio e entrou nele. Retirou a fivela do cinto e abriu o botão, alguém bateu a porta.

-Tem gente. - gritou.

A luz que vinha do corredor mostrara que a pessoa de fato não havia indo embora e agourava pelo espaço reduzido do banheiro esperando que fosse esvaziado. Jorge puxara a cueca e fazia os movimentos com mais calma e lerdeza do que normalmente faria, realmente estava querendo demorar para não aliviar pra o estressado do outro lado da porta.

Mais alguém entrou, viu que estava ocupado e saiu, ia procurar outro lugar pra aliviar-se. Quando terminou de balançar, foi fechando lentamente e pôs a demorar um pouco ainda arrumando a camisa. Saiu e o rapaz já estava impaciente escorado na entrada na porta, formando uma sombra no ladrilho azul.

Jorge saiu e acocorou-se para amarrar os cadarços, não chegou a vê-lo nem de rosto direito. Mas viu suas roupas e sua mochila. Quando fechou a porta rapidamente não se conteve e tentou espiar pela fresta da porta que estava um pouco inclinada.

O cara estava tirando a mochila e pondo-a no chão. Carregava um guarda-chuva que pendurou na parede enquanto começou a retirar o cinto. O botão da calça fazia um som característico por que estava quase caindo. Ele arriou as calças e usava nada por baixo. Começou a mijar com intensidade e era intenso o som do mijo batendo na porcelana do vaso.

Jorge adorava observar os homens tocando no próprio pau desde que era criança e começou a notar que seu interesse era de verdade alguém que também tivesse um pinto. Ele foi passando a mão pela barriga até entrar completamente na cueca e encontrar o seu pau pulsante. Olhou pra trás e ninguém vinha.

Foi caminhando devagar até o corredor pra ver se alguém vinha e quando se virou a porta do box estava se abrindo. Sua mochila estava próxima, e quando correu para pegá-la foi surpreendido pelo careca olhando-o de dentro da cabine com uma cara de espanto que se transformou em tesão. Estava pronto para fechar o zíper quando terminou de abrir e arriou mostrando o pau mole, porém já grande e pendendo.

-Entra.

Ele falava com uma voz máscula e Jorge entrou já desabotoando a calça.

O garoto do 304 Onde histórias criam vida. Descubra agora