The Way He Look

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Vicktoria On

Olhei para o enorme relógio da parede vendo que marcavam sete e meia da manhã certas. Eu já deveria estar acordada à meia hora a trás. Como a minha mãe costuma dizer, eu nunca faço o que deveria. Eu estaria mais entusiasmada para sair da cama se tivesse que ir para algum sítio que eu gostasse, agora ir para a "Mood Company", não obrigada.
Continuo a não perceber porque é que os meus pais querem tanto que eu siga com eles o trabalho da empresa. Eles próprios sabem que não é bem isso que eu quero, de todo.
Preferia estar nos imensos hospitais a fazer voluntariado como sempre faço todos os anos, sem os meus pais saberem.
Eles podem ter toda a fama da empresa, e que são pessoas com dinheiro, mas isso não é tudo, falta-lhes a humildade, e a vontade de ajudar qualquer pessoa. Isso pode mesmo até ser o melhor lado de cada pessoa.
Mas o que eu tenho em mente para o meu futuro é ser escritora, de diversas áreas, escreveria o que sentisse que era bom escrever no momento, mas como sempre soube, não é esse o futuro que eles querem para mim... Incrível não?!
Logo me levantei pegando no meu vestido justo azul russo, com curtas mangas, indo até a cima do joelho, quase estilo pin up. Já sei que se aparecer nas minhas jeans e uma camisola serei massacrada mentalmente pela minha mãe. Assim segui para dentro do banho, tentando relaxar, e esquecer a seca que será hoje. Ao fim de quinze minutos, sai. Voltando a entrar no quarto e vestir-me, logo calcei os meus saltos finos pretos revelando os meus dedos e parte do meu pé. Dei um jeito ao meu cabelo loiro curto, dando a este volume e alguns jeitos. Fiz uma mínima maquilhagem. Peguei na minha mala descendo, agarrando no meu casaco preto de cabedal que se encontrava no bengaleiro da entrada, saindo.
Entrei no meu carro, dando rapidamente rumo à empresa. Após uns dez minutos estacionei. Sem pressas caminhei, e assim as portas automáticas abriram-se. Parei na entrada olhando para todo o espaço cheio de movimentação, como de costume. Arqueei a sobrancelha, respirando fundo. "Lá terá de ser!", meu subconsciente disse. Dei de ombros caminhando.

- Bom dia menina Tower! - Austin chegou até mim - Vai desejar alguma coisa? - pegou no bloco de notas.

- Vicktoria! - meio disse corrigindo - Um café bem forte por favor! - sorri torto.

- Certo! Trago-lhe já! - assentiu.

- Estarei na sala de negócios com os meus pais Austin! - avisei audivelmente.

Mordi meu lábios inferior meio ainda pensando para mim mesma. Despi meu casaco, pondo-o sobre a mala e caminhei até aos elevadores, entrando. Carreguei no botão para o andar que iria, a porta começou a fechar e logo esta parou devido a um pé ter travado a mesma. Uma alta figura, de seus cabelos castanhos ligeiramente compridos com ligeiros caracóis, seus olhos claros bastante verdes quase a mudar para o azul, lábios finos, e uma barba nula, usava uma camisa branca completamente apertada, com as mangas arregaçadas, esta por dentro das calças pretas de fato, a acompanhar com os sapatos pretos casuais, e um enorme bloco de notas na suas mãos igualmente grandes.

- Qual é o seu andar? - por fim falou, revelando uma voz bastante grossa e ligeiramente roca.

- Sexto...- pestanejei despertando.

- Certo...- assentiu meio dando um calmo sorriso de lado, estendendo o seu dedo carregando no mesmo botão que eu carregara.

De imediato senti o elevador arrancar, e subir os andares. Calmamente me encostei um pouco mais a onde estava, agarrando a minha mala e casaco para baixo. Juntei meus pés, olhando para os mesmos, e ao mesmo tempo fintava meus olhos no chão desinteressante do elevador, mordendo meu lábio por dentro.
Confesso que nunca tinha visto esta figura por aqui, ainda para mais com estas características tão... Tão... Próprias, acho que é isso.
Ouvi o suave 'pliim', acusando que tinha chegado ao meu andar. Logo as altas portas se abriram, e calmamente saí. Estranhamente senti a sua alta figura sair também. Continuei o meu caminho até à enorme sala de negócios do meu pai, é uma vez mais senti a sua figura no mesmo caminho que o meu. Franzi minha testa, não dando importância. Calma bati à porta, abrindo a mesma. Deste lado dei com o meu pai sempre com os seus cabelos grisalhos penteados para trás, e a sua barba de três dias sempre aparada, vestindo um dos seus milhares fatos em tons cinzentos acompanhado de uma camisa branca e gravata vermelha. Do seu lado direito encontrava-se minha mãe com os seus cabelos loiros num perfeito coque baixo, usava o seu vestido de manga à cava com rendado beje com os seus saltos fechados pretos.

- Vicktoria já chegaste! - a voz arranhada do meu pai suou - E vejo que já conheces o nosso estagiário, o Harry! - deu uma das suas fortes gargalhadas.

- Ahm... É... - entrei seguindo para o lado esquerdo - Não propriamente...- comprimi meus lábios, sentando-me, pousando as minhas coisas na cadeira ao meu lado.

- Bom dia senhor e senhora Tower! - educadamente disse dando um fechado sorriso.

- Senta-te Daniel! - minha mãe disse, errando completamente no seu nome.

- baixei minha cabeça dando um riso para mim mesma, não contendo.

- É Harry senhora...- calmo disse sentando-se à minha frente.

- Foi o que eu disse! - não vacilando disse ajeitando-se na sua cadeira.

- Bem...- meu pai ajeitou-se na cadeira, cruzando suas mãos - A partir de hoje Harry serás o nosso ajudante, com isto digo, que se precisarmos de recados tu anotas, se precisarmos de algo tu fazes, entendido? - olhou-o.

- Sim! - assentiu dando um calmo respirar.

- Mas querido... Para nós já temos o Austin e a Gina! Achas que necessitamos?! - inclinou a cabeça - Porque é que o Harry não fica com o cargo para a Vicktoria? Visto que ela está por ela própria...- sugeriu.

- logo arqueei minha sobrancelha - Como é que é? - protestei - Eu pensei que fosse só aqui ficar por uns dias, como vocês falaram!

- Sim querida... Mas tu tens potencial, portanto já estás na empresa, és a nossa sucessora, és quem um dia ficará com tudo isto, por tanto achamos que não há problema começares já! - minha mãe sorriu-me entusiasmada.

- Oh claro... E como sempre decidem tudo sozinhos, não tendo voto na matéria... Uau! - sorri falsa.

- Harry arqueou sua sobrancelha, olhando para o colo dando um pequeno e seco riso.

- Não comeces com os teus argumentos Vicktoria Elisabeth...- repreendeu-me- Está decidido... Já sabes onde é o teu escritório por isso...- seria disse.

- Tudo bem! Mas eu não serei um pau mandado! Eu farei coisas à minha maneira, espero que tenham isso nem assente na vossa cabeça...- levantei-me, pegando nas minhas coisas - Lembrem-se disso! - saí batendo com a porta.

Nada de novo. Passam a vida a fazer decisões sem o meu consentimento, sem que eu dê a minha opinião, seja de que tipo for. Sempre foi assim, não será agora que irão mudar. Nunca tive uma relação fácil com os meus pais, mas pior é com a minha mãe. Sempre cresci a ter diversas discussões com ela, tudo porque ela acha sempre que está certa e que só as ideias dela está corretas, mesmo que estas sejam absurdas.
Caminhava pelos longos corredores chateada, e murmurando comigo mesma, batendo contra alguém, e logo senti um forte líquido quente passar pelo vestido até à minha pele, presumo que seja Austin.

- Ohh meu Deus, menina Tower peço desculpa! - aflito disse arregalando os olhos.

- Está tudo bem, está tudo bem...- meio abri os braços, olhando para o vestido - Não tem problema...- dei um curto sorriso.

- Peço desculpa...- movimentava suas mãos sem saber o que fazer.

- Austin, vai ter com os meus pais aposto que eles têm trabalho para ti! - pousei minhas mãos nos seus ombros - Quanto a mim vou para o meu escritório! Sim?! - assenti.

Dei-lhe uma leve batida nas costas. Logo voltei a dar rumo para o meu escritório, onde passarei sei lá quanto tempo daqui para a frente.
Eu só queria passar o meu tempo noutro sítio fora daqui. Este não é de todo a minha visão para o meu futuro. Sinceramente não tenho uma ideia certa do que será, ou pelo menos seria o meu futuro, mas certamente não é aqui isso é uma certeza que eu mesma tenho.
Isto aqui é todo fruto dos meus pais, sonho deles, algo que eles sempre idealizaram, é uma das suas felicidades, e de todo que não é o que eu quero para mim. Sim gosto de moda, das roupas, de todo o processo, mas não é isso que me faz sentir bem. Isso para mim não é viver, mas sim sobreviver. Obviamente que tentarei dar o meu melhor, mas sem aquele espírito que eles mesmos querem que eu tenha. Eles sempre tentaram injectar esse lado para mim, mas não deu grandes resultados, confesso.
Tenho apenas vinte e três anos e já começo a ver que não sairei daqui tão cedo...
Desejem-me sorte...

"Differents Lifes... Same Minds"

- Marii

The Other Side 👠Where stories live. Discover now