Dolor Y Amor

Crime oculto

02 de janeiro de 2002
Espanha
01:56 a.m.

-Vai, joga logo, antes que nos vejam.
-Não quero, isso é loucura.
-Vai dar pra trás agora.
-Joga logo só falta você, estou doido pra ver o circo pegar fogo, digo, a casa. Hahahaha'
-Vai molenga, parece una chiquita.
-Tá bom!
Virei o frasco com gasolina, só faltava eu mesmo pra derramar aquele líquido na lateral da casa. Não queria fazer aquilo, mais meus amigos diziam que era legal, e queriam ver minha coragem.
Logo após de jogar a garrafa no chão e me afastar junto com os outros 4 garotos, Donato o mais velho entre nós, com 22 anos, pegou um isqueiro abriu e jogou. Começou a pegar fogo muito rapidamente todos corremos em direções distintas, fui pra perto de uma árvore um pouco distante de lá mas que dava a visão do local, peguei meu celular e liguei para os bombeiros e logo após para a polícia. Estava extremamente arrependido mas não havia mais o que fazer, corri um pouco pra perto da casa em chamas pra ver o que era aquilo que foi arremessado pela janela, parecia uma criança, e era uma menininha que por sorte caiu em um monte de folhas, o que amorteceu sua queda, mas havia um galho lá e quase perfurou seu olhinho direito, ainda bem que não foi, senão me sentiria mais culpado ainda.

04 de janeiro de 2017
Washington-USA

P.O.V Arin

Acordei suado desesperado ao ter sonhado novamente com o que aconteceu naquela madrugada. Essa culpa e o arrependimento vão acabar me deixando louco. E para completar resolveram reabrir o caso que havia sido arquivado, para meu maior desespero minha esposa, Normani, uma policial investigadora, foi convocada a resolução do crime, pois é uma das melhores dentre os policias daqui de Washington. Não quero que ela vá, ela é muito boa no que faz, e esse é meu maior medo, que ela descubra que eu participei daquele cruel crime. Amo minha mulher, e sei que nunca irá me perdoar por isso.

[...]

-Espanha? Pra que amor?
-Sabe. Não sei se você lembra daquele incêndio criminoso que ocorreu anos atrás no lar de refugiados na Espanha?
-Nãnão, não recordo no momento.
-Ah, você devia ter uns 17, 18 anos na época. Garotos dessa idade são uns cabeça de vento, não ia lembra mesmo.
Ela riu, e eu sorri forçadamente para ela.
-Podemos conversar sobre isso depois Manizinha?
-É que partirei ainda hoje amor.

[...]

Aquelas palavras vieram sobre mim como rajadas de tiros.
Agora estou aqui só. Normani viajou ontem mesmo, à noite. Meu temor é bem maior. Esse pesadelo vai continuar.