- Gostou do meu brinquedinho Ana?
- Não!
- Fica tranquila.
Senti o desespero aumentar e só então lembrei do celular em minha mochila. Tentei pegar minha mochila que estava em meu pé, maldita mania minha de sempre colocar as coisas no chão.
Puxei ela em um rápido movimento logo a deixando junto a mim. Olhei pros lados, abri o bolso da frente e tirei uma toalha de rosto junto ao celular para tentar disfarçar, pois ele estava de olho em cada movimento meu. Então deixei a toalha -com o celular- ao meu lado e agarrei a bolsa mais uma vez a deixando cobrir a toalha.
Pus a mão direita no celular e só então percebi o quanto estava tremendo, desbloqueei a tela tentando olhar sempre para frente e para os lados, pra disfarçar e ver onde íamos. Disquei o número do João, que fez barulho ao chamar, olhei rapidamente pra ele que parecia não ter ouvido nada.
João não atendia, tentei discar outro número, mas dessa vez o carro parou e fiquei com medo. Ele não havia notado que eu tinha pego meu celular, e sim, que a estrada acabou e eu não via nada além de árvores e mais árvores.
- A estrada acabou... -disse tentando guardar o celular de volta na bolsa.
- Eu sei, vamos ter que ir andando daqui.
- Mas falta pouco pra aula começar...
- Não dou aula hoje -disse ele pegando a arma e colocando-a em sua cintura presa ao cinto -nem você irá assistir aula hoje. Falta meia hora pra aula começar, sua casa é longe mesmo. -Não era, só havia saído mais cedo pra passar na casa da Elô.
- Sabe onde moro?
- Sei. Sei muita coisa sobre você, muita coisa mesmo. Sobre sua família também. Então se alguém souber do que aconteceu e ainda vai acontecer aqui, já sabe não é, -disse ele dando uma batidinha em sua arma. Concordei em um gesto de cabeça. -Então saia!
No mesmo instante, abri rapidamente a porta do carro e saí ligeiramente pegando minha mochila.
- A mochila fica Ana!
- Mas...
- Sem mas. Deixa ai.
E foi nesse momento que me arrependi profundamente de ter colocado o celular de volta na mochila. Droga!
Fechei a porta com força e raiva.
- Calma, meu carro não te fez nada.
- Indiretamente ele fez sim.
- Anda logo -pegou meu braço esquerdo com força e me puxou para o meio das árvores.
- Onde estamos indo?
- Você fala demais!
- Não me machuca, por favor...
- Então fica quieta!
Andamos um pouco até chegarmos a uma casa de madeira, simples por fora, mas ao entrarmos vi que não era nada simples.
Tinha, basicamente, dois cômodos. No primeiro tinha um sofá enorme com uma tv a frente, paredes brancas, mesinha de centro cheia de papeis e coisas desnecessárias.
No outro cômodo que era separado somente por uma cortina, uma cama enorme de casal com lençóis rasgados e manchados. Senti calafrios.
E foi naquela cama imunda que ele me obrigou a deitar, falou pra relaxar e não gritar, enquanto tirava minhas roupas me mandando ficar quieta e não tentar fazer nada.
Então ele se despiu e me jogou na cama me agarrando com força, me machucando, me invadindo com rapidez e brutalidade, me fazendo gritar, chorar, sangrar... sentir dor, muita dor.
Ah como eu queria não ter saído mais cedo aquele dia, ter ouvido o conselho de minha mãe e ter ignorado seu pedido de entrar naquele carro.
Mas a verdade, era que eu o desejava, como as demais alunas dele. Só que não desse jeito, um estupro, ele ameaçou minha família! E eu não podia fazer nada, absolutamente nada. Não agora.
Quanto mais eu chorava, mas ele sorria, me machucando mais, me invadindo mais, gostando de ver meu desespero, acho.
Não conseguia nem me mexer, ele era grande e logicamente mais forte que eu.
Depois de alguns minutos de dor pra mim e prazer pra ele, ele saiu de cima de mim me analisando e sorrindo maliciosamente.
- Levanta e toma banho, temos alguns minutos pra voltar pra escola e fingir que nada aconteceu, entendido?
- Por que fez isso comigo? -digo entre lágrimas e soluços.
- Estamos entendidos? Lembre-se dos seus irmãos e do meu brinquedinho. Não adianta ir falar pra policia, meu irmão e meus amigos são da policia.
- Tá bem...
- Levanta logo!
- Mas eu to com muita dor!
- Não interessa! Quer que eu te arraste dai?
- Não... já to indo...
Me levantei com muita dificuldade e fui até o banheiro, que nem parecia um banheiro. A casa era de luxo e o banheiro... não.
Fechei a porta atrás de mim e me escorei nela, chorei tudo que podia chorar, me puni, me arranhei, me culpei por tudo.
Liguei o chuveiro e deixei a água cair sobre mim, queria que lava-se toda aquela impureza, me relaxasse e leva-se embora pro ralo toda a dor que eu estava sentindo, mas sabia que isso não ia acontecer.
Saí do banheiro já vestida e um pouco molhada, ele pegou no meu braço me puxando com pressa pra fora de casa, tudo em mim doía muito.
Chegamos ao carro, ele olhou a hora, me falou tudo que eu podia e não podia falar, relembrou as ameaças e meus irmãos.
Eu já não estava prestando atenção em nada. Só queria ir pra casa e chorar.
Alguns minutos depois chegamos em frente a escola.
- Desça.
- É só isso? Vai me deixar aqui?
- Oque quer? Um beijo de despedida? Sai logo do meu carro!
Desci bufando de raiva. Não que ele tivesse que se despedir de outra forma, mas depois de tudo oque ele fez, é só isso?
Não podia ir pra casa agora, meus irmãos iriam notar algo errado.
Eloise!
- Ana? Oque houve?
Lembrei que ele havia ameaçado fazer coisas ruins a quem eu contasse sobre hoje.
- Nada, me deixa.
-Me fala, sabe que pode me contar tudo. -ela olhou minha saia e viu a machado de sangue que esqueci de esconder -Tá, agora é sério, me fala oque houve! Isso é sangue?
Eu não estava aguentando, tinha que contar.
- Eu fui estuprada Elô!
Finalmente!
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Droga De Amor (Parado)
RomanceEla não acredita em principe encantado, contos de fada, muito menos galã de novela. Apesar de nova, já teve desilusões amorosas. Ela só queria alguém que a amasse e também o pudesse amar, mas ela continua sozinha pois ninguém vai amar uma menina che...