1. Zeus

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Crono - que emprestou seu nome ao tempo - casou-se com sua irmã, Reia, deusa


da terra. Mais tarde, ao matar o próprio pai (Urano, o Primogênito), tornou-se o


soberano dos deuses. À beira da morte, Urano profetizou: "Se me matar e roubar


meu trono, será derrubado por um de seus próprios filhos, pois o crime gera o


crime".


Assim, Crono procurou tomar cuidado. Resolveu devorar os próprios filhos à


medida que eles nasciam. Primeiro, vieram três filhas: Héstia, Deméter e Hera; em


seguida, dois filhos: Hades e Posseidon. Um a um, engoliu todos.


Reia ficou furiosa. Resolveu, então, impedir que Crono devorasse o sexto bebê que


estava para nascer e que certamente seria um menino. Quando chegou a hora,


desceu as encostas do Olimpo e procurou um lugar escuro e escondido para dar à


luz. O recém-nascido era de fato um menino e recebeu o nome de Zeus. Reia


pendurou um berço de ouro nos galhos de uma oliveira e depositou nele o filhinho


adormecido. Em seguida, voltou para o topo da colina, enrolou uma pedra com os


cueiros e fingiu estar embalando uma criança junto ao peito. Esbravejando e


ofegando, Crono se levantou de sua majestosa cama, roubou da mulher a pedra embrulhada e a engoliu imediatamente, achando que ali estava o bebê.


Reia correu novamente para onde havia deixado o berço de ouro, recolheu o


filhinho e o entregou a uma família de pastores para que eles o criassem. Em troca,


prometeu que as ovelhas da família jamais seriam comidas pelos lobos.


Zeus cresceu e se tornou um belo rapaz. Crono, seu pai, não estava sabendo de


nada. Porém, com saudade do filho, Reia chamou Zeus de volta à morada dos


deuses e o apresentou a Crono como seu novo criado. Crono ficou contente, pois o


rapaz era de fato muito bonito.


Certa noite, Reia e Zeus prepararam uma bebida especial, chamada néctar,


misturando a ela folhas de mostarda e sal. Na manhã seguinte, depois de um enorme


gole, Crono não se conteve e vomitou: primeiro uma pedra e, em seguida, Héstia,


Deméter, Hera, Hades e Posídon, os quais, por serem deuses, não haviam sido


digeridos e ainda estavam vivos. Agradecidos, elegeram Zeus seu líder.


Depois disso, ocorreu uma terrível batalha. Crono contou com a ajuda de seus


meios-irmãos, os Titãs. Eram seres medonhos, sinistros, mais altos que as árvores,


que permaneciam confinados nas montanhas até que houvesse alguma luta da qual


pudessem participar. Os Titãs atacaram violentamente os jovens deuses. Mas Zeus


também tinha aliados. Ele correu até algumas cavernas muito profundas - cavernas


sob cavernas sob cavernas, formadas a partir das primeiras bolhas produzidas pelo


resfriamento da Terra - onde, milhares de séculos antes (um período relativamente


curto na vida de um deus), Crono havia confinado outros monstros, como os Ciclopes


(criaturas de um olho só) e os Hecatonquiros (criaturas de cem mãos). Zeus libertou


seus primos medonhos e os liderou na luta contra os Titãs.


Um grande tumulto se formou nos céus. Sobre a terra, as pessoas ouviam o


retumbar de trovões e viam montanhas inteiras virando pó. A terra tremia e ondas


enormes varriam o mar enquanto os deuses lutavam. O velho Crono era um líder


habilidoso, e os Titãs eram gigantescos. Eles atacavam violentamente, fazendo os


jovens deuses recuar. Mas Zeus tinha preparado uma armadilha. Nas encostas do


Olimpo, ele assobiou para seus primos, os Hecatonquiros, que estavam escondidos


ali. Com cem mãos cada um, os monstros começaram a atirar pedras enormes


contra os inimigos. Os Titãs acharam que a colina estava desabando e não tiveram


outra saída senão fugir.


O jovem deus Pã - uma figura humana com orelhas, chifres, cauda e pernas de


bode - urrava de felicidade. Terminada a batalha, disse que os Titãs fugiram


simplesmente porque ficaram com medo dos urros dele. É daí que vem a palavra pânico.


Vencedores, os jovens deuses voltaram ao Olimpo, tomaram o castelo, e Zeus se


tornou o soberano. Ninguém sabe o que aconteceu a Crono e a seus Titãs. Mas, de


tempos em tempos, montanhas explodem em fogo e a terra treme. E ninguém sabe


ao certo por quê.

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