|| Amber ||
Definitivamente ficar dentro de um carro lotado por malas e muito calor humano por quase quatro horas não é nada confortável. Estávamos indo para a Floresta Nacional de Ocala, aqui na Flórida mesmo. É um ótimo lugar para ir acampar. São acampamentos totalmente desenvolvidos com barracas e trailers locais, um com serviço de conexão completa. Também existem acampamentos primitivos, sem facilidades. E entre esses dois tipos, é claro que meus amigos tinham que preferir o acampamento primitivo. Que viagem maravilhosa!
Murmurei algo sem sentido enquanto reclamava comigo mesma por ter aceitado viajar com eles. Empurrei mais os fones para dentro dos meus ouvidos aumentando volume da música, que nem me importei em saber o nome. Via pelo canto dos olhos meus amigos conversando, mas não fiz questão nenhuma de entrar no assunto, ainda mais quando Justin estava sentado bem ao meu lado, fazendo-me sentir encurralada cada vez mais. Chris é quem estava no volante, ao seu lado, no banco do passageiro, estava Melissa, sua namorada e minha melhor amiga. No banco de trás estávamos eu, a louca depressiva para o resto do mês; Luke, meu melhor amigo; e Justin, meu ex-namorado.
Ainda é difícil ficar sentada ao lado de Justin, o pior é que mesmo depois de seis meses ainda estou confusa e extremamente machucada. Enquanto conseguia observá-lo por rabo de olho, meus pensamentos viravam uma confusão completa. Meu corpo estava no carro fisicamente, mas a minha mente estava flutuando por aí. Não sei, desde que ele se foi da minha vida eu fico assim, aerada. Tento entender o que aconteceu, mas não consigo, então sigo assim até me acostumar de que ele nunca me amou. Porque quem ama, fica. E ele não ficou.
Quando percebi que já tinha, involuntariamente, virado todo o meu rosto na direção de Justin e que ele me encarava confuso, rapidamente voltei a olhar pela janela, preferindo observar a paisagem mudar rapidamente diante dos meus olhos. Senti meu celular vibrando e logo vi que era uma mensagem da minha mãe. Que perguntava se eu estava bem e se já tinha chegado.
"Ainda ñ chegamos. Quando chegar te mando um SMS. Bjs"
Respondo, abreviando algumas palavras, mesmo sabendo que minha mãe odiava aquele vício da internet.
Aproveitei a tela escura do celular já bloqueado para passar cuidadosamente o batom vermelho que tirei da bolsa. Estávamos indo para o meio do mato, mas o batom forte me faz sentir mais segura.
Eu sabia que minha mãe tinha feito uma simples pergunta, mas também sabia que na verdade ela estava querendo perguntar algo como "O Justin fez alguma merda com você ou ainda não?". Ela não gosta dele, e a entendo muito bem. Que mãe não odiaria o cara que humilhou, literalmente, a filha de apenas 17 anos na frente de um colégio inteiro? Eu não gostava de lembrar, mas os flashbacks simplesmente me invadiam.
Lembro de tudo. Lembro de chegar na escola e ir correndo conversar com Justin, como sempre fiz, mas então ele me ignorou, dando as costas para mim e andando displicentemente até alguns garotos que fumavam encostados na parede do ginásio. Naquele dia, depois de algumas horas, fui novamente tentar conversar com ele, mas ele então jogou um copo cheio de refrigerante nos meus cabelos. Na frente do refeitório inteiro. Porém eu era tão besta que fui falar com ele outra vez, antes do jogo de basquete, no qual ele iria participar naquele dia. Justin agiu diferente, ele resolveu me puxar para o meio do ginásio e pegar um alto-falante, fazendo-me pensar que ele iria me pedir perdão, mas fez exatamente o contrário, e resolveu acabar de vez com o meu coração quando gritou na minha cara que me odiava, e que só tinha namorado comigo porque achava meu corpo meio legalzinho.

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Irreplaceable [] JB
FanfictionEla não merecia ter sido humilhada na frente da escola inteira, tampouco merecia ter seu coração machucado. Podia ter terminado ali, claro, mas quando é pra ser, simplesmente é. Entre discussões e desabafos raivosos, tudo se ajeitou. Histórias não p...