O suicídio

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Estava sentada em um banco de uma praça qualquer. Eu realmente não me importava onde eu estava agora. Quem se importaria na minha situação? Quem se importaria onde está, quanto suas mãos seguram uma carta de suicídio?

Eu daria tudo para que essa carta fosse minha, e que eu não fosse obrigada mais uma vez a perder uma pessoa que eu amo. Infelizmente eu não poderia mudar as coisas, o amor da minha vida estava morto, e eu não poderia fazer nada para mudar isso.

As luzes coloridas de Nova York brilhavam como em toda noite. Eu costumava observá-las todos os dias enquanto voltava para casa, mas hoje elas não tinham nenhum brilho para mim, era como se elas tivessem se tornado sem graça, como nunca foram. Doía-me saber que essas luzes nunca mais me trariam a mesma alegria, alias, nada no mundo traria.

Releio a carta varias vezes, como se fazê-lo, fosse me fazer entender o motivo dele ter se matado. Como ele poderia ter tirado sua própria vida? Porque ele não me contou de sua doença? Eu teria feito de tudo para tê-lo salvo.

É isso.

Ele não queria que eu tentasse salva-lo. Seria mais doloroso...

Talvez fosse assim que ele pensasse. 

Será mesmo? Será que seria mais doloroso saber que eu fiz de tudo para salvar o amor da minha vida? 

Me levando e vou em direção ao meu apartamento. Já estava a horas naquela praça, e mais um pouco eu provavelmente congelaria nessa noite fria de Janeiro.

Depois de chegar ao apartamento, jogo minha bolsa no sofá e tiro meu casaco pela cabeça. Quando deixo-o cair no chão, ouço fazer um barulho de algo batendo conta as moedas soltas no bolso da casaco.

Quando identifico o objeto causador de barulho lágrimas vem aos meus olhos e eu me lembro e real motivo de ter ido a seu trabalho naquela tarde.

O destino me pregou uma grande peça.

Me arrasto até a cama em meio a milhares de lágrimas.

- É meu pequeno feijãozinho, parece que seremos só eu e você. – Digo enquanto passo a mão em minha barriga.

Ele se foi, mas me deixou o melhor presente que eu poderia ganhar. 

Rebecca R.

RebeccaReis3 )

Rio de Janeiro, 25 de março de 2016

Contos De Uma Cidade Que Nunca DormeOnde histórias criam vida. Descubra agora