Como tudo começou:

56 7 14
                                    

Lembro me de tudo como se fosse hoje, havia acabado de chegar em Lisboa - Portugal e me deparei com uma cena difícil de acreditar. Muitas pessoas na porta da casa de meus pais, fixei os olhos no segundo andar da casa e estava com um fogo forte e bastante quente, ao me aproximar lentamente das pessoas perguntei desesperado:
"- o que aconteceu??"
e um jovem rapaz me disse:
"- Esse incêndio fez duas pessoas lá dentro ficarem encurraladas", então eu reuni toda a energia que tinha e num surto de adrenalina ultrapassei toda equipe de bombeiros que tentava conter o incêndio, entrei e senti algo me queimar (era uma brasa que se havia soltado da parede e me feriu), mesmo estando com essa ferida subi as escadas  na busca pelos meus entes queridos e de repente escutei um grito de dor que atravessou minha alma dizendo:
"- alguém, por favor nos ajudem!!!" [era minha mãe pude reconhece la  pela voz].
Adentrei o quarto do qual saira o grito e lá estava ela junto ao corpo de meu pai já sem vida.
Fiz um esforço sobre-humano para o tirar dali, minha mãe estava à  um fio de partir e com lágrimas na face me ajudou a retirar ele de lá do quarto; e enquanto descíamos as escadas, devagar por causa da fumaça que encobria nossa visão, bombeiros vieram ao nosso encontro e nos ajudaram a sair daquele incêndio.
Nos levou para fora em um ato de coragem, pois eu já não estava mais consciente e logo ao pisar na calçada desmaiei. Quando eu abri meus olhos, me deparei com uma enfermeira que me observava no Hospital  enquanto eu dormia.
"- como você está?" [Perguntou ela]
Naquele momento não queria conversar com ninguém,
"- Mal!"  [Respondi de forma ignorante]
Ela saiu da sala pois um Doutor alto, estilo alemão  chamou para falar de algo sério... Percebi pois o teu semblante havia si modificado. Ao entrar novamente na sala, pude perceber que seus olhos queriam me dizer alguma coisa.  Então fiz um sinal com a mão direita,  chamando-a para  aproximar-se de mim, e quando ela chegou bem pertinho, pude ao pé de seu ouvido pergunta com uma voz mansinha e calma:
"- Onde está minha mãe? Estou com uma dor no coração, queria conversar com ela. Naquele ocorrido de hoje mal  pudemos trocar palavras."
[Haviam 7 anos que nós não falamos, queria me reaproximar mediante a perda do meu pai.]
Logo depois de dizer isso ela abaixou a cabeça devagarinho, e não  conseguiu conter as lágrimas.
Levantou seus olhos em minha direção, e disse o seguinte:
"- Sua mãe faleceu ao dar entrada no hospital".
Mas ela pediu para lhe dizer, que o tempo em que vocês si distanciaram doeu sofridamente, ela nunca quis estar longe de Ti, e com muita amor nos olhos indagou que Lhe Amava. Cada dia mais durante esses  anos.
Suas últimas palavras foram: "Eu Te Amo Meu Filho" e seu coração parou de bater.
[muito emocionada estava a enfermeira]
Então senti em meu rosto escorrer uma dolorosa lágrima que deu início ao meu choro, e eu chorei copiosamente durante uma semana.
Cada lágrima me trazia uma nova lembrança; e ao final de cada dia si passava um filme em minha cabeça, com recordações de tudo que se havia acontecido em minha vida até aquele incêndio tenebroso. Eu não queria comer, perdi naquela  semana 5 kg, e ao derramar da última lágrima prometi a mim mesmo que iria para outra parte do mundo, onde começaria uma nova história. Quando o médico retirou o curativo do meu braço, percebi que ficou marcado aquele triste dia em forma de cicatriz, e como eu odiava essa marca. Ela me doía tanto, mas de um jeito diferente porque era na alma.
Me lembrava que não disse a minha mãe o último: "Eu Te Amo" de despedida, muito menos ao meu pai.
Meus tios me levaram ao enterro no seu simples carro azul escuro, eu os pedi para parar o carro em uma floricultura,  queria comprar rosas brancas em um ato de paz por não termos nos  despedido.
Quando se iniciou o enterro eu estava ao lado dos dois, já com o caixão fechado, o pastor mencionou coisas  muito lindas, mas eu não pude entender tudo que foi dito.
[Pois meu interior estava em meio à uma tempestade de emoções, que si chocavam violentamente, com as mais belas recordações de momentos felizes e bons, aos quais havíamos passados juntos.]
Minha priminha notou que algo acontecia em meu ser, e me perguntou com seu olhar meigo o que estava se passando comigo, tentei disfarçar com um sorriso... mas as lágrimas entregaram minha dor.
Respondi quase como um sussurro que aquele momento estava me consumindo por dentro.
Ela, firmou seus olhos castanhos mel no rumo de uma árvore  um pouco distante do cemitério, e disse com voz forte e ao mesmo tempo doce que, o titio e a titia [meus pais] estava indo aos céus acompanhados por Deus. Este momento ficou eternizado em minha memória, foi algo forte capaz de me dá forças mediante a fraqueza e dor na qual eu passava, aquele momento  me ensinou muita coisa, e trouxe aos meus olhos  luz que eu precisava para trilhar caminhos melhores do que eu havia trilhado, me abaixei meio sem acreditar no que tinha visto dei um abraço em minha priminha e lhe disse:
 " - Ei baixinha hoje pude perceber que anjos existem, pois você é um deles.  Muito obrigado.
[Finalizei aquele instante com um suave beijo em seu rosto.]
Ela com aquele jeitinho todo especial me disse:
  - O bom de ser um Anjo e trazer um pedacinho do céu a quem Dele necessita.
[Eu desabei em lágrimas ao ouvir essas palavras]
Me levantei limpando o rosto, olhei para o céu é prometi à mim mesmo que viveria novas coisas.
Ao fim do enterro respirei profundamente, e soltei um "Eu te Amo" que arrepiou a todos que ali ficaram, pela intensidade na qual ele correu o cemitério.
Dei um forte abraço em cada pessoa é me pus rumo ao aeroporto, não mais conseguia ficar em Lisboa, quando estava a caminho de lá algo me pedia para voltar uma última vez a casa onde meus pais moravam. Então, devagarinho andei cada passo que eu dava me pesava uma tonelada, me angustiava não saber o que eu encontraria naquele local.
Agora eu me encontrara poucos metros de lá, ao adentrar vi fotos da minha infância um pouco queimadas em meio ao chão.
Pisei na cozinha e me lembrei da lasanha que meu pai fazia, era o prato que eu mais gostava.
Continuei minha excursão pelos escombros, e ao subir das escadas, pude escutar novamente o grito que minha mãe havia dado no instante do incêndio, como doeu a lembrança...
Entrei no quarto que os pertencia, e percebi que abaixo da mesa numa gaveta havia muitas cartas,  dentro de uma caixinha  muito bem protegida.
[Pareciam prever algo ruim].

Com VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora