Relembrando a dor - Bônus

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Bom, esse capítulo é um bônus sobre o John e alguns personagens do livro, na época do acidente da Linda que quase causou sua morte.

Aqui vocês verão um leve bônus com passagens de tempo e todo o sentimento do Senhor Terrence para com a esposa, desde que ambos se conheceram.

Faz um tempo que vínhamos planejando ele, e espero que com esse bônus vocês possam conhecer mais um pouco sobre o John e o passado dele, antes e depois do furacão Linda Giselle Terrence.


Dias antes do fim.
03 de Abril de 2016.

Viver entre o céu e o inferno é mole pra quem já morreu. Agora para quem está vivo, as coisas são bem mais complicadas.

John já não tinha mais a percepção do dia, das horas, das semanas. O homem havia se trancado em um calabouço de sentimentos, de incertezas e se afogava nos próprios medos e anseios.

Antes ele poderia jurar, que tudo não passava de um pesadelo, onde logo acordaria com o som do despertador gritando nos seus ouvidos, e teria que sair as carreiras atrasado para o trabalho. Mas os dias foram passando e ele se deu conta de que não era um pesadelo e que a vida real poderia ser bem mais assustadora que o imaginário.

John, se encontrava em um poço. Um poço feito com paredes altas e grossas de ódio e rancor, mas que se desfazia com o sopro do remorso e da culpa. A rocha que um dia habitou seu corpo, lhe sustentando e reerguendo a cada tropeço, não passava de um minúsculo frágil grão de areia que era levada facilmente pelo vento.

Avidez, graça, beleza e principalmente a vontade de sorrir o homem havia perdido. O empresário vivia de café, fastfood, de sorrisos amarelos, semblante frio, olhos sem vida, e o coração despedaçado. O brilho e sopro de vida que era John Henrique Terrence, havia sumido no dia que ele estapeou o rosto de sua mulher.

Se não fosse tão idiota, não teria sido corno. Bem feito!

Passou noites se perguntando onde havia falhado, onde deixou que seu erro fosse cravado. E mais, se perguntava como fora tão covarde a ponto de bater em Linda, sem lhe dar chance de defesa. Nunca havia encostado o dedo em uma mulher antes, muito menos na sua.

Ele sabia medir os pesos de seus atos, igualar o resultado com as consequências. Seus nervos estavam alterados. Sua vida estava rodando sem sentido em um vendaval insano de sentimentos contraditórios. Definitivamente, ele não era forte o suficiente para se quer pensar com calma até mesmo sobre a demissão de alguns funcionários.

Os dias para ele se resumiam em trabalho, trabalho e trabalho. Em algum dado momento, o homem iria explodir. Um pequeno projeto humano de homem bomba, com armas nucleares. John só precisava que alguém ascendesse o pavio, queimando a pólvora até ela explodir, mandando tudo para onde não importava.

- Alice desmarque todas as minhas reuniões e compromissos de hoje. Ligue para Harry, peça pra ele vir ao meu escritório, preciso falar com ele. Pare tudo que está fazendo e dê prioridade à esse ordem. - John solta o botão da secretaria eletrônica e afunda seu corpo na cadeira reclinável, massageando as têmporas.

- Sim senhor, mais alguma coisa? - Alice se assusta com o tom de voz de seu chefe.

- No momento não, só me avise quando o Harry chegar. E mais uma vez... - Ele frisa. - NÃO ESTOU PARA NINGUÉM!

- Sim Senhor, vou avisar na recepção que o Senhor está em reunião com a presidência.- Ela desliga o telefone e encara o nada, com uma expressão confusa.

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