Assim que consegui convencer a Claire de que realmente não seria possível, se tratando que ela queria a casa pronta para o verão, apressei-me até o andar da contabilidade, onde meu pai estava, em reunião. Eu não queria que Patricia estivesse lá, mas eu sabia que estaria. Essa era sua primeira semana. Eu não sabia para onde ia, nem o que faria, muito menos quanto tempo ia ficar onde fosse.
As portas se abriram no décimo segundo andar e eu me deparei com a recepcionista. Ela estava distraída, com o que quer que estivesse vendo no computador. Colocaria a minha mão no fogo afirmando que se tratava de alguma rede social. As pessoas de hoje em dia não sabem mais viver sem elas. Pigarrei, fazendo-a se sobressaltar.
— Senhor Jones. — Ela me deu um sorriso sem graça.
— Onde está o meu pai? — perguntei, sem cerimônia.
— Na sala de reuniões com todo o pessoal.
— Obrigado.
Apressei-me até lá e irrompi, chamando a atenção de todos. A primeira pessoa que vi, ou melhor, o primeiro par de olhos que encontrei foi o dela e isso me deu um frio na barriga. Ela estava linda com os cabelos castanhos presos num rabo de cavalo com alguns fios soltos. Notei o rubor chegar ao seu rosto.
— Paul. — Kevin chamou minha atenção para si. — O que houve?
— Para onde eu vou viajar?
— Podemos conversar sobre isso mais tarde?
— Vamos, antes, eu preciso saber para onde eu vou.
— Brasil.
— Quando?
— Amanhã.
— Quanto tempo?
— Três meses... No mínimo, mas vai depender de você.
O silêncio naquela sala era ensurdecedor e mais uma vez, meus olhos pararam na garota. Eu podia ver o quanto ela estava abalada por isso. Ela me olhou e desviou o olhar de imediato.
— Certo. Avise a Jo e a mamãe que teremos uma reunião em família essa noite — disse e saí, fechando a porta.
Eu não sabia o que fazer naquele momento. Eu... Eu ia ao Brasil. Não tinha a menor ideia do que faria, claro, mas ia sair daqui e deixar Patricia exatamente nesse momento tenso entre nós dois. Passei a mão nos cabelos, tirando uns fios do meu rosto e então voltei ao elevador e apertei o botão para o oitavo andar.
Lá, entrei no meu escritório, arrumei meus pertences, dispensei Sally e decidi encerrar meu expediente. Fui ao estacionamento no subsolo, entrei no meu carro e fui para casa.
Entrei na garagem do galpão, peguei a bolsa e entrei na cozinha. Larguei-a sobre a ilha, lavei as mãos e enchi um copo de água. Bebi e me recostei contra a pia.
Fui ao quarto, tomei uma ducha e comecei a fazer minha mala. Não coloquei muita roupa; nem sabia o que exatamente ia fazer lá, mas enfiei meu notebook, arrumei os documentos e fui jogar um pouco de vídeo game. Queria me distrair, não pensar na Patricia, entretanto, não havia uma coisa sequer nesse galpão que não me fizesse lembrar dela.
Na cama, eu a via, apenas de calcinha, deitada de bruços, o que me permitia sentir sua pele. O cheiro do seu cabelo ainda estava no travesseiro que fora dela. O vídeo game que ela me dera eu estava usando. O outro estava dentro da bolsa de trabalho, cujo eu usei algumas vezes nessa semana. Na cozinha, as vezes em que preparamos as refeições juntos. No banheiro, os banhos. Na garagem, a merda que fiz com Don, que até hoje, eu não faço a menor ideia do que era.
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Amiga da Minha Irmã
RomanceDepois de um frustrado casamento de 5 anos, Paul Jones decide voltar aos Estados Unidos, a fim de ter uma vida pacata perto de sua família. Trabalhando na empresa do pai como arquiteto, ele conhece Patricia Mackenzie, amiga de sua irmã, que até entã...