No dia seguinte, assim que chegou o horário de visitas, Carol estava lá para conversar com Antônio.
— Carol, aconteceu alguma coisa com a Amanda? — perguntou ele, preocupado, pois não tinha notícias dela havia dois dias.
— Oi, Tony! — Ela se aproximou para cumprimentá-lo. A pergunta que ele lhe fez não foi a que esperava ouvir. Algo não estava legal ali. — Eu vim saber se, por acaso, sabe me dizer se a Amanda foi passar alguns dias com os pais dela. — Ambos ficaram em silêncio, aparentemente preocupados.
— Não que eu saiba, Carol. Você não tem visto ela? — A angústia nos olhos dele a fez sentir-se mal por vir trazer mais preocupações para ele. — Estamos passando por momentos difíceis e nem sei o que se passa na cabeça dela nesse momento.
— Desde o dia em que ela foi pegar o resultado do DNA que não tive mais notícias dela. — Preferiu ser honesta com ele.
— Então, ela solicitou mesmo? — perguntou envergonhado.
— Sim, Tony. Ela não queria que a dúvida permanecesse entre vocês. Na sexta-feira, ela saiu para buscar. — Antônio sacudiu a cabeça negativamente. — Ela ficou de me dar a notícia no mesmo dia, mas não deu. Liguei várias vezes no telefone dela ontem e não tive nenhum retorno. Não satisfeita fui à casa de vocês e nada. Ela simplesmente sumiu. — Antônio indicou a cadeira para que ela sentasse do outro lado da tela.
— Você ligou para a mãe dela, Carol? — perguntou, preocupado.
— Não tenho o telefone deles. Você tem?
— Sim, mas não estou com meu celular. Faça o seguinte, vá até nossa casa e pegue uma chave que tem embaixo do vaso na porta central. O portão você já conhece o truque de abrir ele sem chaves, né? — Carol movimentou a cabeça afirmativamente. Amanda lhe havia ensinado a puxar uma válvula que o abria.
— Aproveito e vejo se ela não está por lá. Talvez só quisesse um tempo para descansar. — Um calafrio percorreu-a ao dizer tais palavras. Carol sabia que Amanda não era dessas pessoas que se isolam do mundo sem se preocupar de avisar a família.
— Eu não acredito nisso — confessou ele. — Pegue o telefone no aparador e ligue.
— Tudo bem! — Carol concordou. — Como estão as coisas por aqui?
— Na medida do possível estou sendo bem tratado. Não divido cela e nem sou visto como um criminoso ainda. São só suspeitas e não podem me tratar como um criminoso sem provas coerentes.
— Fico mais tranquila em saber disso. — Antônio era um cara legal e Carol aprendera a admirá-lo. Não gostaria de vê-lo pagando pela morte de um traste como Breno.
— Me dê notícias assim que falar com os pais dela. Ligue aqui na delegacia mesmo que eles me passam a informação. Não ficarei bem sem saber o que se passa com Amanda.
— Ela estava diferente na última vez que a viu? — Carol perguntou a fim de entender um pouco o que acontecia.
— Aparentemente só estava abalada como eu. Mas não percebi nada mais que isso. — Ele sorriu amarelo.
— Então eu já vou, Tony. Trago notícias assim que puder. — Carol se levantou ajeitando a bolsa para se despedir.
— Ficarei aguardando — despediram-se e ela partiu, deixando-o ainda mais sem rumo. — Antônio ficou parado olhando para o local por onde a moça sumiu. Que pesadelo é esse?, pensou antes de seguir por onde entrou.
Carol foi até a casa de Amanda e fez conforme combinara com Antônio. Após pegar as chaves e entrar, seus temores se confirmaram. Sua amiga não estava lá, concluiu após uma rápida análise pelos ambientes. O que era bom, por um lado.
— Deixe-me ver onde está o número do telefone da casa da mãe da Amanda — falou enquanto passava as páginas da agenda. — Aqui! — Carol pegou o aparelho e discou o número.
— Alô! — Ouviu-se uma voz feminina do outro lado.
— Dona Rebeca? É a Carol, funcionária da Amanda. Eu queria saber se ela está aí — perguntou ansiosa.
— Não está, filha. Você tentou falar com ela? — O que digo agora?, pensou Carol.
— O celular está fora de área. Essas operadoras têm sido uma canseira, sabe? — falou a primeira coisa que lhe veio à cabeça.
— Aqui também não é diferente, filha. Não falo com ela faz uns três dias. Quer que eu tente e peça para ela te procurar.
— Não precisa, dona Rebeca. Amanhã irei falar com ela e não é nada importante. Deixe ela descansar. Talvez tenha ido para um sítio com o Tony, como haviam combinado dias atrás. — Era melhor não preocupar a mulher. Bastavam ela e Antônio. Iria buscar mais informações antes de alarmar a mãe da amiga. Caso não tivesse sucesso em sua busca pelas próximas horas, abriria o verbo com a senhora.
— Está certo, então, mande um beijo para ela e diga que me ligue. As crianças estão bem e o Lucas foi para uma fazenda vizinha com o avô hoje bem cedo e só retornarão à noite, já Isabelle está dormindo agora.
— Eu digo sim. Boa tarde para a senhora também! — Após as despedidas, Carol decidiu que iria fazer o mesmo com relação a Antônio. Diria que Amanda sentiu-se mal e foi aconselhada a ir ficar com os pais pelos próximos dias e que não o avisou porque não permitiram na delegacia.
— Parece estranho uma esposa fazer isso, mas é o que direi para ele. Assim ganho tempo e vou procurar saber o que aconteceu com minha amiga. Algo não se encaixa aí — falou decidida a dar a falsa informação. Como não iria falar com ele pessoalmente seria mais fácil passar a mentira. E como Antônio era um cavalheiro iria aceitar sem fazer questionamentos, principalmente pelo estado em que Amanda estava. Ela tinha certeza disso.
Assim que chegou em casa fez a ligação, certa de que logo ele seria informado pelos agentes da delegacia e assim teria mais tempo de ver o que acontecia de fato. Carol só não sabia como iniciar aquela busca. Estava com a mente cansada por imaginar aonde Amanda poderia ter ido ou estar naquele momento. Seu corpo pedia descanso e mesmo estando ansiosa para saber alguma coisa, pegou no sono após o demorado e revigorante banho.
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Muito Além das aparências - Livro II da Série Aparências
RomanceDepois de enfrentar um ex-marido enciumado e arrogante, Amanda acreditava que sua vida e de Antônio finalmente retomava seu curso... O que eles não poderiam prever era que muitas tempestades ainda travariam em nome do amor que sentiam. Intrigas, tra...