(45) Refletindo.

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O dia estava nublado ameaçando chover, ja fazia uns três dias que eu não via Bianca e Beatriz parecia de boa agora.

Eu estava todos os dias com ela ja que sua mãe tinha viajado por problemas aqui na favela.

Eu estava em frente ao meu antigo colégio esperando Beatriz soltar, nos ainda não tínhamos conversado sobre nós, estávamos convivendo como amigos.

Não por minha parte mas ela parecia de algum modo me evitar.

Alguns minutos depois vejo Beatriz sair pelo portão com mais quatro amigas, ela se despede e vem caminhando em minha direção.

-amigas lindas.

Disse so para provocar, ela olha para mim com uma cara de zangada.

-péssima ideia você me acompanhar.

-calma, estou brincando.

Eu dou um beijo em sua testa e ela começa a rir.

-oque foi?

-às pessoas estão me olhando, devem achar que eu estou louca... falando sozinha.

-esqueci desse detalhe.

Assim que chegamos em casa, ouvi palmas em frente a casa. Fui lentamente até a porta e pude ver Cleiton parado, olho para Beatriz que estava vindo em minha direção.

-Quem é?

Assim que ela ve Cleiton, ela vai correndo até o portão, pude ouvir toda sua conversa.

-Beatriz...que saudade como você está?

-agora estou bem.

Ele puxa ela para um abraço.

-desculpe não ter ajudando com tudo aquilo que aconteceu mais tinha polícia envolvida e você sabe né...

-sim, sei.

Beatriz o interrompeu olhando para mim, tinha alguma coisa errada. Beatriz estava escondendo alguma coisa de mim.

-bom espero que não tenha mudado nada entre nós.

Beatriz abaixa a cabeça, pelo visto estava totalmente sem jeito por eu estar ali.

Mas ela me surpreendi respondendo a pergunta.

-não Cleiton, nada mudou.

Então ele ha beija, como ele pode ser tão casa de pau?! Beatriz concerteza não sabia que ele tinha uma família...não isso não pode acontecer.

Apos eles terem ficado até altas horas da noite na rua, e eu de plantão na porta eles se despede e ela entra.

-não precisava ficar parado ai, em pé podia fazer suas coisas.

-a única coisa que eu tenho que fazer agora é proteger você...

-eu ja falei que não preciso ser protegida.

-não é o que parece, você está me escondendo alguma coisa dele, oque é.

-nada que seja da sua conta.

-....você sabe que ele tem uma família não sabe.

Ela para e olha para mim, como se eu tivesse dito algo em outra língua.

-fala sério Mateus, oque é isso agora? Crise de ciúmes.

-Beatriz, para e pensa um pouco por que....

Antes que eu pudesse terminar ela me interrompe.

-eu não vou pensar em nada, porque você não vai lá.... ficar com a ''Anjo'', tenho certeza que ela iria adorar.

-você quer mesmo que eu vá?

Ela não me responde nada e eu entendo como um sim.

-então para de pensar em mim...eu so apareço pra você quando você pensa em mim Beatriz.
É automatico, eu posso estar em qualquer lugar, mas quando você pensar ou precisar de mim meu corpo vai ser puxado até você.

-eu não quero mais pensar em você, não quero mais vê-lo.

-então me tranca em sua mente, me proíba de entrar nela.

Meu arrependimento bateu no mesmo instante que eu disse aquelas palavras, mas Beatriz tinha o direito de saber a verdade, ela tinha o direito de escolher.

Então ela fecha os olhos e Sinto meu corpo ser lançado de volta ao cemitério. Fazendo meu corpo cair em cima da minha lápide.

É ... ela fez sua escolha.

******************

No dia seguinte ainda me vejo deitado em minha lápide, ha uns quinze minutos atrás Bianca passou por aqui com o Felipe mas fizeram de conta que eu não estava ali.

Eu entendo o lado deles mas não foi uma escolha minha podemos chamar isso de erro, aliás foi um erro inevitável, eu não virei anjo da guarda de Beatriz por vontade propria eu apenas pensei nela no momento errado .

Levanto respirando profundamente e soltando e ar rapidamente.
Mesmo sabendo que seria uma tentativa falha resolvo ir até a casa da minha mãe para tentar vê-la, fazia alguns dias que isso não acontecia.

Ontem quando ainda estava na casa de Beatriz esperei ela dormir e liguei para minha mãe, a enfermeira atendeu pedi para falar com a paciente... sem me identificar.
Minha mãe atendeu e finalmente eu ouvi sua voz.

E isso era tudo o que importava, eu ouvi-la fez com que meu dia valesse apena.

Chegando a frente da casa minha tia estava la, para ser bem claro todos da família estavam la.

A tal parede invisível ainda me perseguia mas ainda sim tive o privilégio de acompanhar tudo pela porta.

Meu priminho o João de apenas 2 anos estava jogando bola no pátio da frente, e como ele cresceu nesse meio tempo, lembro dele sempre gostou de bolas de futebol, vai ver puxou pelo seu pai... meu tio era jogador mas como todo mundo a idade vai chegando.

-João...joga a bola pro priminho...

Ele olha para mim como se estivesse me vendo, e da um sorriso de criança, daqueles bem maroto.

-joga pro primo.

Ele chuta a bola, tento chuta-la de volta mas ela passa por mim...era como se eu tivesse tentando tocar na água.

Ele olha pra mim como se tivesse se decepcionando, e isso me deixava pior do que eu ja estava.

-o primo não consegue... mas um dia desses nós vamos ta jogando bola de novo... o primo vai te leva pra ver o jogo do Corinthians.

João sempre fazia careta quando ouvia a palavra Corinthians, meu tio convenceu ele a gostar do são Paulo... como eu amo essa família.

-filho vem, ta fazendo oque aí sozinho?

Ela pega ele no colo e o leva para dentro Vitor continuou olhando para mim até minha tia entrar e fechar a porta.

Minha vida acabou cedo demais, eu morri por bobagem, e o que mais me machuca é saber que minha mãe demorou nove meses para me ter e eu deixei alguém me matar em menos de quatro segundos.

O DIÁRIO DE UM ANJO.Onde histórias criam vida. Descubra agora