Um minuto para meia-noite.
O salão brilhava iluminado pelo sorriso dela. Zoey estava em pé, sorrindo próxima ao bolo de três andares. Vestia um vestido curto rosa chá, que contrastava com os longos cabelos loiros. Os amigos se aproximavam, batendo palmas no ritmo da canção-de-parabéns.
Meia-noite.
Zoey fechou os olhos e soprou as velas. Finalmente 30. Não conseguiu fazer nenhum desejo. Tinha tudo o que poderia desejar. O emprego dos seus sonhos, amigos maravilhosos, um namorado perfeito. O que mais ela poderia querer?
Abriu os olhos para poder ver os amigos sorrindo. O tempo pareceu parar enquanto papéis prateados caiam do céu, numa espécie de chuva metalizada.
Havia sido tudo perfeito, tudo jeito que ela planejou. Enquanto observava os convidados sorrindo, cobertos pelos papéis, constatou que sua trigésima festa de aniversário havia sido um sucesso.
Roman foi o primeiro a abraçá-la. Um abraço firme, forte.
— Parabéns, Zo — o namorado sussurrou.
Uma sucessão de abraços seguiu-se. Seus pais, sua irmã, seus avós, seus melhores amigos. Todas as pessoas que ela amava com todas as forças.
Zoey sentiu-se tonta, efeito de todas as taças consumidas. Procurou pelo namorado, mas não encontrou um único vestígio sequer dele no meio dos convidados. Ele não estava ao lado dela há poucos segundos?
Olhou para a taça em sua mão e decidiu que não deveria mais beber.
— Querida, — sua mãe chamou, e Zoey virou para encará-la — nós já vamos embora. Nos ligue assim que chegar em Londres, está bem?
— Pode deixar, mãe— Zoey a puxou para um abraço apertado.
Após se despedir da família e de alguns outros amigos, ela decidiu que era hora de achar Roman e ir para casa também.
Procurou em todos os cantos do salão, mas não o achou. Forçou-se a lembrar onde havia deixado o celular, para poder ligar para ele. Caminhou até o armário dos casacos, que não estava sendo utilizado. Abriu a porta e tateou no escuro à procura do interruptor.
As luzes se acenderam e Zoey precisou morder a própria língua para não gritar. Roman estava deitado no chão, camisa desabotoada, calça aberta e cabelos desgranhados. Em cima dele, uma das garçonetes contradas para a festa. Igualmente descabelada, sem blusa e com a saia levantada.
Observou enquanto a garçonete levantou sem graça, rapidamente recolhendo suas coisas e se vestindo, enquanto Roman abotoava as calças e a camisa, evitando os olhos da namorada.
Zoey cruzou os braços, e aguardou a outra mulher sair e fechar a porta atrás de si.
— VOCÊ É UM VERME, SEU MERDA— Zoey gritou, encarando-o.
O ódio começou a tomar conta dela, e motivado pelo álcool, tranformou-se em uma vontade imensa de vigança. Vingança que só seria alcançada através da sensação de estar causando dor.
— Zo...por favor...
— CALA A PORRA DA BOCA, SEU BABACA — ela pegou um dos cabides que estava ao seu alcance e jogou na direção dele. Não pareceu ser o suficiente. Ela tirou seus sapatos de salto agulha e atirou um de cada vez.
— Isso machucou! — ele reclamou — Vamos conversar, Zoey, igual adultos.
— ADULTOS? O QUE VOCÊ SABE SOBRE SER ADULTO? VOCÊ É UM MOLEQUE! — Zoey respirou fundo, precisava parar de gritar, embora fosse extremamente difícil.
— Me deixe explicar, por favor, nós temos uma história juntos — ele se aproximou.
— Você pensou nisso enquanto comia ela? Por favor, Roman, para de tentar exlicar o que não tem explicação, — ela lutou para manter o tom de voz firme e controlado — acabou.
Ele abaixou a cabeça, suspirando, aceitando o término, que ele mesmo havia causado.
— Eu vou para casa, — ela continuou — e você não pense em aparecer lá enquanto eu estiver. Você tem a semana que eu passarei em Londres para tirar as suas coisas. E se elas ainda estiverem lá quando eu voltar, doarei tudo!
Sem dizer mais nada, ela pegou sua bolsa pendurada em um dos cabides, calçou os saltos e saiu, sem olhar para trás. Não queria ver a sombra daquele verme.
Alguns convidados a encararam assustados. Ela abaixou a cabeça envergonhada e caminhou até o carro.
Esperou até estar sentada para olhar as horas no relógio. Meia-noite e vinte e cinco. Seus primeiros vinte e cinco minutos com trinta anos e ela já sentia-se esgotada, presa em um pesadelo.
Só deixou as lágrimas escaparem quando saiu com o carro, certa de que precisaria de muito mais que uma noite de sono para superar isso.
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Zoey e a lista dos trinta
ChickLitSinopse: Quando a nova-iorquina Zoey viaja, no dia de seu aniversário de 30 anos, para Londres, ela não imaginava que conheceria o grande amor de sua vida lá. Após sofrer uma grande desilusão amorosa, ela viaja para organizar o casamento do herdeiro...