Capítulo 13

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JORGE

Estava tudo tão bom. Mas tudo que é bom dura pouco. Queria ficar assim com Anna para o resto da vida. O desejo fica cada vez maior quando estamos juntos. Parece feitiço. Mas sei que é apenas coisas que acontecem na adolescência.


- Estou trocando de roupa, Celina. Espere um momento. - Anna fala me afastando. - Você tem que se esconder em algum lugar.- cochicha ela, olhando de um lado para o outro.

- Calma! Ali. - Aponto para a cama dela. Tem uns dez travesseiros lá, mais um edredon quase tudo roxo. Tento me encolher em baixo dos travesseiros de modo que Celina não perceba o volume do meu corpo ali.


- Você está muito exposto. Se ela sentar aí, vai perceber. - Anna fala, em seguida tira a blusa.

- Desculpe, mas não posso deixar de olhar. - Falo, fitando o sutiã rosa claro de renda que ela que ela estava usando. Eu esperava por tudo, mas jamais imaginei que veria a garota mais popular e atraente da escola quase nua na minha frente. Ela joga um travesseiro em meu rosto tentando parecer incomodada. Em seguida tira o short lilás e corre para a uma mesa com um notebook onde eu acabara de beijá-la. De lá ela pega uma blusa preta e uma saia azul. Agora ela está vestida adequadamente, mas confesso que "me animei" ao vê-la apenas de roupas íntimas.

- Anna, eu vou arrombar essa porta. - Celina fala impaciente. - Já vi você nua e nada me surpreende. Vamos! - Ela grita a última palavra, batendo forte na porta. Anna pula em cima da cama e me dá um selinho, logo joga todos os travesseiros e uns ursinhos em cima de mim, e tenho quase certeza que não é possível alguém me notar aqui. Ela sai de cima da cama e vai até a porta, destrancado-a para Celina.

- Alguém já te disse o quanto você é escandalosa e aloprada? - Pergunta Anna. Acho uma brecha minúscula no lençol e consigo ver partes do quarto. Celina sumiu de minha vista. Acho que foi vistoriar o banheiro.

- Celina, você está me magoando. - Anna fala, aparentemente sentida. Ela finge muito bem, mas não sei se é fingimento.

- Magoada com o quê? O vizinho da esquerda disse que viu um menino entrando aqui.

- Vários meninos já entraram aqui. Qual o problema? Por que você vai agir diferente agora? Você sabe dos meus princípios. Não tem ninguém aqui além de você e eu.

- O problema é que você não é mais uma criança. Você vai fazer dezoito anos. Com essa idade não posso facilitar para o seu lado.

- Vou falar à você que veio um garoto aqui. Mas ele é meu companheiro em um trabalho de geografia. Só veio planejar as coisas comigo, já que foi necessário eu sair no início da aula.

- E cadê ele?

- Já foi embora. Infelizmente. - Anna suspira. - Eu percebi que você está assim desde o dia em que aquela garota veio aqui e disse aquelas calúnias de mim. Realmente fiquei surpreendida por você ter acreditado, mas não posso fazer nada para mudar sua opinião. Mas quero dizer que agora eu quero ficar sozinha, porque a cada dia que passa você me magoa com mais frequência.

- Minha querida -Celina abraça ela. - Eu me preocupo com você. Quando você nasceu, prometi à sua mãe que iria protegê-la de todo o mal que este mundo oferece.

- Celina, eu compreendo. Não vamos iniciar uma conversa agora, okay?

- Como sempre você com esse seu jeito nada amável. - Celina sai e se direciona a porta. - Está ficando atrasada para a detenção. - Anna só diz um "Eu sei" e Celina sai.

- Essa foi por pouco. - Falo saindo do meu esconderijo. - Sabe o que eu estava pensando? - Olho para ela enquanto ela tranca a porta de novo. - Já que eu já a vi de calcinha e sutiã, somos casados e eu estou aqui na sua cama... - Ela arregala os olhos e fica vermelha, mas não ligo.

- Você está ficando muito saidinho. Isso não quer dizer nada. Eu tenho namorado. - Ela fala andando até a cama e sentando na mesma. Sua saia não era tão indecente como as outras que vi ela usar outras vezes. E isso era legal.

Eu estava jogado em cima dos travesseiros e ela estava vindo até mim. Sentou em meu colo em um ponto estratégico. Estava apertando uma parte do meu corpo onde nenhuma menina havia chegado antes. Nem mesmo Nátalie. Eu beijava o pescoço dela e acariciava sua perna, levantando um pouco a borda de sua saia. Ela estava me matando. Quando ouvia um suspiro saído espontaneamente e baixinho de seus lábios, as coisas ficavam mais quentes. Beijei sua boca com toda a voracidade que o momento almejava. Quando minhas mão direita subiu por baixo da blusa dela, ela me afastou.

- Temos que ir. - Diz ela, se levantando, ofegando. Parecia que ela tinha acabado de voltar de uma corrida.


- É. Temos que ir. - Falo. Também ofegando. Levanto da cama dela e espero em uma cadeira até ela ajeitar o cabelo e maquiagem. Quando me recomponho, faço uma pergunta para evitar o clima meio tenso. - Por que seu cabelo é enrolado? É lindo, mas é difícil ver alguém que queira manter os cachos.

- Justamente por esse motivo. - Fala ela alegremente. - Eu não gosto de ser igual a todo mundo. Se eu alisasse meu cabelo ficaria igual aos da maioria das meninas da escola. Nada contra os cabelos delas, há uns mais lindos que outros, mas eu prefiro assim. Além disso, eu gosto de saber que pelo menos uma parte em mim é natural. Sou a favor da beleza cacheada. - Ela solta uma risada sincera e continua fazendo um negócio no cabelo com os dedos.

- Acho que você está lenta demais para quem estava com pressa. - Digo.

- Acho que estou pronta. - Ela fala olhando de costas para o espelho. O celular dela toca e logo é atendido.

- Jessy, eu sinto muito. Eu já estou a caminho... não... ele já me avisou... Está aqui no meu quarto... NÃO! Estamos indo, tenho detenção esta noite. Beijos. - Anna desliga o celular. - Missão ninja agora, queridinho. Tu vais descer pelo quarto de minha mãe. Tem uma escada caracol lá que dá direto na cozinha. Mas presta atenção, eu vou distrair Celina para a sala e você corre. Tudo bem? Fique escondido atrás do meu carro.

- Acho tão bonitinho quando você fala "tu". - Falo. E é verdade. - De onde você era antes de vir para cá mesmo?

- Belém do Pará. Vamos logo. - Ela fala abrindo a porta e saindo. Em seguida volta e sinaliza para eu sair e vou até o quarto da mãe dela.

O quarto da mãe dela é lindo. Tem um lustre que sabe Deus quanto custou. O quarto de Anna é um quarto típico de uma adolescente patricinha. Já o da mãe dela, é típico de um casal comportado. As paredes são brancas e os lençóis da enorme cama de casal são de cores claras. Logo encontro a escada caracol que Anna disse que eu encontraria.

Agora vem a parte complicada. A escada vai direto para a cozinha, e é lá que Celina passa maior parte do tempo. Acho que Anna preferiu assim porque provavelmente Celina não vai tirar os olhos da porta da frente. A cozinha seria menos óbvio. Estou começando a ficar meio impressionado em ver o quanto ela teme uma empregada. Não por ser uma empregada, é claro, mas porque Anna é, ou era, não sei, muito esnobe. Eu achava que ela não dava a mínima para pessoas que ela considera "inferiores" a ela.

Desço o primeiro degrau da escada caracol branca, e logo escuto a voz de Anna.

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