Acordei às 8:30 do dia seguinte. Eu nunca demoro muito para me arrumar, e como já estava tudo esquematizado, não foi preciso pressa para conseguir chegar a tempo na estação. Logo que cheguei, lá estava ele, em frente à entrada para a plataforma 056, bem embaixo da plaquinha com o número da plataforma, me esperando para embarcar. Era incalculável a felicidade que aquela imagem me trazia.
- Ohayo Ayane-chan! Dormiu bem?
- Hai, hai. E você?
- Também. - disse ele, tentando esconder o sorriso. - Ah, veja, nosso trem está chegando!
O Shinkansen foi diminuindo a velocidade até parar exatamente em baixo do número 056. Hiroshi me olhou nos olhos, me pegou pela mão e saiu correndo para embarcar. Sentamos no fundo do trem, nos últimos lugares, mas perto da janela. Assim que garantimos nossos lugares, viramos de costas para ver o trem partir. E num instante, vimos a plataforma diminuir, depois a estação, até sumir de nossa vista. Então, nos sentamos e sossegamos.
- Ah, Hiroshi, está sendo tão legal! É a primeira vez que ando de Shinkansen, não sabia que era tão divertido.
- Pois é, no começo eu também achava, mas eu já andei tantas vezes que perdeu a graça. Só está sendo legal porque você está aqui. - suas bochechas coraram levemente.
- Você sempre viaja sozinho? - perguntei.
- Geralmente. Meus pais não gostam muito do mato, eles preferem a cidade. E meu irmão, apesar de gostar, é muito pequeno para vir sozinho comigo.Ficamos em silêncio por alguns instantes. Eu tentei olhar pela janela mas o trem era muito rápido e não dava pra ver nada.
- Poxa... Eu queria tanto poder olhar a paisagem sem ficar enjoada. Você não, Hiroshi-kun?
- Eu já quis, e, de tanto tentar, acabei desistindo. Quer ouvir música? Eu trouxe meus fones de ouvido.
- Nem sei, estou tão cansada. *bocejo* Nós dormimos muito tarde ontem. Vou ver se consigo cochilar um pouco.
- Ayane-chan... Se quiser pode encostar no meu ombro...
- Arigato... - respondi, já apoiando a cabeça sobre seu ombro - Hiro-kun...
Pensei que ele ia estranhar o apelido, mas não. Depois de uma breve expressão de surpresa, ele sorriu e deitou sua cabeça sobre a minha. Eu fechei os olhos e adormeci. Acordei quando Hiroshi levantou do assento. Havíamos chegado a Kyoto.Como prometido, o avô do Hiroshi estava lá nos esperando, com seu carrinho da década de 60, que, apesar de pouco potente, era bem charmoso.
- Hiroshi-san, konichiwa! Como você está, meu neto? - disse o avô do Hiroshi saindo do carro e o abraçando.
- Ojii-san! Eu estou bem, e o senhor?
- Estou ótimo, sua avó também. Ah, então essa que é a sua namoradinha? - disse ele, enquanto colocava as malas no carro.
- Não, ojii-san, ela é minha amiga!! É aniversário dela!!! - respondeu Hiroshi, muito envergonhado.
- Doumo, me chamo Ayane. - eu disse, depois de uma breve risadinha.
- Chega de conversa e vamos logo. A obaa-chan já deve estar nos esperando. - interrompeu Hiroshi.Entramos no carro e fomos em direção à zona norte da cidade, onde ficava a casa.
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Caminhos Interligados
RomanceA esperança no amor poderá superar a força de uma amizade?