Dói.
Dói e não só fisicamente.
Dói saber que todos os dias a maior preocupação que atravessa a minha mente é ter de ir para a escola.
Dói saber que para esta ação terei uma consequência, e que essa consequência é ele.Eu gostava.
Gostava de poder ir sem pensar as horas, o lugar e como a ação vai ser executada a cada dia que passa.
Gostava de ter uma resposta para a pergunta que sempre paira na minha mente.Porquê?
Esta pergunta deriva em muitas outras.
Porquê eu?
O que é que eu fiz para merecer isso?
Qual é o motivo disto tudo?Mas sabem que mais? Não vale a pena questionar-me sobre isso. Não há um motivo, nunca houve.
Sempre tentei resistir, impor-me e tentar arranjar maneira de ele parar, mas não vale a pena. Desisti de fazer isso à algum tempo, pois sempre que o tento fazer sei que a próxima vez será ainda pior do que o que já estaria destinado a ser.
Tenho medo do que poderá ser o extremo, e se esse extremo poderá levar à minha morte.
Gostava de ter alguém para me defender, que estivesse lá e que o impedisse de fazer o que mais temo, mas não tenho. Toda a gente se afasta de mim, toda a gente goza comigo, por ser aquela tímida rapariga que anda sempre sozinha, afastada de tudo e de todos pois vivo com medo. Medo que as outras pessoas sejam como ele.
Suicídio? Já pensei tantas vezes nisso, mas não posso. Não posso deixar quem mais amo, quem mais se preocupa comigo, não é uma opção nem pode ser. O que muitos pensariam é que era a maneira de por fim a todo este sofrimento que perdura à mais de um ano mas eu não penso assim. Seria a escolha mais fácil. Se for para morrer, que morra a tentar por um fim a isto, não a desistir de tentar. E não posso deixar a pessoa que daria tudo por mim e que abdicou da sua vida habitual por mim, a minha mãe.
A minha mãe preocupa-se muito comigo, preocupa-se por não haver um único dia que a sua filha não chegue a casa com nódoas negras, arranhões, feridas... eu tento esconder-lhe sempre o meu estado pois não a quero preocupar, mas ela acaba sempre por ver como eu estou.
Ela já foi mais que uma vez à escola procurar saber o que se passava e o motivo de tudo isto, mas nunca obtinha respostas, pois não havia respostas para ela.Ele pode ser um cobarde, agressivo, arrogante e malicioso, mas burro não é. Ele nunca me fez qualquer tipo de coisa quando está gente a ver, sempre que estamos sozinhos é que ele ''põe as mãos ao trabalho''. É o típico menino mimado, que mete a toda a gente medo e ameaça todos mas que nunca passa à ação, mas que se consegue tornar num autêntico diabo. Eu sou a única a saber da existência deste diabo, ou pelo menos assim penso, sendo que ele não tem comportamentos violentes com ninguém, não à frente de outras pessoas. É como se fosse eu, apenas eu... como se ele tivesse uma obsessão por mim. Essa obsessão que poderá até existir da parte dele tem dois lados, o bom e o mau. Não pensem que eu sou masoquista porque não sou, mas pelo menos ele dá-me atenção, da maneira mais cruel que pode existir, mas dá, e isso pode querer significar algo.
É por causa dele. É por causa dele que eu me afasto de toda a gente. É por causa dele que eu sou tímida e tenho medo de tudo. É por causa dele que eu sou quem sou.
Por mais que negue eu não consigo sentir apenas ódio por ele, não dá. Há algo nele que me leva à loucura, é ele que me deixa sem forças mas é ao pensar nele que as arranjo para lutar. Ele é quem não me faz desistir. Ele.
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Because Of You
Teen FictionUma rapariga normal de 17 anos chamada Angel está num dos piores períodos da sua vida. Abandonada pelo pai e desprezada pelos avós, Angel é uma rapariga que sofre de bullying na escola pela sua grande paixão. Qual será o motivo de Harry a maltrata...