O duelo (Phill)

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EU LEVARIA HORAS PARA descrever a Terra dos Leitores de Mentes detalhadamente. Era impressionante, mas simples. Na forma de beleza mais comum que se imaginaria. As casinhas eram todas de telha colonial e paredes de madeiras, e em sua maioria, tinham um pequeno jardim na frente e placas na porta. Algo naquele lugar me lembrava Jhung, a Terra dos Confundidores. Como estaria minha tão bondosa amiga, Sophia? Eu esperava que estivesse bem. Que ela tivesse tido a chance de recomeçar sua vida após o período em que eu interferira.

O dia estava em seus últimos minutos quando nosso grupo parou de andar repentinamente. Procurei ver o que estava acontecendo, e me surpreendi ao ver Emire (quem liderava o grupo ao lado de Ryko) empunhando uma espada e a apontando para três homens bem vestidos. Os homens também traziam espadas, embora o único que estivesse apontando-a ameaçadoramente fosse o do meio - um homem de cabelo e barba louros, cujas orelhas pontudas tinham vários brincos.

- Saia do meu caminho! - ordenou Emire, agitando sua espada. Seu cabelo preto voava levemente com a brisa, e suas roupas brancas eram de um tecido grosso e rígido - Anda, anda! Tenho mais o que fazer!

O homem (claramente, o líder dos três) franziu os lábios em discordância. Ao seu lado direito, estava um jovem moreno de desafiadores olhos dourados e, ao direito, um de cabelos azuis e olhos rosados. Ambos os dois não pareciam querer falar nada, a menos que o chefe mandasse.

- Desculpe, Alteza - disse o líder, com sua voz grave cheia de culpa - não podemos deixá-los prosseguir.

Emire pareceu engasgar.

- Como é que é?!

Os dois companheiros do homem baixaram a cabeça, envergonhados. O respeito que tinham pela rainha estava sendo esquecido aos poucos, e eles aparentemente não sabiam ainda lidar com isso.

- Perdoe-nos, Majestade - o chefe fez uma segunda tentativa - mas não podemos permitir que habitantes de outras Terras, possuidores de outros dons, andem pelos arredores de Beaut livremente, pois isso infringe as leis da Terra. Como representantes do exército de Beaut, devemos repreendê-los.

Receei que a rainha fosse avançar para cima deles e dividi-los ao meio com sua espada, no entanto, Emire parecia se divertir. Como eu estava ao seu lado, pude ver seus olhos castanhos cintilarem de animação. Ela segurou o punho da espada com as duas mãos e posicionou-a a frente do rosto.

- Naturalmente, não posso discordar de você, Risel. - o canto da sua boca se ergueu em um sorriso torto - Portanto, proponho um trato.

O homem louro, Risel, cambaleou para trás surpreso. É claro que não era costume negociar com a rainha, e ele parecia relutante em fazê-lo.

- Poderemos entrar em um acordo - ela deu de ombros - se você não for um corvade.

O rapaz de cabelo azul se mostrou incomodado com o modo com o qual Emire se referira ao líder deles. Emire notou o descontentamento em sua face, e demonstrou-se ainda mais satisfeita. Eu sabia, desde que entrara na escola, que leitores de mentes eram incapazes de ler a mente de outras pessoas do mesmo dom. Mas alguns telepatas eram tão bons no que faziam, que deduziam tudo o que uma pessoa estava pensando só de ler sua expressão. Emire, obviamente, era uma dessas.

- Você, do cabelo azul - ela apontou - Seu nome é Kenz, não é? Posso jurar que já te convidei para o chá da tarde. E o outro, dos olhos dourados - desviou seu olhar para ele. O rapaz se espantou, mas se curvou em respeito - você deve ser o Zeth. Lembra de quando seu pai quis que eu me casasse com você? Patético.

- Majestade - Risel chamou-a. Talvez, se não o fizesse, Emire ingressaria em uma longa história e nunca sairíamos da dali - continua a mesma de sempre. Ainda enfrentando seu probleminha de atenção e esquecimento?

Missão Secreta - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora