As ruínas do castelo de cartas

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Fault Boys- Episódio 3- Bray  

Capítulo 3

"As ruínas do castelo de cartas"

Jessica Hill


Pior dia de merda.

Fazia algumas semanas em que eu andava por aí com um sorriso estupido, espalhando-o por todo lado como um maldito vírus de felicidade. Eu estava descuidada, quase flutuante. Minha mãe se encontrava preocupada. Ela já tinha um pé atrás, pois Bray era todo o motivo de eu andar por aí exibindo expressões abertamente felizes, e minha mãe e Stela Henley tinham um histórico de mal relacionamento.

Não que eu entenda bem o porquê de mamãe e a Senhora Henley se odiarem, ou mesmo que eu tenha sequer uma ideia, porque eu não tenho. Algo aconteceu entre elas no passado, um onde eu era uma pequena garotinha, e de onde achar lembranças se tornou uma tarefa difícil; perguntar a minha mãe foi inútil também. Sua única resposta quando eu questionei foi a seguinte: Se fosse para você saber, eu já teria te contado, Jessica.

Mas o fato de Bray ser filho de sua arquirrival, Stela, não era a única coisa que marcava um vinco de preocupação na testa da minha mãe. Acho que ela nunca tinha me visto agir dessa forma, e isso a assustava. Bom, ela não era a única, no entanto. Eu também me encontrava morrendo de medo de quão bem e fácil as coisas com Bray estavam indo. Eu tive um namorado declarado durante minha finita idade de 24 anos. Meu relacionamento com Hank durou dois anos e foi destrutivo. Ele é um idiota, mas sempre foi bonito; e eu era apenas uma garota ingênua que ficou encantada com a atenção.

Durou até muito, se eu tenho que ser honesta. Eu era apaixonada por ele na época, e ele me traiu de todas as formas que é possível que uma pessoa trair outra. Hank se foi levando com ele todo o descuido que eu tinha em mim, e quebrando meu coração em mil pedaços pequenos que levaram um inferno de tempo para se fixarem de volta no lugar. Desde então eu sou quase uma superfície impenetrável, como titânio ou uma merda assim.

Eu não deixava as pessoas se aproximarem facilmente, e, devo admitir, dificilmente também não. Foi algo que eu vi minha mãe fazer por anos desde que as coisas ficarem difíceis e se tornar uma striper era a única opção disponível. Eles não podiam machucar se você não dava abertura, como sempre disse a minha mãe. E era exatamente isso que eu fazia, me fechava, até que Bray resolveu que eu era digna de sua atenção.

Minha mãe parecia encarar minha nova atitude como um sinal claro de um novo coração partido.

Eu acordei esta manhã mais cedo do que o normal. Minha mãe ainda estava na cama, o que era bastante comum se você, como ela, não foi dormir até as cinco da madrugada. O trabalho dela podia não ser considerado digno por muitas cabeças retrogradas, mas era o que pagava nossas contas e mantinha um teto sobre nossas cabeças, e eu não me envergonhava disso, nem mesmo sob os olhares julgadores com os quais eu cresci. Como o que a mãe de Bray me lançava a cada vez que tinha o desprazer de passar por mim.

Parecia uma boa ideia fazer o café da manhã, então foi exatamente isso que eu fiz. Toda minha satisfação orgulhosa pelos pratos cheios na minha frente desapareceu rapidamente quando mamãe entrou na nossa pequena cozinha, desperta de seu sono.

Minha mãe não era a senhora raio-de-sol pela manhã, mas, em especial hoje, sua carranca já era bastante profunda quando ela deu um passo para dentro do arco da porta, olhando estupidamente da mesa enfeitada, para a panela que eu estava terminando de lavar e então para o meu rosto.

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