Heaven (Larry Stylinson)

I

Estou sentado em minha cama com um cigarro entre os dedos, tragando-o lentamente e soltando a fumaça pela boca. Dei uma ultima tragada no cigarro e joguei a bituca dentro do cinzeiro.

Vesti minha jaqueta de couro sobre uma flanela vermelha, peguei as chaves do meu carro e dirigi até a boate. Eu odiava trabalhar nesse lugar. Cada canto dessa boate cheirava a vomito e álcool. E os banheiro nem se fale.

Eu precisava terminar de pagar o aluguel do meu apartamento e esse foi o único lugar que precisavam de alguém para trabalhar. O salário não era o melhor, mas eu conseguia me manter.

Hoje seria mais uma noite agitada. Na noite passada nós ficamos até as 6 horas da manhã servindo cervejas para aqueles velhos. A parte boa de trabalhar em uma boate é que você pode beber de graça.

- Está animado Louis? - Jimmy deu um meio sorriso enquanto terminava de amarrar o seu avental.

Jimmy era um cara legal. Ele era barman, assim como eu. Ele tinha os cabelos loiros penteados para trás, iguais ao meu, e uma barba rala que chamava a atenção de qualquer pessoa que o visse.

Retribui o meio sorriso a Jimmy enquanto o mesmo secava os copos de cerveja. A iluminação estava quase pronta. O segurança já estava em pé ao lado da entrada esperando que a boate abrisse. O letreiro vermelho da boate se acendeu e as portas foram abertas.

Eu estava terminando de vestir o meu avental preto quando as pessoas começaram chegar. Olhei no relógio em meu pulso, vendo o ponteiro maior marcar "11 horas".

- Começamos cedo hoje - comentei com Jimmy, que servia um copo de cerveja para uma garota com tatuagens coloridas no braço.

- Aproveite a festa - ele piscou o olho para mim e voltou a atender os clientes.

Em questão de minutos aquele lugar estava cheio de pessoas bêbadas. Elas riam e contavam suas histórias de como tinham roubado bancos ou de assassinatos. Todas aquelas pessoas já haviam cometidos alguns tipo de crimes, algumas mais do que as outras, outras planejavam os próximos crimes que iriam cometer.

Na primeira vez em que vim trabalhar aqui Jimmy havia me contado que esse lugar era frequentado por esse tipo de pessoas. Se você não se metesse na vida deles, eles não iriam se meter com você.

Nenhum policial se atrevia a colocar os pés aqui. O ultimo que tentou entrar aqui está a sete palmos do chão. Ele estava investigando o roubo do banco central, mas quando a quadrilha descobriu o seu disfarce ele foi morto com um tiro bem no meio da testa. Depois disso ninguém pode entrar armado aqui, esse era o trabalho do Craig, revistar todas as pessoas antes delas entrarem na boate.

- Um Martine, por favor - uma garota de cabelos loiros se aproximou do balcão e sentou na cadeira para esperar o seu pedido.

Eu fui até a prateleira de bebidas, peguei uma das garrafas de Tanqueray e despejei dentro do copo com as azeitonas. Entreguei o copo para a garota e ela me entregou o dinheiro com uma bela gorjeta. Guardei o dinheiro dentro do bolso do avental e a gorjeta no bolso da calça.

- Qual crime você acha que ela cometeu? - perguntei a Jimmy quando a garota se afastou do balcão.

Ele me olhou pensativo. Ela aparentava ter no máximo 25 anos, não parecia ser o tipo de mulher que cometia terríveis crimes.

- Assassinato? - Jimmy perguntou e eu neguei. Ela não parecia ter matado alguém.

- Assalto - eu respondi, enquanto ouvi Jimmy dizer que essa era a sua segunda alternativa - ouvi alguém dizer que ela roubou algum posto de gasolina - finalizei.

Peguei um dos copos que uma mulher bêbada havia deixado em cima do balcão e bebi o resto de sua cerveja.

- O que foi ? - Jimmy ria de mim - não se pode desperdiçar cerveja - falei.