Do mar, a onda chega, borbulhante, cheia de energia. Sua força chega a agarrar parte do chão de areia e levá-la consigo para a profundeza misteriosa. Lá, cada grão de areia se desloca em uma frequência e um sentido a partir de cada instante, dependendo dos impulsos marítimos. Alguns até na mesma direção. Porém, cada um no seu espaço. Cada grão por si só vaga pelas correntes de água sem ter como objetivo definir sua estada eterna, pelo simples fato de não ter escolha. Cada partícula destas vai se mover conforme o fluxo que destinará cada milésimo de segundo adiante. Se for parar para pensar, o sabor salgado da água também pode os influenciar. A temperatura pode aquecer ou gelar. O impulso pode ser mais forte ou, então, cessar. Depende do estado, depende do lugar. Mas em algum momento essa jornada vai pausar. Seja para um descanso ou para se fixar. E cada um se estabilizará em um lugar que se tornará próprio. Único, como qualquer outro grão em qualquer outro tempo existente foi, é ou será. Inclusive ele mesmo, segundos após sentar-se. Seja de volta na areia seca ou numa chegada inesperada no fundo desconhecido, cada grão vai fazer parte de um novo ambiente, propiciando um diferente universo. Pelo menos até que a próxima onda ou impulso os carregue novamente.