39- A Conversa

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Entrei em casa do Adam e não tinha palavras. Aquela casa era muito bonita e ninguém diria que anteriormente era de um velho. Demasiado moderna para isso.

-Uau. Não sabia que esta casa era assim por dentro!- disse eu espantada.

-E não era. Esteve o mês passado todo em obras. Assim que o dono da casa foi para o lar eu comprei a casa. Mas acho que tens andado demasiado ocupada para teres notado nas obras. Pela hora que tu chegavas a casa já os trabalhadores cá não estavam.- disse ele. Por alguma razão, foi como que um murro na barriga.- Queres alguma coisa para beber ou para comer? Tenho bolachas, sandes, bolo de chocolate, fruta e gelado. Alguma coisa?

-Agora que falas nisso já são 5 da tarde. Já comia alguma coisa. Pode ser bolo e tens sumo?- perguntei eu.

-Sim, sim tenho. Laranja ou manga?- perguntou ele abrindo o frigorífico.

-Manga por favor.

-Então manga será. Os copos estão naquele armário ali. Tira dois por favor.- pediu-me enquanto pousava o sumo na mesa da cozinha e se aproximava de um outro armário para tirar dois pratos que pousou na bancada.

-Podes-te sentar que eu vou só preparar o bolo.- disse ele apontando para a mesa.

Esta fica no meio da cozinha e eu sentei-me de costas para o Adam.

-Aqui está. Uma fatia de bolo de chocolate com frutos vermelhos e gelado de baunilha. Como tu gostas.- disse ele pousando o prato em frente a mim, com um garfo e uma colher, e sentando-se em em frente a mim, com a sua fatia de bolo simples.

-Obrigada! Não era preciso!- respondi eu maravilhada e cheia de vontade de comer.

-Claro que era. É para compensar aquele bolo que nunca te cheguei a dar e que te prometi no dia em que começámos a namorar.- e depois riu-se. Olhei para ele surpreendida. Ele lembrava-se disso...

-Adiante. Temos de falar, foi para isso que eu cá vim.- disse eu depois de olhar para ele.

-Sim. Eu sei.- respondeu ele ficando sério.

-Eu não sei bem como começar... Eu quero falar sobre o Jace, sobre como tenho agido e... Sobre nós.- disse eu olhando para o meu bolo.

-Podes começar por explicar porque acabaste comigo. Isso era um bom começo.

-É que...- estava a tentar encontrar as palavras certas para explicar mas não estava a conseguir.

-Se não gostavas mais de mim era só dizeres que eu percebia. Mais ou menos. Se foi por eu me ter tornado num Aliud, peço desculpa por isso. Se foi por alguma coisa de errado que eu fiz, não foi de propósito!- disse ele pressionado-me.

-O quê? Não. Não. Não. Não foi nada disso! Não fizeste nada de errado! Não tiveste culpa de te teres tornado num Aliud! Se tiveres de culpar alguém, culpa-me a mim!- disse eu, num tom mais alto.

-Tu?! Mas porque raio é que eu te havia de culpar a ti? Estás a ouvir o que dizes? - parecia que o lado Deminius estava a reinar naquele momento...

-Se não fosse por mim, tu não te terias tornado bom e nada disto teria acontecido! Eu deixei-te porque não conseguia suportar continuar a magoar-te e a fazer-te sofrer por mim. Ver-te naquele quarto de hospital...foi horrível! Destruiu-me por dentro.- confessei eu, com lágrimas nos olhos. Levantei-me e andei até à sala para ver se conseguia não chorar. Lá fora, chovia bastante e dentro de casa estava muito calor. Estávamos os dois alterados.

Passado algum tempo, o Adam levantou-se e chegou-se a mim, levantou-me o queixo e disse num tom mais calmo:

_Se não fosse por ti, eu não teria reatado relações com a minha prima, não teria arranjado amigos que realmente conseguem se importar com as pessoas e ainda estava na casa dos meus pais, obrigado a namorar com a Lucy. Se para ter estado contigo tive de sofrer, então sofria tudo outra vez para te ter comigo de novo. Porque sou eu quem decido se sofro ou não.

Aquelas palavras foram, de certa forma, agradáveis e o que eu precisava de ouvir. Quando dei por isso, estávamos abraçados.

-Escusavas era de me ter posto lamechas...não é bem o meu estilo.- disse ele. Eu ri-me.

-Não, não é.- e rimo-nos os dois.

-E agora?- perguntou ele, levando-me a sentar-me no sofá.

-E agora o quê?

-E agora nós. O que acontece connosco?- perguntou ele a olhar-me nos olhos, outra vez mais sério.

- Adam...- disse eu a olhar para ele- Não há nenhum nós. Não ainda.

-Mas porquê?- ele parecia confuso.

-Eu preciso de tempo. Tempo para pensar. Tempo para perceber o que se passou nos últimos tempos.

-Mas o que tens a pensar?!- perguntou ele, parecendo magoado.

-Pensa nisto tudo como um jogo de xadrez. Eu fiz uma jogada má e perdi algumas peças importantes. Agora preciso de pensar bem na próxima jogada para não perder o rei. Percebes?

-Sim. Mas espero que seja daqueles jogos rápidos...

-Vou tentar. Mas por enquanto, vamos só recomeçar.

Ele virou-se de costas para mim e fez silêncio. Estava a começar a ficar preocupada que ele tivesse ficado zangado quando ele se virou novamente.

-Muito prazer. O meu nome é Adam. Sou um Deminius Aliud e não vais encontrar mais ninguém como eu por estas bandas. Com que nome me devo dirigir a esta beldade?- perguntou ele, a imitar um galanteador. O seu lado Deminius, neste caso.

-Muito prazer o meu! Sou Merlia Mare Angeli e estou encantada por conhecê-lo. Porém, já é tarde e tenho de ir andando.

-Claro. Deixa-me acompanhar-te à porta.

Estávamos na porta a despedirmo-nos quando ele me tentou beijar mas eu virei a cara e ele beijou a minha bochecha. Estava a andar quando dei por mim a chamar o nome dele e a correr na sua direção. Beijei-o. Como senti falta daqueles lábios nos meus, daquele calor, das suas mãos nas minhas costas... Depois olhei-o nos olhos e sorri como uma tola. O seu sorriso era lindo e enchia-me de felicidade.

-Amigos.- disse eu.

-Amigos.- repetiu ele. Fui até casa e o meu irmão estava à porta, a olhar para o Adam. Cumprimentou-o e depois olhou para mim.

-Aquilo não parecia coisa de amigos!- disse ele a rir.

Apenas sorri e subi as escadas até ao meu quarto.

Romance Proibido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora