Alexander

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– MÃÃÃÃE!?! Você viu onde deixei meus fones de ouvido?– Alexander gritou impaciente, enquanto desarrumava toda a gaveta de meias. – MÃE?! Está me ouvindo?

– Ei, você. Pode parar de atrapalhar o meu sono em pleno sábado de manhã? Ao contrário de certas pessoas, tenho de estar bonita.

– Lottie, cadê a mamãe?– Tudo que Alexander menos precisava naquela manhã era uma irmã lhe enchendo.

– Dormindo, como as pessoas geralmente fazem na manhã de Natal. E você deveria fazer o mesmo.

– Primeiramente, não é Natal. É véspera. E segundo, pode me emprestar os seus fones de ouvido?– Lottie continuou a encará– lo com seus intensos olhos azuis caídos pelo sono. – Perdi os meus. – Alexander completou, sentindo que sua irmã precisava de uma explicação.

– Quer dizer que os perdeu pela terceira vez essa semana? E, para comemorar seu feito incrível, resolveu acordar toda a vizinhança para anunciar?

– Tanto faz. Vai me emprestar ou não?

– Lá em baixo na mesa de jantar. – Charlotte se virou e caminhou até a porta e, já no batente, voltou a encarar o irmão. – A propósito, feliz aniversário, ursinho. – E se virou novamente.

– Não me chame assim! – Alexander gritou á tempo de ouvir a porta do quarto de Charlotte bater com força. Nada como o bom humor adolescente logo de manhã, pensou.

Alexander foi até o banheiro de seu quarto e avaliou sua imagem no espelho. Não daria tempo de dar um jeito na confusão que chamava de cabelo, mas tudo bem. Ele preferia assim. O deixava com um ar de "sou bom de mais para me preocupar com isso", o que combinava com sua roupa propositalmente rasgada e as tatuagens espalhadas pelo braço. Alex sorriu ao pensar em uma de suas muitas tatuagens. Essa em questão ficava no braço direito e trazia uma simples expressão. Simples assim, mas talvez a sua preferida.

Instintivamente, ao pensar na tatuagem, Alexander olhou para a janela de seu quarto e, um pouco mais além, a janela em frente. As mesmas janelas nas quais pulara várias vezes para ir brincar. As mesmas janelas nas quais um par de marejados olhos verdes lhe dissera que iria partir.

Os pensamentos de Alexander foram atingidos por uma boa dose de melancolia. Mas que logo passou. Afinal era seu aniversário e teria um longo dia pela frente. A começar pelo futebol que, como de costume, estava atrasado.

Desceu correndo pelas escadas e seguiu em direção à garagem - não antes de passar na sala de jantar e pegar os benditos fones de ouvido, dos quais era inseparável.

– Alex! Feliz aniversário!

Alexander mal tivera tempo de sair do carro e já estava envolvido por braços finos, mas que o apertavam com força suficiente para quebrar sua costela.

– Obrigado, Isabelle. Agora pode me soltar? Sei que sou extremamente atraente, mas você está me matando.

– Sempre tão modesto! – Isabelle colocou as mãos em sua cintura fina, em um tom de divertimento e sarcasmo.

– Ah, faz parte do meu charme.

Isabelle balançou a cabeça vagarosamente para os lados, enquanto esboçava um pequeno sorriso.

– Chega de palhaçada, Edwards. – Isabelle gostava de usar o sobrenome de Alex quando estava dando bronca. – Agora vem, você está atrasado. Para variar. – Isabelle disse a ultima parte com, na opinião de Alexander, ironia exagerada. Não se atrasava tanto assim. Só quando acontecia algo importante, como os fones terem sumido.

De repente cincoOnde histórias criam vida. Descubra agora