Isabelle
A cabeça de Isabelle recebia uma enxurrada de "e se's" toda vez que fechava os olhos. Era inevitável se sentir um lixo. Rendida a um suborno tão ridículo quanto esse, era de se esperar que não se sentisse a melhor pessoa do mundo.
Isabelle não sabia o que fazer. Odiava aquele carro. Odiava as lembranças que ele trazia. Odiava ter que mentir. Odiava seu pai. E si odiava.
Como compactuara pra isso? Que benefícios, além de status, o carro poderia lhe trazer? Se esquecera de que família não tem preço? O que suas irmãs diriam? O que sua mãe diria?
Se fingir de cega diante de tal situação não era, nem de longe, o que sua mãe tão carinhosamente lhe ensinou, mas algo no fundinho da mente de Isabelle a fazia acreditar que estava agindo bem.
Funcionando como uma maquiagem para a moral, estava a desculpa de manter tudo como estava. A felicidade daqueles que amava é mais importante. Não podia ser ele a causar a desestabilidade familiar. Não se perdoaria.
Depois de um almoço de Natal, usando sua agora costumeira máscara de felicidade, Isabelle saiu com o mais recente presente do pai. Ignorando suas censuras internas, Isabelle seguiu sem rumo pelas nebulosas e geladas ruas de Londres.
Talvez pelo horário, ou talvez pela data, o trânsito estava vazio, aos padrões de uma cidade como Londres. Isabelle aproveitou para checar suas mensagens de whatsapp quando parou em um sinal. Depois de silenciar alguns grupos, Isabelle percebeu uma mensagem de não muito tempo atrás enviada por Yoongi.
Yoongi: O que está fazendo?
Isabelle: Nada de importante.
Yoongi: Estou entediado. :(
Yoongi: Eu estou sozinho em casa, Mark está de babá e Alexander não responde nenhuma mensagem. Quer dar uma passada aqui?
Isabelle: Vai ter comida?
Yoongi: Gorda.
Isabelle: Nunca chame uma garota de gorda.
Yoongi: Mas você sabe que não é gorda.
Yoongi: E sim, eu tenho comida.
Isabelle: Chego em cinco minutos, estou perto de sua casa.
Embora estivesse perto, a casa de Jung ficava na direção oposta à que Isabelle estava indo. Por isso precisou virar o carro na garagem de alguém e acabou derrubando latas de lixo. E isso, obvio, contribuiu para o seu ótimo humor.
Após seis minutos - tivera um contratempo - Isabelle chegou ao seu destino. Não tocou a campainha e nem bateu à porta. Ela simplesmente girou a maçaneta e adentrou a tão conhecida casa de Yoongi.
– Cheguei!
– Aqui em cima! – A voz do amigo ecoou pela casa se fez presente e distante.
Isabelle se pôs a subir sem pressa em direção à voz.
Jung estava sentado na cama recostado à cabeceira e com uma manete de Xbox em mãos. Ele tinha a mesma mania de Isabelle de "tombar" a manete nas mãos quando a Ferrari da tela ia fazer alguma curva.
– E aí? – Isabelle falou, meio que desanimada, tentando ser mais alto do que os sons do jogo.
– Estou bem, mas você pelo jeito não. Vem, pega uma.– Jung disse, cedendo espaço para Isabelle e apontando, com a sua, a manete jogada aos seus pés; Na cama.
Isabelle pegou o outro controle e se sentou ao lado do amigo, que logo reiniciou o jogo.
– Então, por que está com essa cara?
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De repente cinco
Teen FictionO tempo passa. As pessoas crescem. As pessoas mudam. Nicholas não era mais o mesmo garotinho fofo de quem Alexander se lembrava e queria cuidar. Descobrir o que mudara em seu melhor amigo passa a ser um tipo de missão para Alex que, por sua vez, est...