Parte 25

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Passaram-sé dois meses após aquele dia de horror. Nele houve brigas, choros e decepções.

Agora estou vivendo outra fase; eu digo que nós vivemos por fases, as vezes boas, as vezes ruins e outras terríveis. Essa última é a que estou vivendo.

Estou morando agora com meus avós, só que eles viajaram e me deixaram sozinha, em partes, porque no fundo da casa mora a irmã de minha vó e seu esposo, deles não tenho o que falar.  Simplesmente digo que foi províncias divinas no meio da angústia.

Na casa, eles deixaram 1k de arroz, 1k de farinha e 1k de açúcar, o gás com três dias acabou e eu tive que usar o fogão a lenha, não tinha pão ou bolachas, nada, nem mesmo um café.

Os tios que me obrigaram a morar com meus avós, nunca me perguntam se eu estava precisando de alguma coisa, meu pai biológico nem comigo conversava e só sobrou o Damon que já estava namorando com uma moça um ano mais velha que eu.

Por isso chamo meus tios/avós  de províncias, porque mesmo com o pouco que tinha eles dividiam comigo.

Um pão era divido em três, o pó de café era reutilizado no outro dia e no outro também.

Porém o que eu mais precisava naqueles dias eles me deram, CARINHO.

Foram meses de desânimos e frustrações. Não tinha ânimo para nada e nem sono, geralmente dormia as 6:00 da manhã e acordava as 8:00.

Ninguém sabia, mas tinha muito medo de dormir, tinha sonhos totalmente diferente da verdade.

Quando não sonha com minha mãe tentando sair do caixão e mim pedindo socorro, sonhava que ela não me conhecia e outras vezes ela estava me xingando.

Era terrível, mesmo com minhas crenças, queria sonhar com ela, abraca-lá de novo, isso me traria conforto naqueles dias, porém eu acordava pior e a dor que sentia, era tão forte que se tornou física.

Um dia, não lembro quando sei que foi loucura, desejei de todo coração sentir a dor da morte,  eu estava despertada e fragilizada não entendia porque minha mãe morreu olhando para cima eu sei que ela estava vendo alguma coisa e sentindo também; e eu  queria sentir o mesmo.

Não vou saber colocar em palavras o que eu vi e sentir só aconselho a não desejar aquilo que você não vai ter coragem e nem capacidade humana para suportar. Só digo que depois daquele dia nunca mais  seria a mesma, prometi a Deus e a mim mesma que nunca contaria a ninguém e nem desejaria ver e sentir aquilo de novo.

Uns sete meses depois à morte da minha mãe,  estava na casa do fundo da igreja conversando com o Damon, sobre meus irmãos e os destinos deles.

- Sabe não entendo pai porque o senhor fez isso!

- Olha Emy foi necessário e eu não tinha condições de criar todos vocês.

- Mas o senhor sabe que eu estou aqui para ajudar, eu continuo estudando a noite e durante o dia fico com eles.

- Você não pode ficar sozinha com eles.

- Hora porque não? Mãe dava contar de todos nós sozinha eu também consigo.

- Mas você não é sua mãe! - Damon falou todo arrogante.

Ficou um silêncio e ele começou a mim olhar de um jeito diferente e muito estranho.

- É, eu tenho uma solução para isso, se isso for realmente o que você quer, ter seus irmãos juntos. - Meu estômago deu uma pontada temerosa, mas só de ouvir que teria meus irmãos juntos eu a ignorei.

- É mesmo pai?! - Falei empolgada.

- É? Só que pra isso você vai ter que parar de mim chamar de pai. - Olha a pontada no estômago lá de novo!? 

- Como? Não estou entendendo o senhor. - Toda aquela empolgação sumiu e eu estava me sentindo acuada agora.

- É isso mesmo que você está pensando, agente se casa e seus parente para de se intrometer em nossos assuntos. - Comecei a tremer, como ele podia pensar naquilo? Por minha mãe e por mim ele tinha que respeitar.

- Isso não. - Falei olhando para o chão, não tinha coragem de olhar para ele não sei eu só sentia muita vergonha.

- Não tem problema, você não é nada minha. Olha tenho uma sobrinha que casou com o padrasto quando minha irmã morreu e hoje eles tem dois filhos. - Aquelas palavras me atingiram como golpes de lanças em meu estômago, estava enojada. - Você está com medo de seus parentes?

- Não é porque eu não vejo o senhor dessa maneira eu te vejo como um pai. - Disse ríspida.

- Não Emy! Quê isso eu também te vejo como minha filha.

- Então porque o senhor pensou nisso???

- Eu não pensei em nada não filha, esqueci e não contada essa conversa para ninguém não viu, as pessoas não iriam entender e iria confundir as coisas e mudar o sentindo da nossa conversa. Vamos para a igreja? - Nessa hora ele mudou a postura e começou a arrumar o paletó.

- Vamos!

- Mas primeiro me dê um abraço filha! - Disse todo sorridente, fiquei temerosa em abraca-lo, mas fui surpreendida com um puxão. - Você está com medo de mim é? Fica não eu sempre vou cuidar de você eu sou seu pai, minha filha queria. 

É impressão minha ou estou sendo manipulada?

Entendo agora minha família eles estavam certos, com toda certeza Damon era capaz de abusar sexualmente de mim, ele só estava esperando o momento certo para isso. Depois daquele dia nunca mais tive coragem de ficar com ele sozinha.

Cheguei em casa naquela noite me joguei na cama e fiz o de sempre chorei por toda a madrugada, dormi de cansada e acordei com meu tio saindo para trabalhar.


Um eu antes de mim.[Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora